Comentários - A visão sistêmica da vida - Capra, p 169-298


PoreGov- Postado em 29 março 2015

Publicar aqui os comentários da disciplina 2015/1

Breve anotação da 3° parte do livro A Visão Sistêmica da Vida (7° ao 10° capítulos)

Caroline Vieira Ruschel

No capítulo 7 os autores começam trabalhando o conceito de vida. Segunda Maturana e Varela, a principal característica da vida é a automanutenção obtida graças à rede interna de um sistema químico que continuamente reproduz a si mesmo dentro de uma fronteira de fabricação própria. Maturana e Varela associam a pergunta “o que é vida?”, com a pergunta “o que é cognição?”. P. 170.

“a vida não está localizada. A vida é uma propriedade global, que surge das interações coletivas das espécies moleculares dentro da célula”. P. 173

“A vida é propriedade emergente – uma propriedade que não está presente nas partes e se origina apenas quando as peças estão mantadas juntas. A emergência, segundo a interpretação mais clássica, significa, de fato, o surgimento de propriedades novas em um conjunto, novas no sentido de que não estão presentes nas partes constituintes”. P. 173 Na página 174 os autores afirmam que “por um lado, estamos afirmando que a vida biológica é apenas química: por outro lado, também afirmamos que o surgimento da vida como uma propriedade não é fato que possa ser reduzido à propriedades dos componentes químicos isolados.”

Célula – sistema operacional fechado. Fechamento operacional – dá a noção mais ampla de autonomia bi9ológica. Isso mostra uma outra contradição da coisa viva: ela não precisa de qualquer informação vinda de fora para ser o que ela é, mas depende estritamente de materiais externos para sobreviver. P. 175

A célula – o ser vivo – é um sistema termodinamicamente aberto: o ser vivo precisa de nutrientes e de energia, e essa aquisição são partes de sua própria vida. O organismo interage com o ambiente de uma maneira cognitiva, por meio da qual o organismo cria seu próprio ambiente e o ambiente permite a atualização do organismo. 175

“O produto de um sistema autopoietico é sua própria organização. P. 175

O que é verdadeiro para a vida celular pode ser considerado verdadeiro para qualquer forma de vida, tanto pluri, quanto multicelular. P. 175. “Podemos dizer que a vida, mais precisamente, pode ser considerada como um sistema de sistemas autopoiéticos interligados.” P. 175

Os autores passam a trabalhar a ideia da interação da vida com o meio ambiente e trazem conceitos de acoplamento estrutural (176), determinismo estrutural, até o conceito de autopoiese social – embora o comportamento do domínio físico seja governado pelas leis da natureza, o comportamento no domínio social é governado por regras geradas pelo próprio sistema social. P. 177.

Critérios de autopoiese, critérios de vida – envelhecimento e evolução. 178

Depois os autores trabalham o conceito de morte. 180

Autopoiese e cognição – “a totalidade dessa situação entre autopoiese e cognição está na figura 7.5 do livro – “vemos a vida representada não somente em função da unidade autopoiética, mas também de uma trilogia, onde a estrutura orgânica viva (unidade autopoiética) interage cognitivamente com o ambiente, sendo que o seu processo de cognição é um produto da evolução. Como dissemos anteriormente, cada organismo específico tem seu próprio sensorium cognitivo. “Quando se substitui a palavra comum ‘mente’ por cognição, chega-se a noção de mente incorporada”. 184

No capítulo 8, os autores trazem uma interessante origem da vida, trazendo o conceito de auto-organização e alguns exemplos de auto-organização molecular. (186-087)

Levante a pergunta se as células poderiam ser reconstituídas, mas conclui que é seguro afirmar que a reconstituição de uma célula a partir de sues componentes moleculares isolados não é possível. Não é um processo sob controle termodinâmico; além disso, a construção de uma célula na natureza tem de seguir um caminho sequencial onde as partes são sintetizadas e reunidas uma depois da outra em uma ordem precisa, tudo sob controle cinético. P. 197

Ilya Prigogine compreende a ligação crucial existente entre os sistemas em não equilíbrio e a não linearidade (p. 202-203)

Na mesma época (1960), a hipótese Gaia, de James Lovelock também está sendo estudada p. 207-210. Na página 211 e seguintes, é trazido um ensaio sobre o “Mundo das Margaridas”, para demonstrar que a autorregulação tornou-se cada vez mais estável à medida que a complexidade do modelo aumentava.

Na sequência os autores abordam padrões matemáticos no mundo vivo – p. 214 e seguintes.

Espirais da natureza – p. 224.

A sinergia entre auto-organização e emergência modela e determina as estruturas e funções dos complexos moleculares da vida, e, também tem importância-chave para a vida social. (...) nova estruturas, novas tecnologias e novas formas de organização podem surgir de maneira totalmente inesperada, em situação de instabilidade, caos e crises. P. 228.

“A visão sistêmica da vida é essencial para a compreensão desses fenômenos. Em vez de uma máquina, a natureza em seu todo passa a se parecer mais com a natureza humana – imprevisível, sensível ao mundo ao seu redor e influenciada por pequenas flutuações. Em conformidade com isso, a maneira apropriada de se aproximar da natureza para aprender sobre  sua complexidade e a sua beleza não é por meio da dominação e do controle, mas por meio do respeito, da cooperação e do diálogo. De fato Ilya Prigogine e Isabelle Stengers  deram ao seu livro Ordem vinda do caos, o subtítulo “ o novo diálogo entre o homem e a natureza”. P. 228

No mundo determinista de Newton não há história e não há criatividade. No mundo vivo da auto-organização e das estruturas emergentes, a história desempenhaum papel importante, o futuro é incerto e essas incerteza está no âmago da criatividade”. Desse modo Prigogine refletiu: “hoje o mundo que vemos fora de nós e o mundo que vemos dentro de nós estão convergindo. Essa convergência de doismundos é talvez um dos eventos culturais mais importantes da nossa era.” P. 228

Por fim o autor traz a evolução biológica de Darwin. P. 230

Traz um ensaio sobre epigenética – p. 249.

Termina o capítulo demonstrando que a sempre uma interação entre contingência e determinismo. “Mudanças evolutivas são disparadas pela aleatoriedade e pela contingência, mas a integração das estruturas genéticas emergentes no sue ambiente está longe de ser aleatória: é  um processo complexo e altamente ordenado. P. 270.

O ultimo capítulo dessa parte do livro chama-se A procura da origem da vida na terra. Não se tem uma resposta sobre como a vida começou em nosso planeta. No entanto, há um amplo e rico espectro de ideias e cenários propostos – desde a meticulosa reconstrução, passo a passo, das reações químicas pré-bióticas até à intrigante visão do princípio antrópico.

Uma nova concepção de vida

Dando continuidade ao livro os autores introduzem a busca de uma nova concepção da vida com a celebre questão: O que é a vida? Fazendo com isso uma retórica voltada à introdução da visão sistêmica para o conceito de vida e de como ela foi possível de ser gerada na Terra.

O que é a vida?

A etapa inicial deste questionamento passa previamente pela definição do que é a vida. Sendo esta uma definição buscada durante a existência humana. Boa parte da resposta é advinda do conceito de autopoiese, termo cunhado por Maturana e Varela. De acordo com os autores uma grande característica da definição de vida passa pela automanutenção.

A visão sistêmica aplicada a vida significa manter um olhar para um determinado organismo em sua totalidade, passando por suas interações mútuas. No livro é apresentado o modelo complexo para uma bactéria, exemplificando assim a complexidade do assunto mesmo sem a adição de demais conteúdos teóricos.

Para os autores os principais fenômenos  biológicos que podem definir o que é a vida são: automanutenção, não localização, propriedade emergentes e interação com o ambiente.

A automanutenção é a característica que permite a célula manter a sua própria existência. A não localização é a impossibilidade de determinação do local onde a vida possa ser localizada. A propriedade emergente determina que algo que não está nas partes e que surge com a junção de dois ou mais componentes. Interação com o ambiente é a necessidade que um organismo necessita de algo externo para sobreviver, ou seja, é um sistema termodinamicamente aberto.

Autopoiese pode ser definida com uma organização que pode ser capaz de se sustentar em virtude de reações que se regeneram continuamente. O conceito pode ser expandido para sistemas gerando a ideia de sistemas autopoéticos, gerando com isso a classificação de sistemas autopoiéticos de primeira ordem (para seres pluricelulares) e de segunda ordem (para multicelulares). Tais sistemas podem estar contidos dentro de sistemas mais abrangentes, gerando assim a noção de que a vida é um sistema de sistemas autopoiéticos interligados.

Para a caracterização da interação do sistema com o meio devem ser consideradas as noções de acoplamento estrutural, cognição e determinismo estrutural, a trilogia da vida. O acoplamento determina como o ser se relaciona com o ambiente. O determinismo estabelece como o ser é determinado pela sua própria estrutura. A cognição é o significado da vida em função da estrutura interna, muito ligado ao princípio da autopoise.

A autopoise social é uma expansão do conceito biológico para o funcionamento de redes sociais complexas, aproveitando algumas ideais aplicadas a partir de uma perspectiva unificadora.

Paradoxalmente surge  pergunta semelhante, porém com o outro lada da linha da vida, questionando o que seria a morte. Para os autores este conceito surge quando a as propriedades emergentes passam a ser destruídas, começando assim a decadência da vida.

Ordem e complexidade no mundo vivo

A auto-organização é um conceito extremamente relevante para a determinação da origem da vida, distando assim do conceito de caos. Para a formação de células minimamente funcionais deve ser estudado como elementos distantes puderam se agregar e formar outros mais complexos e com funcionalidades novas.

Tais funcionalidades geradas pela união de compostos recebe o nome de emergência, conceito que se faz necessário para tentar determinar o que é vida e como ela se constitui no passado.

Com a evolução das células para organismos, assim em uma constante evolução e adicionando complexidade se chega a seres e sistemas complexos. Os sistemas evoluem e se autoorganizam, chegando por fim ao conceito de Gaia, a Terra auto-organizadora, um exemplo desta evolução foi emulada em computador no célebre experimento denominado Mundo das margaridas.

Com o incremento da complexidade puderam ser percebidos padrões matemáticos, tais como quiralidade e assimetria, surgindo assim o ramo da biomatemática.

Darwin e a evolução biológica

Charles Darwin foi um divisor de águas para a ciência, rompendo a visão de criacionismo vigente até o momento de publicação do livro a Origem das Espécies. O mote do livro aponta para um ancestral comum de todas as espécies, tal como um coral, e não uma árvore como usualmente é apresentado o relacionamento entre as espécies.

Seu trabalho foi precedido por Lamarck e ainda teve concorrência com Alfred Wallace. A teoria de Darwin passou a ter maior aderência com as experiências genéticas realizadas por Gregor Mendel.

Na atualidade o evolucionismo é uma teoria vigente, principalmente com a descoberta do código genético, do DNA e do RNA. O DNA é compostos por pares CG (Citosina-Guanina) e AT (Adenina-Timina) conectando as duas fitas, estas compostas por açúcares e fosfatos dispostos em uma longa sequência. A priori os cientistas pensavam que para cada gene haveria uma característica física associada. Porém com a evolução do projeto Genoma a complexidade deste composto se mostrou ainda maior. Foi tentado recentemente a aplicação de genética em uma série de tentativas de se alterar o sequenciamento do DNA. A epigenética é o estudo da mudança hereditárias do fenótipo, sendo este diferente do genótipo, composto pela constituição genética. O fenótipo apresenta as características físicas apresentadas pelo indivíduo.

A classificação moderna das espécies é composta por três domínios: bactéria, archae e eucariontes (grande parte dos animais), gerando com isso avenidas de evolução. Hoje é tentada a determinação do LUCA (último ancestral comum universal) para determinar onde começou a vida no planeta.

A procura pela origem da vida na Terra

Alexander Oparin foi um dos primeiros a tentar gerar componentes básicos para a formação de vida dentro de um ambiente controlado, tomando como elementos básicos materiais não vivos. Um dos seguidores desta vertente foi Stanley Miller, que conseguiu gerar aminoácidos com base em hidrogênio, amônia, metano e vapor de água, itens previstos nos primórdios da Terra, sugeridos por Oparin.

A biologia sintética surge como um desdobramento da genética, tentando dentro de laboratórios recriar compostos que possam um dia gerar, quem sabe, uma nova forma de vida. Aplicações mais modestas prevem a criação destes compostos como forma de repor deficiências.

Um dos objetivos da biologia sintética é a construção de células mínimas, uma das buscas da ciência moderna, tentada por meio de uma abordagem de baixo-para-cima. Para tanto foram criados em laboratório membranas compostas de lipídios. Na sequência estão tentando colocar outras partes dentro deste invólucro, porém sem grande sucessos.

A origem do metabolismo celular tem algumas de suas hipóteses apresentadas, apresentando a improvável chance matemática de que os 90 compostos macromoleculares pudessem ter sido isolados dentro de uma vesícula, plotados no gráfico com distribuição de Poison. Porém para o composto ferritina o tipo de alocação tudo-ou-nada apresenta um resultado espantoso.

Por fim é destacada a enormidade de combinações de proteínas nunca nascidas, como um exemplo de hipóteses não apresentadas na natureza, mas que seriam prováveis de serem geradas e que por algum motivo alheio não foram no meio de um número gigantesco de probabildiade.

Link para a apresentação: http://prezi.com/uohvhtxjjwvu/?utm_campaign=share&utm_medium=copy

Robson Junqueira da Rosa

Capitulo 3, Visão Sistêmica da Vida/Capra 2014.

Tema: O que é vida

No capítulo 3 do livro, (Capra, 2014) inicia com uma abordagem sobre a impossibilidade de se apresentar uma definição científica sobre a vida, ou seja, cientificamente, o que é vida?.

Essa dificuldade advem do fato que o corpo de cientista que lidam com essa questão, segundo ele, é muito heterogêneo, formados por biólogos, químicos, cientísitas de  computadores, filósofos, teólogos, astrobiofísicos..etc

Por não ser razoável essa pergunta, paregunta-se então: Quais são as características essenciais de um sitema vivo?

Para responder a esa pergunta, Capra lança mão da teoria da autopoiese, como foi desenvolvida por Maturana e Varella.Biólogos da famosa escola de Santiago.

De acordo com Marutana e varela, a principal cara cter´sitica da vida é a automanutenção obtida, graças a rede interna de um sitema químico que continuamente reproduz a si mesmo dentro de uma fronteira de fabricação própria.Neste sentido, tão importante quanto o saber o que  é vida, é saber o que é cognição( O processo de conhecer).Para eles, é inseparável de autopoiese.

A visão sitemica da vida.

Poiesis é um termo grego que significa produção. Autopoiese quer dizer autoprodução. A palavra surgiu pela primeira vez na literatura internacional em 1974, num artigo publicado por Varela, Maturana e Uribe, para definir os seres vivos como sistemas que produzem continuamente a si mesmos. Esses sistemas são autopoiéticos por definição, porque recompõem continuamente os seus componentes desgastados. Pode-se concluir, portanto, que um sistema autopoiético é ao mesmo tempo produtor e produto. Para Maturana, o termo "autopoiese" traduz o que ele chamou de "centro da dinâmica constitutiva dos seres vivos". Para exercê-la de modo autônomo, eles precisam recorrer a recursos do meio ambiente. Em outros termos, são ao mesmo tempo autônomos e dependentes. Trata-se, pois, de um paradoxo.

Maturana e Varela utilizaram uma metáfora didática para falar dos sistemas autopoiéticos que vale a pena reproduzir aqui. Para eles, trata-se de máquinas que produzem a si próprias. Nenhuma outra espécie de máquina é capaz de fazer isso: todas elas produzem sempre algo diferente de si mesmas. Sendo os sistemas autopoiéticos a um só tempo produtores e produtos, pode-se também dizer que eles são circulares, ou seja, funcionam em termos de circularidade produtiva. Para Maturana, enquanto não entendermos o caráter sistêmico da célula, não conseguiremos compreender adequadamente os organismos.

