Apresentação 6. Capítulo 9: Domínios Linguísticos e Consciência Humana e Capítulo 10: A Árvore do Conhecimento


Pormariana.mezzaroba- Postado em 08 maio 2012

Localização

Florianópolis, Santa Catarina
Brasil

 

Apresentação 6. Capítulo 9: Domínios Linguísticos e Consciência Humana e Capítulo 10: A Árvore do Conhecimento

Toda vez que um observador descreve as condutas de interações entre organismos, como se o significado que atribui a elas determinasse o seu curso, faz uma descrição em termos semânticos.

Designamos como Iinguística uma conduta comunicativa ontogênica, ou seja, que se dá num acoplamento estrutural ontogênico entre organismos, e que um observador pode descrever em termos semânticos.

Designamos como domínio linguístico de um organismo o domínio de todas as suas condutas linguísticas. Os domínios linguísticos são, em geral, variáveis e mudam ao longo das ontogenias dos organismos que os geram.

Quando descrevemos as palavras como designadoras de objetos ou situações no mundo, fazemos, como observadores, uma descrição de um acoplamento estrutural que não reflete a operação do sistema nervoso, posto que este não opera com representações do mundo.

Por contraste, as condutas comunicativas instintivas, cuja estabilidade depende da estabilidade genética da espécie, e não da estabilidade cultural, não constituem um domínio linguístico. As condutas linguísticas são expressão de um acoplamento estrutural ontogênico.

A chamada "linguagem" das abelhas, por exemplo, não é uma linguagem, e sim um caso misto de conduta instintiva e linguística, já que se trata de uma coordenação comportamental fundamentalmente filogenética que apresenta, todavia, algumas variações grupais ou "dialetos" de determinação ontogênica.

História natural da linguagem humana

Durante muitos anos, existiu um dogma em nossa cultura: a linguagem seria um privilégio absoluta e exclusivamente humano.

Janelas experimentais para o mental

As características únicas da vida social humana e seu intenso acoplamento linguístico foram capazes de gerar um fenômeno novo, ao mesmo tempo tão próximo e tão distante de nossa própria experiência: a mente e a consciência.

É a riqueza (diversidade) das interações recorrentes que individualiza o outro na coordenação linguística, tomando possível a linguagem e determinando seu caráter e amplitude.

Capítulo 10: A Árvore do Conhecimento

O livro nos coloca numa situação inteiramente circular, que produz uma certa vertigem parecida com o efeito da gravura de Escher. A sensação é de não termos um ponto de referência fixo e absoluto, onde ancorar nossas descriçõese assim afirmar e defender sua validez. 

Mas, se não afirmamos a objetividade do mundo, parece que estamos propondo que tudo é pura relatividade, que tudo é possível, que negamos toda legalidade. Sendo assim, ficamos diante do problema de entender como nossa experiência está acoplada a um mundo que vivenciamos como contendo regularidades que resultam de nossa história biossocial.

A bagagem de regularidades próprias ao acoplamento de um grupo social é sua tradição biológica e cultural. A tradição é uma maneira de ver e atuar, mas também um modo de ocultar. Toda tradição se baseia no que uma história estrutural acumulou como óbvio, como regular, como estável, e a reflexão que permite ver o óbvio opera somente com aquilo que perturba essa regularidade.

Tudo o que temos em comum como seres humanos é uma tradição biológica que começou com a origem da vida e que se estende até hoje, nas variadas histórias dos seres humanos deste planeta. É devido a nossa herança biológica comum que temos os fundamentos de um mundo comum e não estranhamos que, para todos os seres humanos, o céu seja azul e o sol raie a cada manhã.

O conhecimento do conhecimento compromete

Diz o texto bíblico que, quando Adão e Eva comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, foram transformados em seres diferentes e nunca mais voltaram à antiga inocência. Antes, seu conhecimento do mundo se expressava em sua nudez. Viviam nessa nudez na inocência do mero saber. Depois, quando souberam que estavam nus, souberam que sabiam.

O conhecimento do conhecimento compromete. Compromete-nos a tomar uma atitude de permanente vigilância contra a tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade, como se o mundo que cada um de nós vê fosse o mundo, e não um mundo, que produzimos com outros. Compromete-nos porque, ao saber que sabemos, não podemos negar o que sabemos.

Não é o conhecimento, mas o conhecimento do conhecimento o que nos compromete. Não é saber que a bomba mata, e sim o que queremos fazer com a bomba que determina se a usaremos ou não. Isso geralmente se ignora ou se finge desconhecer para evitar a responsabilidade que nos cabe em todos os nossos atos cotidianos, já que todos os nossos atos, sem exceção, contribuem para formar o mundo em que existimos e que legitimamos precisamente por meio desses atos, num processo que configura nosso vir-a-ser.

Este é o fundamento biológico do fenômeno social: sem o amor, sem a aceitação do outro ao nosso lado, não há socialização, e sem socialização não há humanidade.

Precisamos nos libertar da cegueira fundamental: a de não nos darmos conta de que só temos o mundo que criamos com o outro, e que só o amor nos permite criar esse mundo em comum.  

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