O fato de os sistemas vivos estarem submetidos ao determinismo estrutural não significa que eles sejam previsíveis. Em outras palavras, eles são determinados, mas isso não quer dizer que sejam predeterminados. Com efeito, se sua estrutura muda constantemente e em congruência com as modificações aleatórias do meio, não é possível falar em predeterminação e sim em circularidade. Para evitar dúvidas sobre esse ponto, basta ter sempre em mente este detalhe: aquilo que acontece em um sistema num dado momento depende de sua estrutura nesse momento. O mundo em que vivemos é o que construímos a partir de nossas percepções, e é nossa estrutura que permite essas percepções. Por conseguinte, nosso mundo é a nossa visão de mundo. Se a realidade que percebemos depende da nossa estrutura – que é individual –, existem tantas realidades quantas pessoas percebedoras.( in Mariotti, 2012)

Ranieri Aguiar

Ranieri Roberth Silva de Aguiar

Para responder a pergunta “o que é a vida?”, Capra parte do reconhecimento da impossibilidade de uma definição científica universalmente aceita da vida. Todavia não se prende a essa dificuldade e nem se dispõe a formular um conceito que seja aceito pelo corpo científico, mas reformula a pergunta em termos mais gerais: “quais são as características essenciais de um sistema vivo?”.

Na busca por essa resposta, parte dos conhecimentos produzidos pela Escola de Santiago (Maturana e Varela), especialmente pela “autopoiese”, ou seja, a capacidade de um ser “fazer a si mesmo”.

Mas a proposta de Capra não é uma análise reducionista da vida, muito pelo contrário, seu objetivo é apresentar uma “visão sistêmica” da vida, observando os organismos vivos na totalidade de suas interações mútuas, por meio de uma abordagem fenomenológica, a partir de quatro observações:

1. automanutenção: manutenção da individualidade apesar da miríade de transformações químicas experimentadas;

2. não localização: a vida não está localizada em parte alguma, a vida é uma propriedade global, que surge das interações coletivas das espécies moleculares dentro da célula;

3. propriedades emergentes: a vida é uma propriedade emergente, no sentido que não está presente nas partes e não se origina apenas quando as peças estão reunidas. A emergência significa o aparecimento de propriedades novas, no sentido de que tais propriedades não estavam presentes nas partes constituintes;

4. interação com o ambiente: a célula não necessita de nenhuma informação vinda de seu ambiente para ser ela mesma, mas necessita de materiais externos para sobreviver. Espistemologicamente se afirma que todo organismo vivo é um sistema operacionalmente fechado, mas termodinamicamente aberto.

Sendo uma unidade autopoiética a mais elementar forma de organização de um organismo vivo, pode-se afirmar que a vida pode ser considerada como um sistema de sistemas autopoieticos interligados.

Considerando o organismo vivo em relação em seu ambiente, faz-se necessário detalhar de que forma ocorre essa interação:

a) acoplamento estrutural: um sistema vivo se relaciona estruturalmente com seu ambiente, por meio de interações recorrentes, cada qual desencadeia mudanças estruturais no sistema;

b) determinismo estrutural: o comportamento de um organismo é determinado, mas não por forças externas, mas pela própria estrutura do organismo, formada por uma sucessão de mudanças estruturais autônomas. Consequentemente, o organismo é ao mesmo tempo determinado e livre;

c) autopoiese social: embora o comportamento no domínio físico seja governado por “leis da natureza” e o comportamento no domínio social seja governado por regras geradas pelo próprio sistema social, verifica-se que as redes sociais exibem os mesmos princípios gerais que as redes biológicas;

Após estabelecer um delineamento para a pergunta “o que é vida?”, Capra se propõe a desenvolver um tema não menos complexo: “o que é a morte?”. Do ponto de vista molecular e estrutural, a morte consiste na desintegração da organização autopoiética que caracteriza a vida. Sendo a essência da vida a interação entre os sistemas autopoiéticos, o desaparecimento desse sistema caracterizaria a morte, que é, portanto, um processo progressivo, correspondente a destruição das propriedades emergentes nos vários níveis, evidenciando a complexidade de todo organismo.

No contexto da interação entre organismo vivo com o meio ambiente, tem-se que essa interação é estruturalmente determinada pela organização interna do organismo vivo, que, então, “cria” o ambiente necessário a autopoiese.

Portanto não há sentido em falar da mente em sentido abstrato. A mente está sempre presente em uma estrutura corporal e vice-versa. A consciência não é uma unidade transcendente, mas sempre se manifesta dentro de uma estrutura orgânica viva. Desta forma, quando se substitui a palavra “mente” por cognição, chega-se à noção de “mente incorporada”.

Na sequência (capítulo 8), Capra trata da questão da ordem e da complexidade no mundo vivo. Na atualidade há consenso entre os biólogos a respeito de que a evolução biológico foi precedida por algum tipo de evolução “pré-biótica”, no qual a transição da matéria não viva para a viva foi produzida por um aumento gradual e espontâneo da complexidade molecular até que as primeiras células vivas emergiram, há cerca de 3,5 bilhões de anos.

No capítulo 9, Capra ressalta a importância do pensamento de Darwin (A origem das espécies, que pode ser encontrado aqui), atualizando sua obra às mais recentes pesquisas. Darwin, contrariando o pensamento cristão de sua época, afirmava que as espécies não são fixas. Para Darwin, “uma vez que o ambiente muda de maneira natural, o resultado provável das mudanças deve ter sido o de que, para sobreviver, as espécies vivas precisam se adaptar ao longo do tempo, e portanto mudar. Consequentemente, os organismos precisam exibir uma adaptação produzida por mudanças ambientais. No entanto, é necessário que a noção de adaptação seja acompanhada pela consideração segundo a qual nem todos os membros seriam capazes de lidar igualmente bem com essas alterações ambientais. O grupo de indivíduos que se adaptasse de maneira mais eficiente seria capaz de se reproduzir e de sobreviver melhor, de modo que a próxima geração seria extremamente enriquecida por indivíduos caracterizados por essas características positivas. Isso, basicamente, é a evolução por meio da seleção natural”.

Lamarck, antes de Darwin, sugeriu que a evolução ou “transformação” de uma espécie, ocorre como resultado de “uma nova necessidade que continua a se fazer sentir”, e que características adquiridas durante a vida de um organismo podem ser herdadas pela prole desse organismo. A teoria da herança de caracteres adquiridos é chamada de herança soft ou lamarckismo. A famosa expressão que caracteriza a teoria da evolução de Lamarck afirma que as funções criam os órgãos e a hereditariedade determina a mudança na prole.

No paradigma científico de sua época, a teoria da evolução de Darwin equivaleu a um terremoto de consequências profundas na sociedade, bem como na vida cotidiana. E foi também o princípio de uma série de outras evoluções. O pensamento evolutivo, depois de Darwin, foi levado muito mais a sério. Nada mais era estático; tudo estava evoluindo.

Darwin introduziu dois conceitos principais: o primeiro, o de que todos os organismos descendiam, com modificações, de um ancestral comum; o segundo, o de que a seleção natural é o mecanismo da evolução. O trabalho Mendel só foi redescoberto no início do século XX, após intenso período de desenvolvimento da genética populacional. Na verdade, o desenvolvimento da genética populacional teve importância fundamental para a criação do que passou a ser chamado de “síntese moderna” ou “neodarwinismo”.

O próximo grande passo na compreensão do processo evolutivo foi dado no nível molecular: a descoberta da estrutura e da função do DNA.

Por meio do processo evolutivo, uma rica biodiversidade apareceu no planeta Terra. Descobriu-se que mais de 99% dos genes humanos têm uma cópia aparentada nos camundongos - apesar de uma separação evolutiva de mais de 500 milhões de anos. Além disso, acredita-se que as diferenças entre as raças humanas em todo o mundo são codificadas por apenas 0,1% do genoma humano. Isso significa que a genética molecular demonstrou que não há diferenças significativas entre as diversas raças humanas.

Aqui parece que Capra dá uma “escorregada” na linguagem e se refere a “raças” humanas, quando se sabe atualmente que há apenas uma “raça humana”...

Após cuidar do problema do “dogma central” (um gene, uma proteína), Capra apresenta os “três domínios da vida” (last common universal ancestor): archea, bactérias e os eucariontes.

A epigenética entende que mudanças podem permanecer (fenótipo), graças a divisões celulares, durante o tempo restante de vida da célula e pode também durar muitas gerações. No entanto, não há nenhuma mudança na sequência de DNA subjacente do organismo (genótipo); em vez disso, fatores não genéticos fazem com que os genes do organismo se comportem ou “se expressem”, de maneira diferente.

Há várias razões para duvidar do dogma central e do determinismo genético correspondente. A noção do “gene egoísta” (Richard Dawkins) é falaciosa, pois transmite a ideia de que um gene opera isoladamente, ocupando-se apenas dos seus próprios interesses egoístas. Mas, na verdade, não faz sentido considerar que um gene isoladamente é responsável por uma função complexa. Para cada função biológica, há sempre uma série de genes trabalhando conjuntamente. A cooperação dos genes uns com os outros é a principal base operacional da genética e, portanto, da evolução.

Finalmente Capra dedica-se aos equívocos do criacionismo e, especialmente do intelligent design – ID. O fato de que os argumentos a favor da evolução darwinista são contraintuitivos e ocasionalmente difíceis de serem explicados a um público amplo, ao passo que os dos criacionistas são fáceis, explica, em parte, a ampla difusão do movimento do ID. O outro argumento usado por proponentes do ID é centralizado na ideia de que se o darwinismo estivesse correto, a vida não teria nenhum propósito e ficaria privada de códigos morais. O problema, como já mencionamos, é que o ID está se espalhando, e carregando consigo ignorância e concepções errôneas sobre a ciência. Seu sucesso se deve a uma combinação de fatores; mas, basicamente, ele reside no fato de que pregar a ignorância e o medo é muito eficiente para convencer ouvintes não críticos, de mentes simples.

Alexandre Botelho

Doutorando em Direito - UFSC

 

 

Cap. 7 – Oque é Vida? (p. 169)

 

Automanutenção da vida

 

Autopoiesis – auto-regeneração a partir de dentro. 

Vida =fábrica que constrói-se a si mesmo a partir de dentro

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p. 169)

 

 

Automanutenção da vida

 

Autopoiesis – auto-regeneração a partir de dentro. 

Vida =fábrica que constrói-se a si mesmo a partir de dentro

Não localização (propriedade Global – o ser é vivo)

Não redução a propriedade das partes. (química)

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p. 174 - 176)

 

 

Interação com o ambiente

Célula como sistema fechado, toda informação necessária está dentro (DNA) 

Mas termodinâmicamente aberto.

Acoplamento estrutural 

 Sistema vivo se relaciona estruturalmente com seu ambiente

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p. 176 - 177)

 

 

Determinismo estrutural

  Reação de um ser vivo e não vivo.

Não vivo = mais previsível (chutar pedra vs cachorro)

A estrutura viva é sempre um registro de sua história

Mudanças estruturais, interações prévias. 

 

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p.  177-178)

 

 

Autopoiese social  padrão de organização

Critérios de autopoiese e critérios de vida

perturbações = envelhecimento e evolução

Auto-organização = propriedade invariante

Estrutura real = propriedade variante (adaptando-se ao meio)

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p.  177-180)

Autopoiese social  padrão de organização

Critérios de autopoiese e critérios de vida

perturbações = envelhecimento e evolução

Auto-organização = propriedade invariante

Estrutura real = propriedade variante (adaptando-se ao meio)

Ciclo: Homeostase, reprodução e morte da celula

Mas não considera a reprodução como critério para vida (tese de Gaia, o planeta vivo). Ex: Bebês e idosos que não podem se reproduzir, mas estão vivos.

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p.  177-180)

Autopoiese social  padrão de organização

Critérios de autopoiese e critérios de vida

perturbações = envelhecimento e evolução

Auto-organização = propriedade invariante

Estrutura real = propriedade variante (adaptando-se ao meio)

Ciclo: Homeostase, reprodução e morte da celula

Mas não considera a reprodução como critério para vida (tese de Gaia, o planeta vivo). Ex: Bebês e idosos que não podem se reproduzir, mas estão vivos.

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p.  180-182)

A morte debates em torno do assunto. 

Morte do sistema ou das partes individuais?

Parada dos batimentos cardíacos ou morte cerebral?

Cérebro é o nodo central da rede sistêmica do organismo.

 

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p.  182-183)

Autopoiese e cognição a interação com o ambiente é estruturalmente determinada. 

 interação recursiva p. 182

Organismo cria o seu ambiente – percepção - sensorial 

Conceito de sensórium cognitivo

 

 

Cap. 7 – Oque é Vida?

(p.  182)

Autopoiese e cognição a interação com o ambiente é estruturalmente determinada. 

 interação recursiva p. 182

Organismo cria o seu ambiente – percepção - sensorial 

 

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo

(p.  186-187)

Auto-organização / automontagem (self assembly)

 

Auto-organização  emergência. 

Emergência novas propriedades na estrutura organizada.

Processo endógeno da vida 

Genoma (estrutura) + Enzimas sistema

 

 

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo

(p.  188 - 195)

Processo de agregação de substâncias

Descrição de processos biológicos 

Processos auto-catalíticos

 

 

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo

(p.  196- 201)

Emergência e processos emergentes

O todo é maior que a soma das partes

Em cada nível de complexidade surgem propriedades novas, emergentes: ponto linha, ângulos, superfícies.

Exemplo de propriedade da hemoblobina de ligar o oxigênio

 

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo  (p.  201 - 210)

Causação descendente: nível hierárquico superior afeta as propriedades das partes (níveis inferiores)

Mais exemplos da biologia

 Gaia a terra  - viva- auto-organizadora) – geologia e clima da terra. 

Aplicação para sistemas sociais 

1. auto-organização

2. autopoiese (regeneração de dentro para fora)

3. Organismo vivo – Cognição. 

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo  (p.   210-214)

Mundo das margaridas – emulação computacional: o ecosistema se auto-regulou até um ponto limite. 

Quanto mais complexidade maior a auto-regulação. 

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo  (p.   214-217)

Padrões matemáticos no mundo vivo

Quiralidade propriedade de assimetria  (espelhamento) que ocorre recorrentemente na natureza. Ex. Mãos

Exemplificações na Química baseada no carbono

Nossas proteínas são homoquirais 

 alto grau de simetria no nível macro (Flores)

 

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo  (p.   217-223)

Biomatemática

Matemática de padrões 

Padrão de Fibonacci ½; 1/3; (divisão Seção/ângulo aurea)

Espirais logaritmicas

Razões aureas no pentágono

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo  (p.   217-225)

Biomatemática

Matemática de padrões 

Padrão de Fibonacci ½; 1/3; (divisão Seção/ângulo aurea)

Espirais logaritmicas na natureza

Razões aureas no pentágono

 

Cap. 8 Ordem e Complexidade no Mundo Vivo  (p.  225-229)

Biomatemática influenciou artistas renascentistas

A sinergia entre auto-organização  e emergência modela e determina estruturas e funções complexas da vida

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  230-233)

Biodiversidade: variedade das espécies estudadas por Darwin

Mas há uma rede de parentesco – árvore da vida

Organismos adaptam-se ao ambiente – Seleção natural

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  233-241)

A origem das espécies (Darwin) – descendência de um ancestral comum;

Seleção natural como mecanismo evolutivo 

O código Genético: DNA, RNA e RNA mensageiro

Papel desconhecido dos “íntrons”, chamados de DNA lixo

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  241-244)

3 domínios da vida – 

archea, 

bactérias e 

eucariontes (seres humanos estão aqui)

 rede sistêmica universal -

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  244-246 )

Biogenética o sonho da engenharia genética ainda vai dar trabalho. Muito complexo e inerentemente perigoso.

Projeto genoma humano: Corrida equipe publica vs privada. 

Projeto Público venceu e encontrou surpresas intrigantes:

      genes saltadores (Não são dna lixo)

Problemas na abordagem: centrada nos genes

RNAmensageiro é editado no caminho para a síntese proteica (extremamente complexo)

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  247-257)

Epigenética impacto das mudanças hereditárias no fenótipo

Genótipo e fenótipo: quais genes são ativos... 

Simbiose e cooperação sistêmica é uma realidade nos organismos vivos. 

Darwinismo social é uma extrapolação inválida. 

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  258-260)

Nós não somos nossos genes. DNA sozinho não faz nada

Precisa ser lido por proteínas

Causação descendente

Metáfora do software não é verdadeira, não é um código a ser executado linearmente. É um coletivo integrado e que interage e modifica sua expressão na interação.

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  260-263)

Darwinismo e criacionismo: a questão da fé, da flexibilização da fé a ser vista como uma metáfora. 

Debate científico espinhoso (judicializado inclusive)

“O homem foi formado do barro.” Inteligent design 

Estrutura determina a função

      // é necessária muita fé para acreditar no acaso da cognição humana. 

Mudanças evolutivas são complexas, e aleatórias para os autores. Parte integrante da auto-adaptação

 

Cap. 9. Darwin e a evolução biológica

 (p.  260-270)

Darwinismo e criacionismo: a questão da fé, da flexibilização da fé a ser vista como uma metáfora. 

Debate científico espinhoso (judicializado inclusive)

“O homem foi formado do barro.” Inteligent design 

Estrutura determina a função

      // é necessária muita fé para acreditar no acaso da cognição humana. 

Mudanças evolutivas são complexas, e aleatórias para os autores. Parte integrante da auto-adaptação

 

10. A procura da origem da vida na Terra (p.  271-274)

Visão de que o universo estava grávido da vida é compartilhada por alguns autores freeman dayson (1985, p7)

Princípio antrópico: coincidências espetaculares (e haja fé) como a distância exata do sol, lua, eletromagnetismo, composição da atmosfera, componentes existentes etc

 

10. A procura da origem da vida na Terra (p.  275-297)

Universos paralelos: o “multiverso” em um deles (ou mais?) haveria condições para a vida. 

Há uma certa complementariedade entre contingência e determinismo

A química pré-biótica: abordagens de laboratório para a vida mínima: impossibilidade de sintetizar a vida.  

 

11. A Aventura Humana

(p. 299-300)

3 grandes eras da evolução da vida:

        1. Pré-biótica  - formação de condições básicas

     2. Microcosmo – bactérias e base para vida complexa

     3. Macrocosmo -  sistemas vivos complexos

 

11. A Aventura Humana

(p. 300-306)

Narrativa de Brower mostra o quão recente é a presença humana no planeta terra. 

A era dos seres humanos: marcos evolutivos do ser humano

Não foi um processo linear, houve subspécies 

No campo filosófico, Darwin impacta no conceito de singularidade humana. Ex. Chimpanzés são seres sociais

 

11. A Aventura Humana

(p. 306-312)

Instinto dos chimpanzés (agressivos) vs Bonobos amigáveis

Amor e altruísmo  instinto maternal assimilado nos códigos morais. Emoções positivas – empatia, gratidão, cooperação e esperança podem estar ligadas a evolução de espécies cooperativas. 

Consciência e espiritualidade: percepção e gramática moral

Curiosidade e sede por conhecimento: busca por identificação de padrões, a noção de beleza. 

 

12. Mente e consciência 

(p. 314-334)

A mente tem algo a ver com o cérebro, mas a relação ainda não está clara para o mainstream da ciência. 

Mente é um processo: mente é a essência de estar vivo

Cognição é o processo da vida – interação com o meio, percepção e criação da realidade 

Consciência cresce a partir da cognição. 

 

12. Mente e consciência 

(p. 335-341)

Emoções – conscientes e inconscientes, possuem carga evolutiva

Mente incorporada: linguistica cognitiva, modelada pela natureza do corpo e cérebro. 

Mente e consciência são processos cognitivos

Mapas neurais formam imagens mentais

 

13. Ciência e espiritualidade - (p. 335-355)

 Relação dialética– forças propulsoras da humanidade

Ciência e religião: diálogo de surdos?  há autores que enquadram a experiência em harmonia com a visão sistêmica da vida. 

integrativas. Deus não joga dados (Einstein)

Stephen Hawking pode não haver lugar para Deus... 

Há extremismos de ambos os lados e boas iniciativas 

 

13. Ciência e espiritualidade - (p. 356-366)

 Mind of Life Institute  - Ciência e Budismo

14o Da lai lama – cientista da área de tecnologia

Nova ciência e Antigas tradições espirituais

Meditação conduz a oscilações neurais  neurociência comtemplativa. 

Introduzir educação ecológica-espiritual

 

14. Vida, mente e sociedade - (p. 368-373)

 Consciência e fenômenos sociais

Teoria social do sec. XX positivismo

Max weber e os fatos sociais (crenças e práticas)

Estruturalismo e funcionalismo  - padrões de organização social  e estruturas sociais ocultas. 

Giddens e habbermas- teorias integrativas

Giddens   análise institucional , hermeneutica (interpretação) 

 

14. Vida, mente e sociedade - (p. 373)

 Habbermas   teoria da ação comunicativa. 

Redes vivas extensão da visão sistêmica para o domínio social : padrões de organização nos seres vivos.

Autopoiese no domínio social: família humana como  sistema biológico 

 

15. A Visão Sistêmica da Saúde- (p. 398)

 Crítica a visão mecanicista cartesiana fragmentada da saúde. 

Concepção mais sistêmica da saúde. 

Thiago S. Araujo. 
Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento - UFSC: www.egc.ufsc.br 

Capítulo 7: O que é vida

Neste Capitulo Capra aponta as características essenciais da vida, e se orienta principalmente pela teoria da autopoiese. Basicamente, o termo significa “fazer a si mesmo”. Com base nisso, de acordo com Maturana e Varela, a auto manutenção é a característica principal da vida.

Quando aplicamos a visão sistema à vida significa que olhamos o organismo vivo “na totalidade de suas interações mútuas”. Neste contexto há quatro observações a se fazer: automanutenção – manutenção da individualidade apesar das transformações químicas; não localização – a vida é uma propriedade global; propriedades emergentes – o surgimento de novas propriedades em um conjunto; e, interação com o ambiente – apesar do organismo vivo ser um sistema fechado, ele é ligado, ou seja, realiza trocas com o ambiente para gerar sua atualização.

A literatura distingue sistemas autopoiéticos de primeira ordem e de segunda ordem (pluricelulares e multicelulares). Portanto, a existência de unidades autopoiéticas menores, nos levam a considerar que a vida é um sistema de sistemas autopoiéticos interligados. As unidades são estruturalmente definidas, portanto os ambientes produzem perturbações mais não determinam a estrutura de um organismo vivo.

Três noções básicas esclarecem a interação dos organismos vivos com o ambiente: acoplamento estrutural – interações recorrentes, cognição e determinismo estrutural –os organismos têm um comportamento estruturalmente determinado que orientam as mudanças. Ou seja, o organismo de certa forma se autoconstrói de uma maneira paradoxal: determinado e livre.

No mundo social, o comportamento é guiado pelas regras geradas no sistema social, ou seja, as redes sociais são semelhantes as redes biológicas. Cada sistema social, uma escola por exemplo, busca se sustentar de maneira estável mais dinâmica.

Capra afirma que há duas perturbações comuns: o envelhecimento, no nível individual; e a evolução, nas gerações. O envelhecimento é uma perturbação que evidencia que no mecanismo autopoiético há propriedades invariantes e variantes, que variam de sistema para sistema.

Para verificar se um sistema é autopoiético é necessário verificar se ele se sustenta com processos autogeradores que ocorrem dentro de uma fronteira estabelecido por ele mesmo. Capra ainda ressalta que a reprodução não é um critério para a vida.

Definir a morte é tão complicado quanto definir a vida, mas pode ser descrito como a desintegração da organização autopoiética que caracteriza a vida. Mas está claro de que quando uma ligação principal desaparece, algumas partes ainda funcionam, até que também se desintegrem, portanto a mote é um processo progressivo de destruição das propriedades emergentes.

Essas últimas analises sobre vida e morte abrem um amplo campo de discussões éticas e políticas sobre a sustentação da vida de pacientes comatoso. Elas também dão origem a uma série de pesquisas que buscam construir uma unidade autopoiética no laboratório, como o modelo apresentado por Capra que apresenta três estados de animo operacional de uma célula ou forma de vida: homeostase, crescimento e morte.

Quando um organismo interage com o ambiente, ele também o cria, numa forma de coevolução mútua. A cognição e a percepção ocorrem na estrutura interna do organismo, mas seu ambiente também possui organismos. O nível de sofisticação cresce ao ponto de a consciência coemerge num sistema nervoso. Ou seja,

“a estrutura orgânica viva (unidade autopoiética) interage cognitivamente com o ambiente, sendo que seu processo de cognição é um produto da evolução. Como dissemos anteriormente, cada organismo específico tem seu próprio sensorium cognitivo. Quando se substitui a palavra “mente” por cognição, chega-se a noção de “mente incorporada”

 

Portanto, a mente não é abstrata, ela sempre estra presente na estrutura. A consciência se manifesta dentro de uma estrutura viva.

 

 

Capítulo 8: Ordem e Complexidade no Mundo Vivo.

No capítulo 8 Capra aponta que a evolução biológica foi precedida pela a evolução pré-biótica ou molecular, onde a transição da matéria não viva para a viva é resultado de um aumento gradual e espontâneo na complexidade molecular há cerca de 3,5 bilhões de anos.

Apesar de parecer aposta a Lei da termodinâmica, esta teoria, apresentada pro Oparin, se alinha à lei com o processo de auto-organização espontâneo e de emergência. Este processo ocorre em situações estáticas ou dinâmicas ou sejam, que operam em sistemas em equilíbrio ou não. O princípio de emergência indica o surgimento de novas propriedades da estrutura organizada. Ambos ocorrem de forma endógena, ditado por regras internas, e portanto se referem à auto-organização. Entre alguns exemplos destas moléculas o autor cita os lipídios ou em sistemas biológicos nos ácidos nucleicos e dobramento de proteínas. Ainda conforme o autor, o processo se acelera com ciclos de feedback positivos conhecidos como autocatálise.  

Em sistemas biológicos complexos, como no caso das proteínas musculares essa organização permite o funcionamento de um motor molecular que regula nosso movimento muscular. Neste e em outros exemplos dado por Capra, ele aponta que são casos de processos de controle termodinâmico, ou seja, o produto se formou porque é mais estável que os componentes. Mas pode ocorrer controle cinético, onde os produtos se formam porque a velocidade da reação para chegar até eles é muito maior do que a velocidade para chegar aos produtos mais estáveis, que no mundo biológico ocorrem pela ação das enzimas.

Os desafios atuais de pesquisa buscam a reconstituição das células mas estes estudos somente são possíveis ainda com a interferência humana, ainda que mínima. Ou seja a remontagem não ocorre espontaneamente. 

As propriedades emergentes são essenciais para o surgimento da matéria viva, além do aumento de complexidade, é preciso que surjam novas funções e novas propriedades. Essas novas propriedades surgem com um nível superior de complexidade é atingido ao se reunir componentes de complexidade inferior. Elas não estão presentes nas partes, mas emergem das relações e interações especificas entre as partes de um conjunto organizado.

“O todo é mais que a soma das partes”

A emergência atualmente é considerada por um amplo campo de pesquisas, das exatas as sociais. No nível da célula, a própria vida é uma propriedade emergente. No nível social, esta propriedade ultrapassa o nível individual, as estruturas criadas por colmeias, por exemplo, emergem neste nível. Desta forma também é foco de estudo a propriedade emergente e as propriedades dos componentes. A visão sistêmica aponta que o foco em relações, padrões e processos subjacentes é fundamental para compreender estas propriedades, embora ainda os desafios perdurem no campo.

O desenvolvimento das propriedades emergentes é uma causalidade ascendente, porém associa-se a uma causalidade descente, pois o nível hierárquico superior afeta as propriedades dos componentes inferiores mas elas indicam algo que, ao meu ver, tem um papel central na formação da vida, pois de acordo com autor, a causação descendente é a fonte primária das funções biológicas e do comportamento.

O pleno potencial da auto-organização e da emergência é atingido em sistemas dinâmicos, sistemas que mudam ao longo do tempo. Esses sistemas operam afastados do equilíbrio porém são capazes de gerar estruturas auto-organizadoras estáveis.

Essa noção de “afastado do equilíbrio” e “não linearidade” abriu perspectivas nas pesquisas de Prigogine. De acordo com uma das suas principais teorias, as estruturas dissipativas não apenas se mantem em estado de estável longe do equilíbrio, como também pode evoluir. Uma de suas principais realizações foi resolver o paradoxo da evolução da física e da biologia na época: a do motor que diminui até parar e a do mundo vivo que se desdobra em direção a ordem e complexidade crescentes. No mundo vivo a ordem e a desordem são sempre criadas simultaneamente.

A emergência espontânea é hoje um dos principais conceitos da compreensão da vida, ou seja, a criatividade, a geração de novas formas, é uma propriedade de suma importância para os sistemas vivos.

As pesquisas do surgimento da vida, como a de processos bioquímicos que ocorrem nas comunidades microbianas, são equiparadas em muitos aspectos a outros campos de pesquisas como estudos sobre a química do cérebro e as redes ou, no caso de auto-organização dinâmica, com o padrão de voo de certas espécies de pássaros.

Neste ponto podemos perceber que em meio ao caos planetário diferentes padrões se interligam em sistemas completamente diferentes, células, cérebro, voo de pássaros. E que a evolução darwinista é um processo de criatividade, de emergência.

Paralelamente, Loverlock desenvolveu a teoria de gaia, onde a Terra passou a ser compreendida como um sistema vivo, auto-organizador. Os voos realizados no início da década de 60 fomentaram a visão da terra como uma totalidade integrada. Juntamente com Margulis, o pesquisador desenvolveu uma teoria de ciclos de feedback, que ligam sistemas vivos e não vivos e reuniram a geologia, química atmosférica, microbiologia e outras disciplinas, que também deve ter contribuído para a disseminação e retomada de pesquisas interdisciplinares.

Mais interessante ainda é que de acordo com sua teoria, a vida cria condições para a sua própria existência. Para isso o cientista desenvolveu um modelo matemático denomidado “munda das Margaridas”. A Gaia foi finalmente considerada um sistema vivo porque satisfaz a vários critérios de vida: auto-organização – com base em regras internas, autopoiese – regenera componentes, e organismo vivo – autopoiese associada à cognição.  

Ainda dentro do princípio de organização, surgem outros conceitos como quirilidade, conhecida na experiência corporal, também pode ser observada na química por exemplo, mas ainda não se sabe ao certo, qual a vantagem evolutiva da assimetria. Inclusie foi observado que a assimetria molecular na natureza é geralmente acompanhada de um alto nível de simetria no nível macroscópico. Este aspecto pode apresentar estratégias da natureza, econômica (genes) e evolutiva (reprodução). Os padrões espiralados que se apresentam na natureza também fazem parte deste objeto de estudo e contribuíram para a união da matemática com a biologia e  da física com a biologia.

A filotaxia, geometria e numerologia do crescimento vegetal, foi um dos primeiros campos de estudo que desvendou, padrões da natureza. A seção áurea, utilizada desde a renascença, hoje aplicada aos vegetais, animais e formas geométricas, representa um padrão universal de similaridade presente por toda a parte do mundo vivo. Na geometria especial, a espiral logarítmica possui uma propriedade única conhecida como autossimilaridade: ela não altera sua forma a medida que cresce. Estudos da quiralidade, simetria e quebra de simetria fomentam pesquisas sobre a origem da vida e outros aspectos sobre interferência do ambiente ou causalidade.

Em suma, em sistemas estáticos, a auto-organização e as propriedades emergentes resultantes são conceitos relativamente simples e bem explicados pela física e química, mas em sistemas dinâmicos estes mesmos processos são sutis e complexos, e seus resultados são, com frequência, imprevisíveis, tanto na biologia como no social.

Para aprender sobre complexidade é preciso respeitar a natureza, não por meio de controle, mas de cooperação.

Contudo, observa-se que a natureza dentro de nós e a natureza fora de nós estão convergindo.

A essência da vida não pode ser encontrada numa partícula, ela é a composição de várias propriedades emergentes sem uma localização central. 

 

 

Capítulo 9: Darwin e Evolução Biológica

A constância de forma e a existências de tantas foras diferentes são dois aspectos aparentemente contraditórios mas que constituem a vida na Terra. Neste capitulo o autor apresenta a evolução biológica da vida.

Ainda antes de Darwin, Lamarck introduziu a ideia de evolução ao falar de transformação das espécies. Além de Lamark e Darwin, Mendel foi outro cientista de destaque sobre a hereditariedade, seus experimentos com ervilhas são a base da genética moderna e influenciaram varias outras teorias evolutivas geológicas, cosmológicas, etc.

Mas foi Darwin o grande percursor que, nas primeiras décadas do século XIX, quebrou o paradigma religioso, que imperava na ciência, de que deus criara todas as formas.  O cientista apresentou a teoria de que todos descendemos de um ancestral comum com modificações. A beleza desta teoria está em dizer que todas as formas de vida, peixes, arvores, humanos estamos ligados uns aos outros por uma rede de parentescos.

Nas suas observações durante uma viagem, Darwin constatou que as adaptações era produzidas por mudanças ambientais e que a adaptação e por sua vez, a evolução, era uma forma de seleção natural. Estas observações não foram publicadas por 20 anos porque na época seria uma afronta aos grupos religiosos que dominavam a sociedade.

Os dois principais conceitos introduzidos por Darwin em A Origem das Espécies foram: todos os organismos descendem de um ancestral comum – comprovado por ele mesmo, e a seleção natural é um mecanismo de evolução – comprovado posteriormente por Mengel.

Após estas teorias, houve um desenvolvimento da genética populacional,  essa nova síntese ou neodarwinismo, foi fundamental para o reconhecimento da mutação e variação de uma população por meio dos genes.

Ainda existem controvérsias entre os níveis micro e macroevolução, com base nos registros fósseis. Mas a importância do campo é irrecusável, e atualmente é seus conceitos são estendidos para estudos comportamentais ainda que também sob controvérsias.

Com base na teoria sobre os genes, a descoberta do DNA também permitiu avanços sobre a compreensão do processo evolutivo no nível molecular. O DNA tem estruturas esclarecedoras, como o processo de autoreplicação e a capacidade de codificar uma cadeia polipeptídica, que refere-se ao “código genético”.

Mesmo com todos os avanços a teoria moderna da evolução genética ainda sustenta que a seleção natural é uma das principais forças motrizes, embora teorias como a de Kimura contradizem esta ideia. Maturana e Varela seguem esta segunda linha, ao usarem a expressão “deriva natural” como o processo de conservação da autopoiese e da adaptação, sem que seja necessária uma força orientadora.

Contudo, as pesquisas sobre DNA , consideradas como dogma central da biologia molecular ainda seguia uma cadeia simplista que não representa a realidade (DNA – RNA – Proteína). Apenas recentemente os DNAs introns passaram a ser reconhecidos dentro da formação da vida.

A forma como todas as espécies ligam-se umas às outras partindo de um ancestral comum, ramificado em 3 formas de vida: archea, bactérias e eucariontes. Entre as 3 as bactérias tem papel como fonte de criatividade evolutiva, a partir delas estabeleceram-se ciclos de feedback para a autoregulação de gaia e os processos como fermentação e fotossíntese, fixação de nitrogênio e respiração se tornaram movimentos evolutivos.

Uma nova compreensão sistêmica apontou que o desdobramento da vida na terra desenvolveu- se sob três avenida evolutivas: a mutação aleatória de genes, o comércio global de genes (recombinação do DNA), simbiogênese. Assim apareceu uma rica biodiversidade no planeta. Portanto o estudo das relações da estrutura do genoma através de diferentes espécies é uma nova disciplina: genômica comparativa. Surpreendentemente a espécie humana tem mais de 99% de genes similares aos camundongos, e ainda mais, entre as raças humanas a diferença são insignificativas.

A genética aplicada insurge no desejo de manipular os genes. Apesar da estrutura física do DNA ter sido desvendada, ainda é preciso desenvolver duas técnicas para tanto: sequenciamento de DNA e splicing do gene. Estão relacionadas a estes objetivos diferentes áreas como a bioengenharia, que envolve processos complicados e perigosos e devem ser tomados com cautela e maisumana completa recentemente a biologia sintética  que tem como finalidade primordial criar em laboratórios formas de nova vida.

O projeto genoma humano, tinha por finalidade identificar e mapear a sequencia genética. Seu desenvolvimento era divido por dois grupos: o privado e o governamental. Felizmente o segundo grupo ganhou a corrida. A descoberta revelou ao mundo uma complexa paisagem genética, com alguma surpresas como os “genes saltadores”. Com isso, o projeto foi considerado “o livro da vida”. 

Porém o dogma central, linear, “o DNA faz o RNA, o RNA faz as proteínas, e as proteínas nos fazem” teve de ser abandonado. Observou-se que este modelo apresenta além de um determinismo genético, um reducionismo. Quando mais observamos os organismos, descobrimos que os processos de síntese de proteínas são complexos, a dinâmica de regulação das células determinam a proteína que será produzida e como ela funcionará, e este processo rompe com as barreiras lineares do dogma central.

Outros estudos como a epigenética apresentam resultados surpreendentes, como a descoberta de que fatores não genéticos também interferem no comportamento deles como a diferenciação celular e a modificação química. Neste campo, ficou definido que o genótipo contém a informação hereditária e que o fenótipo é a característica física, ou seja, a totalidade de suas características físicas e comportamentais. Embora seja uma área de pesquisa recente, a epigenética é importante para compreendermos o desenvolvimento, a evolução e a saúde humana. Além do mais, alinha-se ao mecanismo evolutivo proposto por Darwin e Wallace, onde o processo evolutivo requer variação, sobrevivência diferencial e sucesso reprodutivo, e herança.

De fato, a combinação entre biologia do desenvolvimento com a do comportamento, da ecologia com a biologia evolutiva apresenta os papeis ativos do organismo para a evolução dos seus descendentes (e de si mesmo).

A cooperação tornou-se visível em muitos níveis dos organismos vivos. Nos organismos pluricelulares observa-se a cooperação entre as diferentes células, tecidos etc. Ao que as pesquisas indicam, as partes aprenderam a interagir positivamente entre si para responderem a seleção natural e a pressão adaptativa. Esta noção remonta à noção de cognição.

A palavra simbiose, que refere-se a tendência de diferentes organismos viverem em estreita associação com outros, e as vezes até mesmo dentro de outros, apresenta esta noção de cooperação. Margulis, ainda na década de 1960 já apresentou hipóteses deste cunho, como a de que a célula eucariótica surgiu por meio da fusão de um procarionte com outro organismo em um espécie de cooperação física.

Apesar de que ainda existem indícios para um competição entre grupos vivos, a ideia de cooperação, aponta um aspecto altruísmo entre os seres, além de tornar-se um campo de pesquisa para biólogos evolutivos, tornou-se para psicólogos cognitivos. Conforme já falamos em outras aulas, os agrupamentos humanos, além de defender, preservam o patrimônio genético da espécie. Com base na minha pesquisa de mestrado (2012) destaco que as pesquisas mais recentes na área de motivação, estão numa fase de superação da visão de competição para cooperação, e muitos estudos e pesquisas praticas comprovam os benefícios de criar ambientes cooperativos ao invés de competitivos.

Neste sentido, a noção de civilização planetária de Morin é como um antidoto, para aqueles que ainda acreditam que a competição entre as nações perdurará longo tempo ainda. As evoluções tecnológicas tendem a ampliar a visão do homem sobre a terra, como aquelas das primeiras imagens da terra, ao ponto de nos entendermos como um todo em cooperação.

Os avanços em diferentes campos de pesquisa da vida, permitiram a compreensão de que npos não somos determinados por nossos dos genes, ao contrario, eles agem em cooperação com a vida, de acordo com fatores que à determinam. Embora o DNA tenha suma importância no desenvolvimento da vida, ele sozinho não faz nada. Isso originou uma visão “top-down” do processo de desenvolvimento.

Ainda com todos estes avanços científicos, o autor faz uma critica severa ao criacionismo 9qo meu ver, com razão), de que é baseado no fundamentalismo. Não poderia imaginar a interferência deste campo nas ciências, mas são varias as estratégias utilizadas para manterem seu status cientifico, como os temos “planejamento inteligente”, “criado”, “criação”, e o lobbing. A preocupação desta ciência é transformar o ser humano em um acaso. Para alguns pesquisadores isso parece assustador. Existem dois marcos do pensamento evolutivo moderno que o autor destaca: a evolução ocorre sem planos programados e a palavra acasp x contingencia (ou seja, o produto não é uma estrutura arbitrária, ocorremos conforme um determinismo estrutural somado a uma interação ambiental consoante.

Neste ponto o autor apresenta vários argumentos sobre o acaso ou não do ser humano na terra. Realmente parecem que várias “coincidências” ocorreram para nascêssemos, como se a terra nos esperasse. Mas o acaso também tem seu mérito, se pensarmos que mesmo com todas as possibilidades de não estarmos aqui. Nosso desenvolvimento moral, e sentimentos de amor, a paz e felicidade, descobertos pela própria humanidade, sem serem programados, já são por si só um milagre que deve ser valorizados.

De qualquer forma, não estamos sozinhos ao acaso, somos frutos de uma dinâmica complexa e não linear, de redes de reações químicas que limitam novas formas e funções. Nossa existência deriva de mutações, mas que satisfazem às leis da física e química que governam o metabolismo da célula.

Na visão evolucionista de Darwin, o pensamento sistêmico da vida encontra um campo fértil. A percepção de que estamos todos ligados por um fio, numa gigantesca rede de relações, somos parte de uma única família. Ainda que seja uma teoria em andamento, que haja muitos mistérios a serem compreendidos, este parece ser o caminho.

Na visão evolucionista moderna, existe um diálogo entre interação e determinismo, como a agua que desce das montanhas, coordenadas pela lei da gravidade e pelo desenho do terreno irregular, o seu ambiente. As mutações pungentes, expressão da criatividade da vida, fazem parte da auto-organização da vida, e entrelaça-a em um processo cognitivo.

 

Capítulo 10: A procura da origem da vida na Terra

A evolução, impulsionada pela criatividade é expressada em três caminhos distintos: mutações, intercambio de genes e simbiose, que são afinadas peal seleção natural. Assim a vida no planeta desenvolveu-se em bilhões de ano e deu origem a uma diversidade incontável.

Em termos gerais, a vida originou-se de uma matéria inanimada que sofreu inúmeras reações químicas, cujos efeitos aumentaram gradualmente sua complexidade e sua funcionalidade molecular, até que as primeiras protocelulas, capazes de se reproduzir às custas da vizinhança, emergiram neste universo (OPARIN).

A discussão central é entre o determinismo absoluto ou a contingência, se a vida estava predeterminada ou se ela poderia nunca ter começado.  O princípio antrópico parte da ideia de que se as condições físico química fossem apenas um pouco diferentes, a vida como a conhecemos já não seria possível. Nesse contexto há muitas coincidências como o valor da massa do sol, da loa, da força gravitacional, da velocidade da luz, etc.

Assim, o universo parece ter sido favorável à vida desde o início, o principio antrópico se delineia um um argumento filosófico porem não cientifico. A hipótese alternativa é a de multiuniverso ou universos paralelos, em que universos com propriedades diferentes do nosso, existem paralelamente.

Se reconsiderarmos a origem da terra do ponto de vista químico, por meio da química pré-biótica, porem a transição de organismos não vivos para vivos permanece um mistério. Por dois motivos permanecemos ignorantes nesse aspecto: não temos os fosseis ou outros registros dessa protovida e a contingência, ou seja, o progresso, as condições em ziguezaque são desconhecidas.

Há pesquisadores que trabalham nesta linha, descendentes de Stanley Miller, como foco na criação de vida em laboratório, a partir de uma matéria inanimada em condições pré-bióticas. O fundador da área de pesquisa, conseguiu demonstrar que substancias bioquímicas relativamente complexas podem ser formadas a partir de uma mistura de componentes gasosos. O experimento deu origem a muitos outros semelhantes e surgiu uma pergunta: Porque certos compostos se formam e outros não? Enigmas que foram esclarecidos com ajuda da termodinâmica.  Estas pesquisas comprovaram que na terra primordial haviam condições suficientes pra iniciar a vida e ativar reações espontâneas conducentes a bionomômeros complexas.

Mas nem isto seria necessário para dar origem a vida como conhecemos hoje, pois ela é fruto de um grande número de compostos que não estão sob controle termodinâmico. As moléculas, células, enzimas e outras estruturas que compõe o sistema vivo são produtos de uma longa série de eventos de contingência. O fato é que, nós não sabemos e nunca saberemos as condições contingentes existentes na origem e desenvolvimento da vida nas diversas etapas.

 Ainda assim, em busca desta resposta pesquisas foram desenvolvidas como a relativas ao RNA autoreplicante, mas que, conforme Capra, são inviáveis uma vez que estes elementos surgiram por conta própria no universo, entre outras explicações químicas que comprovam a impossibilidade de tais teorias.

Ainda neste campo, há outra dúvida que assombra experimentos científicos, pois se ácidos nucleicos e proteínas formam um sistema fechado qual deles veio primeiro? A química pré-biótica é um campo de pesquisa recente, e apesar dos equívocos, muitas respostas sobre a origem da vida ainda podem surgir através dela.

Para que seja possível a evolução molecular, até o caminho que leva a vida, além da ordem estrutural é necessário que surjam as propriedades emergentes. Estas são duas palavras centrais sobre a vida: auto-organização e emergência. As tentativas de criar uma forma mínima de vida para a observação dos fenômenos posteriores demonstraram o quanto a vida é complexa. e por isso surgem várias abordagens e hipóteses sobre a origem da vida.

A Biologia Sintética, que lança grande esforço na construção da vida em laboratório, é mais uma delas, porem seu uso e aplicação tem finalidades comerciais como o mundo da biotecnologia, biocombustíveis ou biorremediações, ainda que dentro da área existam pesquisadores que a utilizam da direção de buscar respostas sobre a origem da vida, por exemplo sobre metabolismo celular e síntese de proteínas que não existem na natureza.

Estes experimentos de criação de vida em laboratório observam que a célula deva possuir três propriedades: automanutenção, autoreprodução e capacidade evolutiva adaptativa. As pesquisas buscam o desenvolvimento de uma célula mínima, que refere-se a uma família de compostos. Contudo, observa-se que a vida pode ser produzida em laboratório utilizando-se componentes moleculares existentes.

Através do campo de metabolismo celular o autor explica como os experimentos inicias surpreenderam os pesquisadores, as respostas encontradas nos experimentos só puderam serem parte, compreendidas com base em teorias da complexidade e da auto-organização.

As questões relativas as proteínas existentes reincitam as perguntas sobre o acaso das condições ideais para a vida. Se analisarmos o número de proteínas possíveis e os existentes, veremos que a vida humana prospera como um grão de areia. Pesquisas posteriores apontaram que nossas proteínas são produtos de contingencia, e embora as pesquisas sobre Proteínas Nunca Nascidas sejam uteis a biotecnologias elas também nos dão um direcionamento filosófico sobre a vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Juliana Clementi

O QUE É VIDA?

É de comum acordo o fato de que é difícil definir Vida. Há uma heterogeneidade entre os cientistas sobre o termo. Por isso a questão: Como definir um sistema vivo? Para tal, mais avançadamente, a visão sist~emica da vida conta com a teoria atopoiética de Maturana e Varela.

De acordo com Maturana, tudo começa com a junção biologia e fenomenologia no estudo da célula. Auto=eu/autonomia. Poiesis=fazer. Fazer a si mesmo. Principal característica da vida: automanutenção obtida na rede interna de um sistema químico que se reproduz continuamente dentro de uma fronteira de fabricação própria, ligado ainda a processos cognitivos.

Visão sistêmica da vida: um olhar para um organismo vivo na totalidade de suas interações mútuas, ponde, porém, a principal função de sua pequena parte - a célula - é manter sua individualidade.

Vida: uma fábrica que se preocupa com sua automanutenção, este que vem a partir de dentro de si mesma.

A vida não tem localização; não está localizada. Ela é uma propriedade global, que surge das interações coletivas e organizadas das espécies moleculares dentro da célula. A vida é emergente, não está presente nas partes, se origina quando as peças estão montadas juntas. Portanto, o reducionismo só é aceitável se propor que as partes compõem as estruturas e essas interagem entre si, e não somente a análise isolada. Todo organismo vivo é operacionalmente fechado, pois nele contém as partes que ele necessita para si e para intereção com o meio (célula: sistema termodinamicamente aberto).

As questões relacionadas à o que é a vida e o que é cognição levam a 3 importantes noções: acoplamento estrutural, cognição e determinismo estrutural. "Á medida que se mantém interagindo com seu ambiente, um organismo vivo passará por uma sequência de mudanças estruturais, e com o tempo formará o seu próprio caminho individual de acoplamento estrutural".

Conforme Maturana e Varela, o comportamento de um organismo vivo é determinado pela própria natureza do organismo. A estrutura do ambiente não pode especificar mudanças; pode somente desencadeá-las (sistema nervoso como sistema fechado).

Autopoieses social: as redes sociais dexibem os mesmos princípios que as redes biológicas (conjunto de regras que rege as redes e fronteiras). A organização od ser vivo não muda, mas suas características estruturais sim, isso se dá devido ao fator 'envelhecimento' - uma das duas maiores perturbações sociais, junto de 'evolução'.

Questão paradogmática: a autopoiese é equivalente à vida? É necessária, porém, não fundamental, pois são considerados sistemas artificiais que são autopoiéticos, mas não são vivos.

Morte: "desintegração da organização autopoiética que caracteriza a vida". Quando não há mais ligação mútua entre os sistemas, o sistema não é mais uma unidade integrada e ocorre a morte. Apesar disso, quando este fenômeno ocorre, algumas unidades autopoiéticas ainda podem estar operando com os nutrientes residuais presentes.

Todo ambiente é criado pelo organismo que nele se encontra, e essa criação permite a existência do organismo vivo. A mente está sempre presente em uma estrutura corporal; e vice-versa. Os princípios subjacentes à vida são os mesmos em todos os níveis.

A vida se manifesta de forma auto-organizada em situações de espaço/tempo e está paralelamente relacionada com a emergência dos fatos. Auto-organização denota autorreprodução.

Níveis superiores de organizações afetam as propriedades dos níveis inferiores. O que emerge - complexidade inferior mixada com superior - provém do movimento das propriedades.

Para os seres vivos, a estabilidade não é próxima do equilíbrio. Podem ocorrer pontos de impasse na rede onde a informação pode se ramificar.

Teoria de Gaia: a Terra é auto-organizada/auto-organizadora. Sistema vivo, complexo, que tem a capacidade de se manter/reproduzir/evoluir relacionando absolutamente todos os seus sistemas vivos. Atmosfera é considerada um sistema aberto com fortes influências e perturbações externas. Lovelock provou (Mundo das Margaridas) que sistemas complexos tendem a se autorregularem de maneira mais efetiva (capacidade maior de estabilidade).

Capra trás a teoria darwinista que se baseia que as espécies são ligadas em ancestrais, ou seja, uma geração é ligada na outra, mas todos viemos de um ancestral. Evoluimos por meio da seleção natural de forma que as espécies mudam com o tempo. Evolução é sinônimo de rica biodiversidade.

Darwin provocou que outras ciências (gologia, biologia, astronomia, etc.) começassem a dar importância ao evolucionismo. Paralelamente ao processo evolutivo, a sociedade interpreta os fatos de maniera altruísta e cooperativa, de maneira a prestigiar os grupos de convivência e convívio social.

Modernamente falando, a evolução ultrapassa barreiras físicas e procura interpretar por meio genético o comportamento humano. Um grande passo no entendimento do processo evolutivo foi a descoberta do DNA (aliado a RNA e proteínas). A partir da interação contínua, as diferentes partes de um ser vivo sabem que o pertencem.

Gene é o aspecto central da vida (incubida na cultura moderna). A dinâmica de regulação da célula determina qual proteína deverá ser produiza e como ela irá ser utilizada no organismo. Um outro grande passo foi o projeto Genoma Humano, que buscava identificar as sequências de organização do código genético humano. Importante salientar a pertinência do sentido de REDES na relação código genético - proteínas.

Um cuidado deve ser tomado para não confundir Código Genético com Essência da vida, pois nesse, existem somente dados/informações particulares pertinentes à cada ser vivo.

Aristóteles: ‘a natureza adapta o órgão à função, e não a função ao órgão’. Nosso sistema se adapta com as externalidades encontradas no caminho.

A origem da vida na Terra trás várias peculiaridades e caminhos, mas é traçada por 3 principais caminhos: mutações, intercâmbio de genes e simbiose. O que a ciência nos pode explicar sobre a origem da Vida? Apesar das inúmeras maneiras como foi colocado nas escolas ao longo do tempo -incluindo as negadas criação divina e outras crenças - a explicação concisa e certeira continua sendo um dos grandes mistérios da ciência.

"É evidente que o universo estava grávido da vida, e a biosfera, do homem." Christian de Duve (2002).

Antropologicamente tratando, a relação universal de fatores que proporciona a possibilidade de Vida Terrestre, tais como massa solar, massa atômica, umidade, gravidade, faz com que o entendimento esteja um pouco mais claro, leigamente falando. Nos primórdios, probioticamente tratando os seres, a matéria inanimada proporcionou o avanço dos seres vivos, mas não somente, pois o meio teve papel fundamental. Hoje em dia, podemos reproduzir muitos dos processos químicos da vida em laboratórios (BS - Biologia Sintética), tratados pela bioengenharia pragmática, analisando bactérias e até mesmo criando novas.

Para dar origem à vida, interpretamos os sistemas compostos por ácidos nucleicos e proteínas como sistemas fechados e autopoiéticos.

Jean C R Pereira
48-91190043

Administrador   &

Em vez de abordar diretamente “o que é vida”, os autores consideram a questão: “Quais são as características essenciais de um ser vivo”?

 

Teoria da autopoiese = “fazer a si mesmo” (Maturana e Varela) [p. 169]:

- automanutenção

A principal função da célula é manter sua própria individualidade apesar da miríade de
transformações químicas que ocorrem nela. [p. 171]

A vida é uma fábrica que constrói a si mesma a partir de dentro. [p. 173]

- não localização

A vida é uma propriedade global, que surge das interações coletivas das espécies moleculares dentro da célula. [p. 173]

- propriedades emergentes: “a vida biológica é apenas química” [p. 174]

A vida, então, é uma propriedade emergente - uma propriedade que não está presente nas partes e se origina apenas quando as peças estão montadas juntas. [p. 173]

- interação com o ambiente

A célula, como qualquer organismo vivo, não precisa de nenhuma informação vinda do seu ambiente para ser ela mesma [...] dizemos que a célula, e por inferência todo organismo vivo, é um sistema operacionalmente fechado [p. 174]

 

Acoplamento estrutural (Maturana e Varela): “o ser vivo se relaciona estruturalmente com seu ambiente” [p. 176]

De acordo com Maturana, 0 comportamento de um organismo vivo é determinado. No entanto, em vez de ser determinado por forças externas, é determinado pela própria estrutura do organismo - uma estrutura formada por uma sucessão de mudanças estruturais autônomas. Consequentemente o comportamento do organismo vivo é, ao mesmo tempo, determinado e livre. [p. 177]

 

2 perturbações à circularidade da vida: envelhecimento e evolução;

 

Sobre a morte - Embora a autopoiese não seja condição suficiente à vida, é necessária:

podemos descrever a morte como a desintegração da organização autopoiética que caracteriza a vida [p. 180]

A partir da perspectiva sistêmica, podemos aceitar a ideia de que todos os principais órgãos têm uma conexão com o cérebro, c quando o cérebro não recebe mais nenhum sinal dos órgãos, e não envia mais nenhum sinal de vo1ta, sua rede não está mais em operação. [p. 181]

 

Os organismos contribuem para a "criação" de seus ambientes. Por exemplo, o nascimento dos organismos fotossintético pode ter, de fato, criado um ambiente novo, rico em oxigênio. De maneira semelhante, a teia de aranha, as construções de madeira do castor, e as cidades construídas pela
humanidade modificam a estrutura dos seus ambientes. Em todos esses casos, o ambiente é criado pelo organismo, e essa criação permite a existência do organismo vivo. [p. 183]

A ideia de ambiente depende da existência do ser vivo. O ambiente é aquilo com o que o ser vivo interage, e à medida que essa interação se dá, o ambiente se modifica e causa novas adaptações do ser vivo (cognição – mente incorporada).

 

[...] os princípios subjacentes à vida são os mesmos em todos os níveis.

[...]a perturbação em um único ponto pode, em princípio, ser sentida em toda a rede [...]

A interação .entre o organismo vivo e o ambiente é dinâmica e se baseia na comemergência, onde o organismo vivo e o ambiente tomam-se um só por meio de interações cognitivas. [p. 185]

[A partir dessa ideia, parece haver uma conexão entre a visão sistêmica, a ideia de fraternidade e a ética kantiana.]

 

 

Auto-organização

Alguns processos químicos de auto-organização estão "sob controle termodinâmico", o que significa que eles ocorrem "espontaneamente", por si mesmos, sem a necessidade de imposição por forças externas (o termo "espontâneo" é controvertido de um ponto de vista termodinâmico estritamente ortodoxo, mas aqui vamos usá-lo no seu significado comum, para indicar as reações que, uma vez dadas as condições iniciais, prosseguem por si mesmas). [p. 186]

Controle termodinâmico leva ao equilíbrio. O que interessa são os que dissipam desordem – como são a maioria dos sistemas que operam nas células.

Exemplo dado de auto-organização: sabões e lipídios, que são hidrófilo e hidrofóbico, se unem quando em contato com a água, de maneira que a parte hidrófila forme um escudo para a hidrofóbica, diminuindo sua superfície de tensão com a água.

dois aspectos notáveis nesse processo: primeiro, a formação espontânea de ordem local, assistida por um aumento global de entropia (ou desordem), e, segundo, a formação de compartimentos esféricos, que, como veremos mais tarde, são muito importantes como um modelo para células biológicas. [p. 189]

No DNA (sistema vivo): a fita dupla são as bases hidrofóbicas, o fosfato são as partes hidrofílicas, e assim se auto-organizam. [p. 192]

 

Propriedades emergentes: exemplo – “a harmonia que surge de uma frase musical obviamente não está presente nas notas isoladas” [p. 198]

 

Causação descendente: a mudança em um nível hierárquico superior de ordem afeta os níveis hierárquicos inferiores (ex: a mudança na organização familiar afeta os membros da família; pertencer a uma tribo afeta o comportamento da família). O determinismo genético é questionado por essa ideia. [p. 201]

 

Na linguagem da dinâmica não linear, o sistema encontra pontos de bifurcação nos quais ele pode se ramificar em estados inteiramente novos, cada um deles caracterizado por um atrator específico, e nos quais emergem novas estruturas e novas formas de ordem. [p. 203]

[...] a relação entre entropia e desordem é vista sob uma nova luz. Nos pontos de bifurcação, estados em que a ordem é maior podem emergir espontaneamente sem contradizer a segunda lei da termodinâmica. A entropia total do sistema continua crescendo, mas esse crescimento na entropia não é um crescimento uniforme da desordem. No mundo vivo, a ordem e a desordem são sempre criadas simultaneamente. [p. 204]

Em outras palavras, a criatividade- a geração de novas formas - é uma propriedade de suma importância em todos os sistemas vivos [p. 205]

 

Teoria de Gaia– “um globo azul e branco flutuando na profunda escuridão do espaço” [p. 208]

Lovelock desenvolveu a teoria segundo a qual todos os elementos (vivos e não vivos) que compõem a terra interoperam de maneira a manter sistemas auto-organizados e que compõem o todo que é o planeta Terra (ex: clima da terra, salinidade dos oceanos, etc.)

Sua teoria foi fortemente enfrentada – má-compreensão da comunidade científica, que não conseguia ver a auto-organização fora de uma ideia de propósito e consciência do planeta. Essa crítica originou o Mundo das Margaridas:

O modelo é uma simulação computadorizada de um sistema de Gaia extremamente simplificado, no qual fica absolutamente claro que a regulação da temperatura é uma propriedade emergente do sistema que surge automaticamente, sem qualquer ação propositada. [p. 210]

Essas simulações mostraram-me, de uma maneira impressionante, que comunidades ecológicas mais complexas são, em geral, mais estáveis, como os ecologistas há muito tempo suspeitavam. [Harding - p. 214]

 

Condições suficientes para a vida: autopoiese, auto-organização e cognição.

 

Geometria do crescimento vegetal  (filotaxia):

O que é mais notável nesses diversos padrões é que eles frequentemente apresentam espirais e, além disso, muitos deles envolvem uma curiosa sequência de números conhecida como sequência de Fibonacci, na qual cada termo é igual à soma dos dois anteriores. [p. 219]

As frações dos ângulos observadas na filotaxia se aproximam da seção áurea: da matemática euclidiana, dada uma reta dividida em duas partes desiguais, o segmento todo estará para o segmento maior assim como o segmento maior estará para o segmento maior. [p. 220-221]

Como mencionamos antes, a questão-chave consiste em saber se a homoquiralidade na natureza se deve ao "acaso" ou se há um princípio físico básico que exige a preferência por um tipo de enantiômero e não pelo outro. [p. 227]

 

Novas estruturas, novas tecnologias e novas formas de organização social podem surgir de maneira totalmente inesperada, em situações de instabilidade, caos e crises.

No mundo determinista de Newton não há história e não há criatividade. No mundo vivo da auto-organização e das estruturas emergentes, a história desempenha um papel importante, o futuro é incerto e essa incerteza está no âmago da criatividade.[p. 228]

De fato, muitos cientistas cognitivos da atualidade concordariam com a ideia de que a própria noção de "eu" é uma propriedade emergente que surge da ocorrência e da ressonância simultâneas de sentimentos, memórias e pensamentos, de modo que o "eu" não é localizado em parte alguma, mas, em vez disso, é um padrão organizado sem um centro. [p. 229]

 

Darwin: Teoria da Evolução – ideia de que as espécies não são fixas e de que a natureza não segue um propósito em seu desenvolvimento (“faz-se caminho ao andar”). Origem das espécies a partir de um único ancestral, que sofreu mudanças que deram origem, gradualmente, às espécies atuais, selecionadas pelo ambiente para sobreviverem.

permanece o fato de que a seleção natural pode ser geralmente considerada como algum tipo de competição entre diferentes grupos vivos. [p. 258]

Darwinismo serviu de suporte à ideia reducionista do determinismo genético; porém, com a decodificação do genoma humano, foi quebrado o dogma central da biologia de que um gene=uma proteína, pois há muito menos genes do que proteínas, e assim foi necessário admitir que as características naturais dos seres vivos se dá pela interação entre os genes, que “cooperam” para manter determinadas características de geração para geração, não sendo possível determinar um deles como responsável por uma em específico.

Um outro aspecto muito importante da cooperação é indicado pela palavra "simbiose". A simbiose, a tendência de diferentes organismos para viver em estreita associação uns com os outros, e muitas vezes um dentro do outro (como as bactérias em nosso intestino), é um fenômeno generalizado e muito conhecido. [p. 225]

A partir da ideia de evolução, surge uma conclusão contraintuitiva: ”não é a função que determina a estrutura, mas sim, é o oposto, é a estrutura que determina a função” [p. 263]

Com isso, há a luta contra a corrente ideológica do “desenho inteligente”, que consiste em afirmar que existe um propósito em todo o movimento evolutivo, e que por trás disso há um “criador” que planejou tudo o que ocorre em escala biológica:

É interessante, neste momento, mencionar que até mesmo Aristóteles, em seu texto clássico De partibus animalium (Sobre as Partes dos Animais), ensinou que "a natureza adapta o órgão à função, e não a função ao órgão"; e Lucrécio escreveu, em seu célebre poema épico De rerum natura (Sobre a Natureza das Coisas), que "nada no corpo apareceu para podermos usá-lo. É o ter nascido que é a causa de seu uso" [p. 264]

Para a maioria dos defensores do ID, isso significa que, se ninguém nos programou, a vida não vale a pena ser vivida. Acreditamos que essa é, de fato, uma conclusão estranha, quase doentia. Pelo contrário, a conduta moral, o amor por nossos companheiros seres humanos e o desejo de paz e felicidade assumem o maior valor, precisamente porque eles não são o resultado de algum programa, mas valores descobertos por nossa própria humanidade. [p. 267]

Conceito de contingência– diferente de “acaso” (que sugere total aleatoriedade, com possibilidades ilimitadas), a evolução estaria condicionada pela estrutura dos seres vivos nos quais ocorre e sujeita às leis da física que se aplicam aos materiais de que eles se constituem. Diversamente de determinismo, que seria admitir somente um resultado como possível a partir de um conjunto de fatores, a ideia de contingências se volta para o resultado e observa que a ausência de um dos fatores (contingências) implicaria na inexistência do resultado, admitindo que existia ainda um espectro possível de resultados a partir daqueles fatores.

Assim, pela teoria das contingências, não se admite que a vida necessariamente teria existido, pois percebe-se que as contingências que a tornaram possível são de probabilidade muito baixa, e na ausência de uma delas, não haveria vida.

 

Busca pela origem da vida

Alexander Oparin:

Geralmente, aceita-se que a vida na Terra originou-se da matéria inanimada por meio de uma longa série de passos químicos que produziram um aumento espontâneo e contínuo da complexidade e da funcionalidade moleculares, até a emergência das primeiras estruturas compartimentadas (protocélulas) capazes de fazer cópias de si mesmas à custa de suas vizinhanças [p. 271]

 

Na verdade, nossa compreensão atual da evolução pré-biótica toma evidente que as vesículas delimitadas por membranas, que evoluíram nas protocélulas, só poderiam ter-se formado por causa da existência de moléculas anfifílicas, as quais, por sua vez, exigiram que as moléculas de água exibissem polaridade elétrica (seus elétrons ficam mais perto do átomo de oxigênio do que dos átomos de hidrogênio, de modo a deixarem uma carga positiva efetiva nesses últimos e uma carga negativa no primeiro). Sem essa propriedade elétrica sutil da água, a formação de vesículas - e, portanto, o surgimento da vida como a conhecemos -não teria sido possível. Então, em algum sentido, a possibilidade da vida no universo estava implícita a partir da formação da água e, de fato, da própria formação dos elementos hidrogênio e oxigênio pouco depois do Big Bang. [p. 274]

 

[...] teóricos postulam que o nosso universo poderia ser apenas um em um imenso oceano de universos diferentes, cada um deles tendo, possivelmente, constantes cosmológicas e físicas muito diferentes. É a noção de "multiverso" ou de universos paralelos. [p. 275]

 

todos os investigadores aderem ao seguinte conjunto de quatro princípios [sobre a origem da vida]:
(1) A vida originou-se da matéria inanimada por meio de um aumento espontâneo e contínuo de complexidade molecular.
(2) Os processos químicos na transição para a vida podem ser reproduzidos em laboratório com as substâncias e as técnicas químicas atualmente disponíveis.
(3) Esses experimentos podem ser implementados em um intervalo de tempo experimental razoável (horas ou dias), uma vez que saibamos as condições e as matérias-primas adequadas.
(4) Como não há nenhuma documentação a respeito de como as coisas realmente aconteceram na natureza, não há uma via obrigatória de pesquisa.

A partir da ideia das contingências e das múltiplas possibilidades, percebe-se que não há como saber quais eram as condições originais pré-bióticas, e assim não é possível chegar a um modelo que recrie isso:

A vida como a conhecemos hoje baseia-se em um grande número de compostos que não são formados sob controle termodinâmico. [p. 279]

Se a contingência modelou as sequências e formas específicas de biopolímeros, então a contingência nos impede de reconstruir a via precisa que esse modelamento seguiu [p. 280]

 

Questionamento sobre por que as coisas são assim e não de outra maneira na natureza:

Para se ter uma ideia das grandezas envolvidas, podemos representar as proteínas por grãos de areia. A razão entre o nosso número de proteínas possíveis de comprimento 100 (10 120) e o número de proteínas efetivamente existentes (10 14) corresponderia, então, aproximadamente, à razão entre toda a areia do Saara e um único grão de areia [p. 295]

 

Experimento com incorporação de biomoléculas nas vesículas: em vez de seguir a teoria, que afirmava que seria impossível as vesículas aprisionarem número suficiente de componentes para expressar uma proteína, isso ocorre nos experimentos. Usando medição, percebeu-se que em vez de seguirem todas um mesmo padrão, algumas vesículas aprisionavam muitos componentes e outras, nenhum:

o fechamento das vesículas in situ produz um ponto de bifurcação no qual um atrator, representando o aprisionamento de todos os 90 componentes, pode emergir. [p. 293]

 

E aqui, também, indicamos uma complementaridade entre contingência e determinismo, no sentido de que a contingência não pode operar fora das leis da natureza. Porém, mais uma vez, na via química que, com o tempo, conduz à complexidade das estruturas vivas, o determinismo implica que os processos químicos devem ter um resultado final específico, previsível em princípio, ao passo que a contingência implica que tal resultado pode não acontecer, em absoluto, ou que as coisas podem seguir por um caminho totalmente diferente. [p. 298]

Lahis Pasquali Kurtz

Mestra em Direito

Parte III – Uma nova concepção de Vida

Capítulo 7 – O que é vida ?

Quais as características essenciais de um sistema vivo ? Quatro observações sobre “o que é vida”:

1-      Automanutenção – a principal função da célula é manter sua individualidade apesar da miríade de transformações químicas que ocorrem nela.  A vida é uma fábrica que constrói a si mesma a partir de dentro.

2-      Não-Localização – a vida é uma propriedade global do sistema, não se localizando em uma reação em particular. Ela depende da  “interação organizada” de várias reações.

3-      Propriedade emergente – a vida é uma propriedade que emerge o todo, não se encontrando em suas partes, numa clara distinção com o reducionismo cartesiano.

4-      Interação com o Ambiente – o organismo vivo não precisa de informação ambiental para ser ele mesmo. É um sistema ‘operacionalmente fechado’, mas ‘termondinamicamente aberto’, pois depende de materiais externos para sobreviver, como nutrientes e fontes de energia. O organismo interage com o ambiente de maneira ‘cognitiva’, por meio da qual ‘cria’ seu próprio ambiente e o ambiente permite a atualização do organismo.

A vida portanto pode ser interpretada como UM SISTEMA DE SISTEMAS AUTOPOIÉTICOS INTERLIGADOS, podendo estes sistemas autopoiéticos serem de 1ª ordem (unicelular) ou de 2ª ordem (pluricelulares), representando sempre sistemas operacionalmente fechados, mas termodinamicamente abertos, com uma lógica circular de funcionamento, que realiza um acoplamento estrutural através do qual o sistema vivo se relaciona estruturalmente com seu ambiente.

Há, porém, um determinismo estrutural, no sentido de que a estrutura de um organismo é um registro de mudanças estruturais prévias, onde cada mudança influencia o comportamento futuro da estrutura do organismo. O ambiente não pode especificar as mudanças, apenas desencadea-las, sendo que o comportamento do organismo frente ao ambiente será determinado por sua estrutura. A organização global do organismo não pode ser modificada, mas algumas características estruturais, sim (como por exemplo, em razão da velhice). Assim, temos que a vida possui propriedade invariante – a organização autopoiética – e também propriedades variáveis, que afetam sua estrutura real. Sob essa perspectiva, a morte pode ser encarada como a desintegração da organização autopoiética, o que se dá de maneira progressiva, correspondendo a destruição dos vários níveis de propriedades emergentes dentro do sistema de sistemas autopoiéticos.

Assim como não existe organismo sem ambiente, também não existe ambiente sem organismo. Os organismos constroem seus próprios ambientes, através de interações com os fragmentos do mundo físico e biológico ao redor. Para realizar estas interações, o organismo realiza processos cognitivos.

Capítulo 8 – Ordem e Complexidade no mundo Vivo

Conforme Ilya Prigogine, a vida pode ser descrita como ‘uma ilha de ordem em um mar de desordem’ – A vida é portanto uma ‘estrutura dissipativa’ da entropia ao redor. Nenhum dos componentes da célula está vivo por si mesmo, mas quando reunidos em uma situação particular de espaço/tempo, a vida se manifesta.

8.2 – Emergência e propriedades emergentes

A partir desta idéia, surgem as concepções de Emergência Forte, onde as propriedades de um nível hierárquico superior não são, a princípio, dedutíveis das propriedades dos níveis inferiores, e de Emergência Fraca, que estatui que a relação entre o todo e as partes não pode ser determinada de qualquer maneira.

Além disso, a emergência, uma causalidade ascendente, está ligada a uma causalidade descendente, ou seja, o nível superior de organização afeta as propriedades dos níveis inferiores.

8.3 – Auto-organização e emergência em sistemas dinâmicos

Nos sistemas vivos, a estabilidade está afastada do equilíbrio, seguindo uma dinâmica não-linear, que se manifesta através de estruturas dissipativas da entropia ao redor. O sistema encontra pontos de bifurcação nos quais pode se ramificar em estados novos, cadaum com um atrator específico, donde emergem novas estruturas e novas formas de ordem.

Assim, a ordem flutua na desordem, embora a entropia total continue a aumentar, segundo a 2ª lei da termodinâmica. Um exemplo do processo é o aquecimento de uma fina camada de silicone, que, tendo sua estrutura perturbada pelo aumento da temperatura, atingindo o ponto crítico de desordem e agitação molecular, se reorganiza assumindo uma forma ordenada de estrutura molecular.

8.3.3 – Gaia – a Terra autoorganizadora – O mundo das margaridas

Esta teoria, desenvolvida por James Lovelock considera a atmosfera como um sistema aberto, afastado do equilíbrio, caracterizado por um fluxo constante de energia e matéria interagindo em ciclos de feedback que mantém determinadas características constantes, como a temperatura.

Para provar seu argumento, Lovelock desenvolveu um modelo experimental, denominado Mundo das Margaridas, com o qual demonstrou que a autorregulação se torna mais estável a medida em que a complexidade do sistema aumenta. Tal experimento corroborou a percepção de que comunidades ecológicas complexas são mais estáveis que as comunidades ecológicas com menor nível de complexidade.

8.4 – Padrões Matemáticos

Quiralidade – imagens refletidas de forma espelhada, mas não-simétricas.  Homoquiralidade (p.216)

9 – Darwin e a Evolução Biológica

Os fundamentos do darwinismo se estruturam sob a idéia de espécies ligadas por uma rede de parentesco a um ancestral comum. Com o tempo ocorreram mudanças, levando os organismos a desenvolverem algumas características mais adaptadas ao ambiente, oferecendo vantagens para obtenção de alimentos e reprodução, e levando estas mudanças a se perpetuarem e complexificarem. É a evolução por meio da seleção natural.

9.2 – Darwin, Mendel, Lamarck, Wallace

Lamarck foi quem primeiro introduziu a idéia de evolução, mas com a percepção equivocada de que esta seria uma transformação ocorrida em razão de ‘uma necessidade que continua a se fazer sentir’. Como se o pescoço longo da girafa fosse fruto de inumeras tentativas de alongamento para alcançar galhos mais altos. Gregory Bateson afirmou que a idéia de Lamarck era basicamente ‘a escada explicativa de cabeça para baixo’.

Wallace: desenvolveu idéias de que haveria um ‘planejamento inteligente’ por trás da seleção natural.

Mendel: realizou experiências que formaram a base para a genética moderna, introduzindo conceitos como dominância e segregação genética, hereditariedade e etc.

Após Darwin, vários ramos das ciências começaram a dar importância para explicações que levassem em conta a idéia de evolução, como por exemplo a geologia, a biologia, a astronomia e etc.

9.3 – Síntese evolutiva moderna

Atualmente a teoria se estrutura sobre como a evolução funciona no nível dos genes, fenótipos e populações, tendo irradiações inclusive em áreas como a sociobiologia, que estatui que determinados comportamentos, como agressividade, altruísmo e amor são determinados genéticamente e produtos da evolução.

9.3.1 – Código Genético

DNA fundado sobre duas características: autoreplicação e capacidade de codificação protéica.

9.3.2 – Deriva neutralista

As mutações não são direcionadas, elas apenas acontecem, e podem ser viáveis ao  organismo, sendo aceitas e incorporadas se não o prejudicarem.

Maturana e Varela preferem o termo ‘deriva natural’

Aspecto de contingência, jamais de determinação.

9.3.3 – Dogma Central

O dogma central da genética foi, por muitos anos, a idéia de que cada gene seria responsável pela síntese de uma proteína, porém tal percepção se demonstrou muito simplista, especialmente quando aplicada a organismos de grande complexidade, como os humanos, onde existem cerca de 25mil genes, que produzem uma quantidade ao menos 3x maior de proteínas.

9.3.4 – Os três domínios da vida

Através do reconhecimento da existência do LUCA (Last Universal Common Ancestor – último ancestral comum universal) se estabeleceram três ramos de vida de onde todas as formas de atuais se originaram: archea; bacteria; eucariontes.

9.3.5 – Avenidas da evolução

Essas formas de vida primitiva aumentaram de complexidade através de três formas de ganho informacional do sistema fechado: mutações aleatórias dos genes, recombinações de DNA e simbiogêneses.

9.4 – Genética Aplicada

A manipulação genética através das técnicas de sequenciamento de DNA e ‘splicing’ do gene (quebra e junção de DNA com ajuda de enzimas especiais isoladas de microorganismos) levou ao estabelecimento da Engenharia Genética, dentro da qual existe uma área em expansão denominada ‘Biologia Sintética’, que busca a criação de novas formas de vida em laboratório.

9.5 – O Projeto Genoma Humano

Iniciado em 1990 sob a coordenação de James Watson, o projeto buscava identificar as diferentes sequencias de organização do código genético humano. Houve competição entre a iniciativa pública e privada, com vitória do projeto público, em grande parte pela invenção, por James Kent, de um programa de computador capaz de organizar as combinações possíveis.

9.6  – Revolução Conceitual na Genética

A centralização excessiva nos genes como determinantes das características vivas levaram inclusive a formulação da teoria do ‘gene egoísta’, por Richard Dawkins, onde o gene que oferecesse vantagem tenderia a aniquilar as funções dos demais. Porém, o estudo de organismos complexos levou a reformulação da idéia do papel dos genes. Organismos complexos demonstram maior complexidade na síntese protéica, derrubando a teoria de um gene-uma proteína, que fora o dogma central de genética.

A evolução também é simbiose, cooperação e altruísmo. Para cada função biológica há uma série de genes  trabalhando conjuntamente, e a cooperação entre eles é a base da genética. Como cada gene é lido e sintetizado por proteínas, é preciso reconhecer uma função genética como uma REDE de genes ligados a uma REDE de proteínas.

Além do mais, comportamentos simbióticos, como os que se dão entre as bacterias do nosso sistema digestivo e nosso organismo também modificam as estruturas vivas. Lynn Margulis defende a idéia de que as células eucariontes, por exemplo, são frutos da fusão entre microorganismos procariontes, que originaram uma nova forma de vida, mais complexa e funcional que anterior.

Segundo Noble, nosso DNA não pode ser encarado como o ‘Livro da Vida’, sendo mais comparável a uma base de dados, já que a vida não se reduz a um conjunto de especificações oriundas desse código-fonte chamado DNA. Essa base dados lança as bases da estruturação de determinados sistemas, que vão se associando em sistema de complexidade crescente, donde emergem novas propriedades, que não podem ser deduzidas da mera leitura do código original.

Noble se opõe a teoria do Gene Egoísta, pois “qualquer inteligência que o sistema tenha estará no nível do organismo, não dos  genes. Além disso, dizer que essa inteligência está codificada no programa dos gene não é correto pois não há uma coisa que se possa chamar de programa. Nós somos o sistema que permite que o código seja lido.”

9.7 – Darwinismo e criacionismo

Não é a função que determina a estrutura, e sim a estrutura que determina a função. Nas palavras de Aristóteles: ‘a natureza adapta o órgão à função, e não a função ao órgão.’

Não há necessidade de um projetista que trace o melhor caminho para o desenvolvimento de uma função. O próprio sistema de contingência e adaptação evita que mudanças inviáveis consigam se perpetuar.

9.8 – Acaso, contingência e Evolução

Uma ocorrência imprevisível (contingência) está na origem de toda inovação, de toda criação na biosfera.  Ex do Pombo morto em pleno voo por uma telha cadente: contingência = ‘poderia não ter acontecido’.

10 – A procura da Origem da vida na Terra

10.1 – Evolução Molecular Pré-biótica

Uma longa série de passos químicos que produziram um aumento da complexidade e das funcionalidades moleculares, até o surgimento de organismos protocelulares capazes de fazer cópias de si mesmos.

10.2 – Contingência versus determinismo na origem da vida

Visão Determinista – acredita que a vida surgiria inevitavelmente, dadas as condições iniciais da atmosfera do planeta

Contingência – poderia não ter surgido, ou ter demorado tempos diferentes dos ocorridos para atingir graus de evolução semelhantes aos atuais.

10.2.1 – Princípio antrópico

É incorreto, pois o universo apresentar as condições de surgimento da vida não garante sua emergência.

10.3 – Química pré-biótica

1 – a  vida se originou da matéria inanimada por um aumento espontâneo da complexidade e das funcionalidades

2 – os processos químicos na transação para a vida podem ser reproduzidos em laboratório.

3 – podem ser implementados em intervalo de tempo razoável, uma vez que saibamos as condições e matérias-primas necessárias

4 – não há via obrigatória de pesquisa, pois não há registro do caminho que a natureza trilhou.

Substâncias bioquímicas complexas podem ser formadas a partir de uma  mistura muito simples de componentes gasosos (experimento de Oparin)

Enigma da complexidade molecular: ácidos nucléicos e proteínas formam um sistema operacionalmente fechado, como uma rede autopoiética celular, onde a informação complexa não vem de fora, mas da própria lógica interna do sistema. Este aumento da complexidade torna possível a autoorganização e a emergência de novas propriedades, a cada vez que um novo sistema é sobreposto, dentro da teia de sistema de sistemas autopoiéticos que dão origem à vida.

Uma nova concepção de vida

Dando continuidade ao livro os autores introduzem a busca de uma nova concepção da vida com a celebre questão: O que é a vida? Fazendo com isso uma retórica voltada à introdução da visão sistêmica para o conceito de vida e de como ela foi possível de ser gerada na Terra.

O que é a vida?

A etapa inicial deste questionamento passa previamente pela definição do que é a vida. Sendo esta uma definição buscada durante a existência humana. Boa parte da resposta é advinda do conceito de autopoiese, termo cunhado por Maturana e Varela. De acordo com os autores uma grande característica da definição de vida passa pela automanutenção.

A visão sistêmica aplicada a vida significa manter um olhar para um determinado organismo em sua totalidade, passando por suas interações mútuas. No livro é apresentado o modelo complexo para uma bactéria, exemplificando assim a complexidade do assunto mesmo sem a adição de demais conteúdos teóricos.

Para os autores os principais fenômenos  biológicos que podem definir o que é a vida são: automanutenção, não localização, propriedade emergentes e interação com o ambiente.

A automanutenção é a característica que permite a célula manter a sua própria existência. A não localização é a impossibilidade de determinação do local onde a vida possa ser localizada. A propriedade emergente determina que algo que não está nas partes e que surge com a junção de dois ou mais componentes. Interação com o ambiente é a necessidade que um organismo necessita de algo externo para sobreviver, ou seja, é um sistema termodinamicamente aberto.

Autopoiese pode ser definida com uma organização que pode ser capaz de se sustentar em virtude de reações que se regeneram continuamente. O conceito pode ser expandido para sistemas gerando a ideia de sistemas autopoéticos, gerando com isso a classificação de sistemas autopoiéticos de primeira ordem (para seres pluricelulares) e de segunda ordem (para multicelulares). Tais sistemas podem estar contidos dentro de sistemas mais abrangentes, gerando assim a noção de que a vida é um sistema de sistemas autopoiéticos interligados.

Para a caracterização da interação do sistema com o meio devem ser consideradas as noções de acoplamento estrutural, cognição e determinismo estrutural, a trilogia da vida. O acoplamento determina como o ser se relaciona com o ambiente. O determinismo estabelece como o ser é determinado pela sua própria estrutura. A cognição é o significado da vida em função da estrutura interna, muito ligado ao princípio da autopoise.

A autopoise social é uma expansão do conceito biológico para o funcionamento de redes sociais complexas, aproveitando algumas ideais aplicadas a partir de uma perspectiva unificadora.

Paradoxalmente surge  pergunta semelhante, porém com o outro lado da linha da vida, questionando o que seria a morte. Para os autores este conceito surge quando a as propriedades emergentes passam a ser destruídas, começando assim a decadência da vida.

Ordem e complexidade no mundo vivo

A auto-organização é um conceito extremamente relevante para a determinação da origem da vida, distando assim do conceito de caos. Para a formação de células minimamente funcionais deve ser estudado como elementos distantes puderam se agregar e formar outros mais complexos e com funcionalidades novas.

Tais funcionalidades geradas pela união de compostos recebe o nome de emergência, conceito que se faz necessário para tentar determinar o que é vida e como ela se constitui no passado.

Com a evolução das células para organismos, assim em uma constante evolução e adicionando complexidade se chega a seres e sistemas complexos. Os sistemas evoluem e se autoorganizam, chegando por fim ao conceito de Gaia, a Terra auto-organizadora, um exemplo desta evolução foi emulada em computador no célebre experimento denominado Mundo das margaridas.

Com o incremento da complexidade puderam ser percebidos padrões matemáticos, tais como quiralidade e assimetria, surgindo assim o ramo da biomatemática.

Darwin e a evolução biológica

Charles Darwin foi um divisor de águas para a ciência, rompendo a visão de criacionismo vigente até o momento de publicação do livro a Origem das Espécies. O mote do livro aponta para um ancestral comum de todas as espécies, tal como um coral, e não uma árvore como usualmente é apresentado o relacionamento entre as espécies.

Seu trabalho foi precedido por Lamarck e ainda teve concorrência com Alfred Wallace. A teoria de Darwin passou a ter maior aderência com as experiências genéticas realizadas por Gregor Mendel.

Na atualidade o evolucionismo é uma teoria vigente, principalmente com a descoberta do código genético, do DNA e do RNA. O DNA é compostos por pares CG (Citosina-Guanina) e AT (Adenina-Timina) conectando as duas fitas, estas compostas por açúcares e fosfatos dispostos em uma longa sequência. A priori os cientistas pensavam que para cada gene haveria uma característica física associada. Porém com a evolução do projeto Genoma a complexidade deste composto se mostrou ainda maior. Foi tentado recentemente a aplicação de genética em uma série de tentativas de se alterar o sequenciamento do DNA. A epigenética é o estudo da mudança hereditárias do fenótipo, sendo este diferente do genótipo, composto pela constituição genética. O fenótipo apresenta as características físicas apresentadas pelo indivíduo.

A classificação moderna das espécies é composta por três domínios: bactéria, archae e eucariontes (grande parte dos animais), gerando com isso avenidas de evolução. Hoje é tentada a determinação do LUCA (último ancestral comum universal) para determinar onde começou a vida no planeta.

A procura pela origem da vida na Terra

Alexander Oparin foi um dos primeiros a tentar gerar componentes básicos para a formação de vida dentro de um ambiente controlado, tomando como elementos básicos materiais não vivos. Um dos seguidores desta vertente foi Stanley Miller, que conseguiu gerar aminoácidos com base em hidrogênio, amônia, metano e vapor de água, itens previstos nos primórdios da Terra, sugeridos por Oparin.

A biologia sintética surge como um desdobramento da genética, tentando dentro de laboratórios recriar compostos que possam um dia gerar, quem sabe, uma nova forma de vida. Aplicações mais modestas prevem a criação destes compostos como forma de repor deficiências.

Um dos objetivos da biologia sintética é a construção de células mínimas, uma das buscas da ciência moderna, tentada por meio de uma abordagem de baixo-para-cima. Para tanto foram criados em laboratório membranas compostas de lipídios. Na sequência estão tentando colocar outras partes dentro deste invólucro, porém sem grande sucessos.

A origem do metabolismo celular tem algumas de suas hipóteses apresentadas, apresentando a improvável chance matemática de que os 90 compostos macromoleculares pudessem ter sido isolados dentro de uma vesícula, plotados no gráfico com distribuição de Poison. Porém para o composto ferritina o tipo de alocação tudo-ou-nada apresenta um resultado espantoso.

Por fim é destacada a enormidade de combinações de proteínas nunca nascidas, como um exemplo de hipóteses não apresentadas na natureza, mas que seriam prováveis de serem geradas e que por algum motivo alheio não foram no meio de um número gigantesco de probabildiade.

 

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Robson Junqueira da Rosa

Capítulo III - Uma Nova Concepção da Vida

7. Conceito de vida - Não existe uma concepção universalmente aceita. Corpo de cientistas que lidam com a questão é heterogêneo.

Quais são as características mais gerais de um ser vivo? Esquema conceitual da teoria da autopoiese, de Humberto Maturana e Francisco Varela. Autopoiesis = fazer a si mesmo. Poiesis, do grego  = criação, concepção, fabricação.

Maturana e Varela - principal característica da vida é a automanutenção. Sistema químico que continuamente reproduz a si mesmo.

O que é vida? O que é cognição? A cognição - processo de conhecer - é inseparável da autopoiese.

A Visão Sistêmica da Vida

Visão sistêmica = olhar para um organismo vivo na totalidade  de suas relações mútuas.

Organismo unicelular - examina a rede metabólica de uma bactéria. Rede tridimensional de extrema complexidade. Membrana semipermeável esférica que diferencia o mundo externo do mundo interno. Dentro do "compartimento" - muitas reações e transformações.

Quatro observações fenomenológicas:

1. Automanutenção - contradição entre as estruturas internas e a constância da estrutura global. A principal função da célula é manter sua própria individualidade apesar da miríade de transformações que ocorrem nela. A célula regenera, a partir do seu interior, os componentes que são  consumidos.

Automanutenção - vale tanto para os microorganismos quanto para o elefante.

A célula e, por inferência, a vida, pode ser considerada como uma fábrica que se ocupa com a automanutenção.

2. Não-localização - a vida não está localizada. A vida é uma propriedade global. E os seres que têm habitats específicos? E os planetas onde não há vida?

3. Propriedades Emergentes - a vida é uma propriedade emergente, uma propriedade que não está presente nas partes e se origina apenas quando as peças são montadas juntas. O todo só pode ser reduzido a seus componentes se essa divisão estiver restrita à sua estrutura física.

Por um lado, a vida biológica é apenas química. Por outro, a vida como propriedade não pode ser reduzida às propriedades de seus componentes químicos isolados.

4. A interação com o ambiente

Sistema operacionalmente fechado - a célula não precisa de nada que está no ambiente para ser ela mesma.  As perturbações no ambiente não determinam o que acontece no ser vivo. Ao contrário, é a estrutura do ser vivo que determina o que acontece naquele. O agente perturbador produz uma mudança  simplesmente como um gatilho.

Acoplamento estrutural - interações recorrentes com seu ambiente. (Brainstorming: tanto essa ideia como a da teoria de Gaia já estavam presentes no induísmo e no budismo - textos sagrados orientam a prática da meditação  de olhos entreabertos, como forma de estar na fronteira entre o eu e o todo que o recria e de que faz parte, o yin e o yang. Não se olha nem totalmente para dentro nem totalmente para fora. A ciência demorou a aprender o que essas filosofias já sabiam)

Determinismo estrutural - diferenças entre as maneiras como sistemas vivos e não-vivos interagem com seu ambiente. Chutar pedra - relação de causa e efeito. Chutar cão - responderá de acordo com sua própria natureza.  Não quer dizer previsível. Todos os seres vivos têm uma história. A estrutura viva é sempre um registro de desenvolvimentos anteriores.  O comportamento dos sistemas vivos é estruturalmente determinado. Sucessão de mudanças estruturais autônomas - ao mesmo tempo livre e determinado.

Sistema nervoso - a estrutura do ambiente não pode especificar mudanças, pode somente desencadeá-las.

Autopoiese social - sistemas sociais não apenas no domínio físico, mas no domínio social simbólico. Regras geradas no próprio sistema social.

Autopoiese social - Niklas Luhman - redes autopoiéticas no domínio social como redes de comunicações.

P 87 importantíssimo: redes sociais exibem os mesmos princípios gerais que as redes biológicas. Fronteira física em redes sociais e fronteira cultural em redes biológicas. A observação segundo a qual a "bio-lógica" ou padrão de organização de uma simples célula é a mesma que a de toda uma estrutura social é altamente não trivial. Ela sugere a presença de uma unidade fundamental da vida e, portanto, também a necessidade de se estudar e compreender todas as estruturas vivas a partir dessa perspectiva unificadora.

O fim do envelhecimento é a morte, processo pelo qual todos os componentes moleculares são devolvidos ao meio ambiente, e usados para outros propósitos. Correspondência entre a autopoiese e a vida.

Morte - desintegração da organização autopoiética que organiza a vida.

EEG achatado - algumas vozes se colocaram contra essa percepção médica da morte. Possíveis formas de vida artificial e modelos de vida celular.

Autopoiese e cognição - interação do organismo vivo com o meio ambiente. Não existe ambiente num sentido independente e abstrato. Organismos constroem seu próprio ambiente. Percepção e cognição em função e a partir da estrutura interna do organismo. Sofisticação do organismo cresce - também cresce o seu sensorium. Em certo ponto da evolução do sensorium, ocorre a evolução do sistema nervoso, e, com ele, a emergência da consciência. Atos de cognição e coemergência - enação - em todo organismo vivo. Ação guiada pela percepção. A vida não tem significado sem a cognição.

Mente - cognição - mente incorporada

Trilogia da vida - a vida interage com o meio ambiente por meio de um sensorium de cognição. Interações entre seres humanos - domínio das ciências sociais. Interações com a natureza - domínio da ecologia.

Vida - rede tridimencional de relações. Rede pode ser descrita como uma sociedade de pessoas interagindo umas com as outras.

No âmbito da cognição, reconhecemos as noções de acoplamento estrutural recursivo e determinação estrutural. A trilogia da vida adquire uma perspectiva dinâmica e histórica.

8 - Ordem e Complexidade no Mundo Vivo

- Auto-organização - Caminha de mãos dadas com a emergência. Por razões heurísticas, para fins de simplificação, tratadas separadamente.

Emergência - surgimento das novas propriedades na estrutura organizada.

Auto- organização + emergência = autorreprodução.

O eu denota um processo endógeno, é ditado por regras internas.

Vírus e colmeia - organização resultado da atividade genômica e enzimática - ainda se pode falar em auto-organização.

Exemplos de auto-organização em diversos sistemas. Auto-organização molecular, auto-organização em sistemas complexos.  Complexos oligoméricos - interação proteína+proteína. Exemplo da hemoglobina, que transporta oxigênio nos mamíferos. Montagens de diferentes proteínas na formação de tecidos muito particulares. Axonema - núcleo esquelético interno do flagelo de uma bactéria - lembra uma mandala oriental.

- Emergência  e propriedades emergentes  - as propriedades emergentes são as propriedades novas que surgem quando um nível superior de complexidade é atingido ao se reunir componentes de complexidade inferior. As propriedades não estão presentes nas partes. Elas emergem do conjunto de interações entre elas. O todo é mais que a soma das partes.

Na geometria - uma linha emerge do movimento de um ponto. Uma figura bidimensional emerge do movimento de uma linha.

- Causação descendente -  propriedades emergentes (causalidade ascendente) associadas a uma corrente de causalidade  descendente - nível hierárquico superior afeta as propriedades dos níveis inferiores. A tribo afeta o comportamento da família; a família, o do indivíduo. A causação descendente fornece um importante argumento contra o determinismo genético.  A corrente ascendente de emergência vai dos genes para as proteínas. No entanto, é todo o organismo que determina quais proteínas devem ser construídas e quando; é a causação descendente que é a fonte primária das funções biológicas e do comportamento.

 

Auto-organização e emergência em sistemas dinâmicos - sistemas que mudam ao longo do tempo. Operam afastados do equilíbrio, mas são capazes de produzir estruturas auto-organizadoras estáveis.

Gaia - a Terra auto-organizadora - James Lovelock  - mais bela expressão de auto-organização - o planeta Terra, como um todo, é um sistema vivo, auto-organizador.  Voos espaciais permitiram olhar para o nosso planeta como uma totalidade integrada. Em vez de perceber a terra como um planeta morto, composto de rochas, atmosfera e oceanos inanimados, ele propôs considerá-la como um sistema complexo, abrangendo toda a vida e todo o seu ambiente estreitamente acoplados, de modo a formar uma entidade autorreguladora.

Mais uma vez, a interdisciplinaridade  como fundamento da visão sistêmica - a teoria de Gaia reúne microbiologia, química atmosférica e outras disciplinas cujos estudiosos não estavam acostumados a se comunicar uns com os outros. MUITO importante!

Reação de resistência irracional por parte do establishment científico.

Gaia - três níveis de organização - auto-organização, autopoiese e cognição.

Mundo das margaridas: as comunidades ecológicas mais complexas tendem a ser mais estáveis.

Seria possível que apenas um incremento extra de poluição ou de destruição de habitat acabasse por desencadear uma mudança igualmente dramática para um regime de clima novo e potencialmente inóspito sobre a Terra real?

8. Padrões matemáticos do mundo vivo

Quiralidade - assimetria da natureza. Imagens que se espelham, como nossas mãos. A natureza é intrinsecamente assimétrica.  Por quê? Qual é a vantagem evolutiva dessa assimetria? Alto grau de simetria no nível macroscópico. Simetria e beleza.

Biomatemática - uma nova fronteira da matemática - as espirais manifestam-se ubiquamente na natureza. Podem ser destras ou canhotas. Teoria da complexidade - matemática de padrões - várias novas conexões entre matemática e biologia. Ian Stewart - biomatemática - nova fronteira matemática do século XXI.

Simetria na física e na biologia - como um universo material que exibe simetrias perfeitas - suas leis sendo praticamente as mesmas por toda parte no espaço e no tempo - pode dar origem a uma grande quantidade de estruturas e comportamentos? Princípio da quebra de simetria.

Numerologia do crescimento vegetal - filotaxia - exemplo mais antigo de padrões matemáticos reconhecidos na biologia. Sequência de Fibonacci - cada número e igual à soma dos dois números anteriores.

As espirais da natureza - autossimilaridade - não altera sua forma quando cresce em tamanho. Nautilus, sementes de girassol. Leonardo da Vinci - padrões espiralados.

 

Visão sistêmica da vida - em vez de ser uma máquina, a natureza em seu todo passa a se parecer mais com a natureza humana - imprevisível, sensível ao mundo ao seu redor e influenciada por pequenas flutuações. MUITO importante! No mundo determinista de Newton, não há história e não há criatividade. No mundo vivo da auto-organização e das estruturas emergentes, a história desempenha um papel importante, o futuro é incerto e essa incerteza está no âmago da criatividade.

Existem as diferentes funções  ou componentes que se combinam e juntos produzem um eu transitório, não-localizável, relacionalmente formado, que, não obstante, não se manifesta como uma entidade perceptível. Nunca descobriremos um neurônio, uma alma, ou alguma essência nuclear que o constitua.

9. Darwin e a evolução biológica

Constância da forma de uma geração para outra. Todos viemos de um único ancestral. Não há nada mais holístico e sistêmico que essa afirmação de Darwin. As espécies não são fixas, mas mudam com o tempo. Evolução por meio da seleção natural.  Geração enriquecida por indivíduos caracterizados por essas características positivas.

Árvore da vida de Darwin - as raízes não precisam estar vivas. Isolamento geográfico é um fator importante para a evolução - adaptação.

Darwin, Mendel, Lamarck e Wallace - interconecção multifacetada. Lamarck - As funções criam os órgãos e a hereditariedade determina a mudança na prole. Experimentos genéricos de Mendel - características herdadas nas ervilhas - unidades genéticas - genes.

Último ancestral comum universal - 3 domínios da vida - archea, bactérias e eucariontes rede sistêmica universal - mais de 3,5 bilhões de anos. Rede planetária de bactérias - principal fonte de criatividade evolutiva.

Processo evolutivo - rica biodiversidade.

Revolução conceitual na genética - dogma DNA - RNA - proteínas - seres humanos. As sequências de codificação podem ser cortadas e emendadas entre si de mais de uma maneira, e cada splicing alternativo resultará em uma diferente proteína. Não se pode deduzir qual proteína será produzida.

Epigenética - estudo das mudanças hereditárias no fenótipo. A evolução também é simbiose, simbiogênese, cooperacão e altruísmo. Duvidar do dogma central do determinismo genético. Rede de genes ligada a uma rede de proteínas - concepção sistêmica da genética. Interação mutuamente vantajosa entre indivíduos. Como as diferentes partes de um inseto sabem que pertencem a uma mesma unidade? Porque aprenderam a interagir positivamente entre si. Lynn Margulis - simbiogênese - criação de novas formas de vida por meio de acordos simbióticos.

 

Nós não somos os nossos genes - é muito difícil identificar genes individuais com uma função definida. A ideia de determinismo genético não procede. Os organismos não são fabricados de acordo com um conjunto de instruções, como na relação hardware-software. Enrico Coen.

Darwinismo e criacionismo - os criacionistas, numa atitude fundamentalista, não reconhecem que a Bíblia traz mitos da criação e interpretam o texto literalmente. Intelligent design - movimento pró-criacionismo. Ignorância e concepções errôneas sobre a ciência.

A fim de ser "aceita", a mutação tem de aceitar várias condições e restrições.

Mudanças evolutivas seguem um processo complexo e altamente ordenado.

10. A procura da origem da vida na Terra

Desdobramento evolutivo da vida na Terra - impulsionado pela criatividade inerente a todos os seres vivos - mutações, intercâmbio de genes e simbiose.

Alexander Oparin - A origem da vida.  A matéria inanimada se organizou de maneira a levar à origem da vida. "É evidente que o universo estava grávido da vida, e a biosfera, do homem."

 

Química pré-biótica - 3,5 a 3,9 bilhões de anos. É possível criar vida a partir de matéria inanimada em condições probióticas.  Na Terra Primordial, havia materiais orgânicos para começar a vida, mas essa não é condição suficiente para isso. 144 - 146. Dicotomia entre contingência e determinismo.

11. A Aventura Humana

As Eras da Vida - cada uma de um a dois bilhões de anos -  Era pré-biótica, idade do microorganismo, era dos seres humanos. A última é um episódio breve, que pode chegar a um fim abrupto num futuro próximo.

David Brower - ilustra o processo de evolução com dias da semana.

A era dos seres humanos - evolução de células nucleadas, eucarióticas, que se tornaram o componente fundamental de todas as plantas e animais - emergência de organismos pluricelulares. 1,4 milhão de anos - macacos que caminhavam eretos - Australopithecus. Homonídeos de 1,40 cm de altura. Desamparo dos bebês humanos desempenhou um papel crucial na transição do macaco para o homem. Dois milhões de anos - primeiros descendentes de macacos humanos. Homo habilis. Controle do fogo.  400 mil e 250 mil anos homo erectus se desenvolveu em homo sapiens. 125 mil anos - neandertal . 35 mil anos - cro-magnons - inovações tecnológicas e atividades artísticas. Objetos ritualísticos.

Caverna Chauvet - pinturas rupestres - Serra da Capivara  - as pinturas são mais antigas que as encontradas na França, com 50 mil anos. Continua sendo um mistério. O homem primitivo americano é negroide, e não mongol. Expulsos  pelos mongóis caçadores. Cenas de caças, rituais e até de um beijo.A procura pelos ancestrais históricos do homem é a procura pelo contador de histórias e pelo artista. Homo Ludens - Huizinga.

 

O instinto do macaco assassino. Somente os seres humanos e os chimpanzés são assassinos na natureza. Característica masculina. Capitalismo predatório, colonialismo. Sistema econômico global com desastrosos impactos ambientais e sociais. Modelos de urbanização que visam à ostentação, e não ao bem estar coletivo.  Há formas de tecnologia relacionadas ao nosso instinto do macaco assassino.

Busca pela beleza e pela harmonia - 30 mil anos - pinturas, estatuetas e instrumentos musicais paleolíticos. Arte - vantagem reprodutiva. Lista de adaptações evolutivas, juntamente com o prazer do sexo. Apreciação contemplativa também é instintiva. Sentido estético pensado em conjunto com o desenvolvimento da consciência, bem como da espiritualidade.

12. Mente e consciência - superou a divisão cartesiana de mente e matéria. Mente e consciência são processos. Teoria da cognição de Santiago. A mente não se manifesta apenas em organismos individuais, mas em ecossistemas e sistemas sociais. Bateson - fenômeno da mente e fenômeno da vida interligados. A mente é a essência do estar vivo.

Cognição - o processo da vida - não difere do tipo de cognição dos outros seres vivos, apenas difere nos tipos de interação.

Acoplamento estrutural - os sistemas vivos respondem a perturbações do meio ambiente com mudanças estruturais. Cognição é um contínuo dar à luz um mundo. Alma - atman, psyche, anima. Espírito - spiritus, pneuma e ruah.

Sopro da vida. Alma - filosofia grega - dimensão cognitiva. Relação entre mente e cérebro - processo e estrutura. Teoria da mente que unifica mente, matéria e vida. Consciência - cognição alcança certo nível de complexidade.

Consciência primária - hic et nunc

Consciência expandida - sujeito pensante e reflexivo.

Diferentes estados de experiência consciente - qualia.

Visão reducionista clássica - somos um pacote de neurônios. Neurofenomenologia - Varela. Vários domínios da experiência cognitiva.

Damásio - experiências cognitivas - grande ensemble de estruturas cerebrais. Protoeu consciente do eu nuclear.

Consciência reflexiva - evoluiu junto com a evolução da linguagem e das relações sociais organizadas.

Maturana - linguagem - biologia da consciência humana. Fluxo contínuo de coordenações de comportamentos. Tecemos, juntos, uma teia linguística em que estamos incorporados. Linguística cognitiva - natureza da linguagem a partir da perspectiva da ciência cognitiva.

Mente incorporada - a razão humana é modelada pelo nosso corpo e cérebro.  E as nossas escolhas???

Fala - capacidade para a sintaxe. A mente e o corpo não são entidades separadas.

13. Ciência e espiritualidade - relação dialética !!!!!!!!

Ciência - progresso material e tecnológico. Incrível expansão de nossa capacidade de comunicação global . Agressividade e vontade de poder.

Espiritualidade - crescimento interior. Amor e respeito aos outros seres ( não somente os humanos).

Destino da civilização moderna - equilíbrio entre o progresso tecnológico e a sabedoria espiritual. Rompimento com a dicotomia ciência e religião.

Dimensões externa e interna da espiritualidade.

Espiritualidade, no sentido amplo, em oposição à ciência do capitalismo predatório - clonagem, organismos geneticamente modificados, poluição, desmatamento, consumismo excessivo.

Experiência profunda, mística, da realidade. Experiência não ordinária da realidade, realizada durante momentos de vitalidade intensificada. Vitalidade da mente e do corpo é percebida como uma unidade. Um encontro com o mistério da eternidade da vida - a experiência humana mais bela. Reverência e humildade.

Comentário meu: a relação com a espiritualidade e com a metáfora é bastante diferente na Índia antiga e na Era Medieval Cristã. Na segunda, há a manipulação da espiritualidade para o controle e o medo. Na primeira, a espiritualidade é meio para a intensa alegria de viver. Por isso, toda a experiência de vida é vista como sagrada e encantadora. Relação com os conceitos de singularidade e estranhamento diante da beleza, que caracterizam a arte. Formalismo russo.

Conceito de espiritualidade consistente com a visão sistêmica da vida.

 Semelhança entre físicos e místicos - acesso a níveis de experiências não comuns. Mind of Life Institute - diálogos entre cientistas e budistas.

As coisas derivam o seu ser e a sua natureza por dependência mútua e, em si mesmas, nada são. Comportamento antiético é um obstáculo para a autorrealização. Sabedoria iluminada = inteligência intuitiva + compaixão. A nossa ciência é de pouco valor a não ser que seja acompanhada pela preocupação social e ecológica.

Espiritualidade, ecologia e educação - não fomos jogados no caos, mas somos parte de uma grande sinfonia da vida. A experiência de pertencer pode tornar nossa vida profundamente significativa.

A dimensão espiritual da educação!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Alfabetização ecológica!!!!!!!!!!!

Interdependência de todos os fenômenos - profunda consciência ecológica. Dimensão espiritual fora do mundo acadêmico. Especialistas tecnológicos ou humanistas em uma disciplina particular. Incluir a dimensão espiritual na educação é ainda mais difícil do que manter uma visão sistêmica!!!!!!!!!!

Cortona weeks - interessante. Buscar mais info. Schumacher College. Intensos debates não eurocêntricos. Alargamento da perspectiva educacional.

Problema de fundamentalistas de ambos os lados - ciência e religião. Ecologia profunda - ponte ideal entre a ciência e a espiritualidade. Nova geração de líderes. Profunda transformação em nossas instituições acadêmicas.

14. Vida, mente e sociedade

Consciência - fenômenos sociais. Conflitos de interesse - origem das relações de poder. Teoria social no séc XX - positivismo - Augusto Comte - negar explicações que recorram a fenômenos subjetivos - tem reflexo até na redação científica - negar o "eu".  Lacuna entre as ciências naturais e as ciências sociais. Realidade social, consciência e linguagem - estruturalistas - Strauss e Saussure.

Teorias integrativas de Giddens e Habermas - pessoas recorrem a estruturas sociais para buscar seus objetivos estratégicos. Habermas - teoria da ação comunicativa. Suposições implícitas encaixadas na história ou na tradição.

Sistema  = relações. O padrão de rede é um dos padrões básicos de organização dos sistemas vivos. Nós e ligações. Padrão não-linear de organização. Organismos e sociedades humanas são tipos muito diferentes de sistemas vivos. Regimes totalitários restringem a autonomia de seus membros.

Natureza dual da comunicação humana - coordenação contínua de comportamentos. Pensamento conceitual e linguagem simbólica. Regras de comportamento - estruturas sociais. Redes de comunicação. Estruturas - propósito e planejamento. Dimensão emocional das interpretações.

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Galbraith - o exercício do poder, a submissão de alguns à vontade de outros, é inevitável na sociedade moderna. Manuel Castells - estrutura social caracterizada pela sociedade em rede. Novo tipo de estrutura de poder. O sucesso da rede depende do sucesso de cada indivíduo conectado.

IMPORTANTE - os sistemas vivos são redes autogeradoras. Seu padrão de organização é um padrão em rede. Estruturas organizacionais. Padrões formalmente planejados. Regras de comportamento que incorporam as relações de poder. Ideias, valores e crenças - estruturas de significado ou estruturas semânticas.

Tecnologia e cultura - o significado de tecnologia, assim como o de ciência, mudou consideravelmente ao longo dos séculos. Manuel Castells - tecnologia é o conjunto de ferramentas, regras e procedimentos por meio dos quais o conhecimento é aplicado a uma dada tarefa de maneira reprodutível. A tecnologia é uma característica definidora da raça humana. 191

Nós caracterizamos os grandes períodos da civilização humana em função de suas tecnologias. Idade da Pedra, do Bronze, do Ferro. Era Industrial.mEra da Informação. A tecnologia modela a natureza humana de maneiras específicas.

Sistemas sociais vivos são redes autogeradoras de comunicações. Trazer vida para as organizações aumenta sua criatividade, flexibilidade e potencial de aprendizagem. Tais organizações serão capazes de sobreviver quando mudarmos nosso sistema econômico de modo que ele passe a promover a vida.

15. A Visão Sistêmica da Saúde

Visão sistêmica tem implicações importantes para todos os campos de estudo.   Organismos vivos, sistemas sociais ou ecossistemas. Crítica à abordagem mecanicista da saúde e da cura. Aumento de custos da assistência à saúde. Desproporção entre o custo e a efetividade global da medicina.

Origens da doença na abordagem sistêmica- corpo e mente. Meu Comentário -  Yoga - má distribuição de energias. É preciso fazer a energia circular para um reequilíbrio. Isso exige um contato consigo como parte de um todo por meio da meditação. Tal leva a mudanças de atitudes, de valores e de decisões. O resultado é corpo e mente saudáveis e realmente capazes de celebrar a alegria do viver.  Superação dos valores  de disputa e competição.

Terapia genética não é a solução, até porque não nos permite um caminho de reestruturação e aprendizagem. Meu comentário: A cura passa a ser pior que a doença. Para os budistas, não há porque temer a morte, comparada ao sono, que nos permite um novo despertar. Para Lacan, a doença, inclusive as psicopatologias, é um caminho para a cura. Para a visão sistêmica, é uma das maneiras não saudáveis de buscar a cura.

Nossa compreensão da saúde sempre estará ligada à nossa compreensão da vida. Aspecto físico e mental. Redefinir radicalmente o termo psicossomático.

Problema do estresse prolongado.

Assistência holística à saúde. Assistência preventiva abrangente - comportamento, alimentação e ambiente. Políticas de saúde. Terapia integrativa - explorar a natureza e o significado da doença. O objeto da terapia é a pessoa em sua totalidade. Abordagem multidimensional tratamento em vários níveis. Medicamentos utilizados em casos de emergência. Saúde dentro e fora do sistema médico. Renascimento da agricultura sustentável. Solo saudável - pessoas saudáveis e comunidades saudáveis.