Creta: a civilização do feminino - origem da democracia?


Porgeovana- Postado em 15 abril 2011

O Cálice e a espada (apresentação no prezi no link)

Segundo a historiadora Riane Eisler a pré- história é um verdadeiro quebra cabeças, mas o maior desafio para a sua compreensão não está fundado na falta de peças, mas na ausência de um paradigma para compreendê-la. As lentes usadas pelos historiadores de hoje provocam olhares distorcidos e induzem a vários erros. Exemplifica o problema quando da descobertas de tumbas ricamente ornadas (Nagadeh e Meryet-Nit) se presumiu que fossem reis, na verdade após pesquisas mais profundas se constatou que eram mulheres.

A Historiadora Merlin Stone, buscando entender como este preconceito levava a erros na pesquisa, visitou centenas de escavações, documentos,  e constatou: um longo período homens e mulheres viviam como iguais e esse período é ignorado.

Creta:período minóico

Creta é o símbolo mais precioso da evidência de uma civilização ocmplexa, sofisticada, rica, agrária e feminina. Só na década de 80 se descobriu a civilização antiga que habitou Creta. Civilização com 4 alfabetos, considerada literária e não arqueológica após os estudos, construiu diversos palácios com vários andares, rede de estradas, registraram-se sepultamentos organizados e, prinicpalmente, era uma civilização voltada para o belo, com rico acervo de obras de arte de alta beleza estética e variedade técnica.

História de Creta

6.000 A.C comunidade da Anatólia se instala na ilha e traz a Deusa e as técnicas agrárias.

4.000  anos seguintes de progresso técnico e artístico (cerâmica, tecelagem, arquitetura)

2.000 anos A.C tem início o período Minóico ou palaciano antigo - Idade do Bronze

Neste período o mundo substituiu a Deusa pelos guerreiros masculinos, mas isso não afetou a civilização de Creta.  Em Creta a Deusa era suprema e a economia e as artes floresciam, mesmo após um longo período. O monumento Hagia Trigia (sec XV AC) demonstra as sacerdotisas, a figura feminina, serpentes, com braços erguidos em benção como figuras centrais dos rituais. Os machados de duas lâminas, semelhantes a borboletas, eram o símbolo do feminino e da transformação e eram utilizados nas esculturas, na agricultura e na construção de embarcaçoes.

Amor à vida e a natureza

Era um povo que vivia e celebrava a fé na Deusa natureza, por meio de rituais plenos de alegria e jogos. Platon, arqueólogo que estudos por anos a ilha, afirmava que o  prazer com a beleza, a graça e o movimento" e em seu "deleite com a vida e a proximidade da natureza" eram as características principais do povo cretense.Neste contexto, "o medo da morte era praticamente obliterado pela onipresente alegria de viver".  As descobertas e análise das residências e construções apontam para uma aparente divisão justa da riqueza.

Burocracia para o bem de todos

Contavam com uma organização complexa e a quantidade e qualidade das obras públicas indica que a burocracia se voltava para o bem de todos. "Todos os centros urbanos possuíam sistemas de esgotos perfeitos,

instalações sanitárias e utensílios domésticos". "Não há dúvida de que extensas obras públicas – pagas pelos cofres públicos – foram realizadas na Creta minóica. Embora até o momento muito poucos vestígios tenham sido encontrados, eles são reveladores: viadutos, estradas

pavimentadas, postes de observação, abrigos de estrada, canos de água, fontes, reservatórios, etc.

Há indícios de trabalhos de irrigação em grande escala com canais para levar e distribuir a água

Beleza por toda parte: Cnossos

Palácios, Labirintos e Jardins. Traços e adornos enaltecedores da vida e da beleza e não voltados a guerra, dominação ou personalismos, ligados a autoridade e poder. O que se pode ler na ausência de representaçõe de lideranças, guerras, símbolos de poder e submissão é a característica de uma arquitetura e decoração, arte e técnicas femininas. Arquitetura com espírito feminino, sem fortificações ou defesas.  A taurokatharpsia ou jogos com touro caracterizava a parceria igualitária de homens e mulheres, que parecia caracterizar a sociedade minóica, talvez nunca seja ilustrada com tanta nitidez como nestes jogos sagrados com o touro, onde mulheres e homens jovens se apresentavam juntos e confiavam sua vida um ao outro. Estes rituais, que combinavam emoção, perícia e fervor religioso, também parecem ter marcado o espírito minóico em outro aspecto importante; destinavam-se não só ao prazer individual ou à

salvação, mas também a invocar o poder divino capaz de trazer bem-estar a toda a sociedade

Creta e a origem da democracia?

Creta aponta indícios sobre as origens  do que mais valorizamos na civilização ocidental. Especialmente notável é o modo como nossa atual crença de que o governo deve representar os interesses do povo parece ter sido prenunciado na Creta minóica muito antes do chamado nascimento da democracia nos tempos gregos clássicos. Creta o poder era basicamente relacionado com a responsabilidade da condição de mãe, em vez da cobrança de obediência a uma elite masculina dominadora através da força ou do temor à força. Creta minóica as redistribuições de papéis que acompanharam as

Mudanças tecnológicas aparentemente fortaleceram, em vez de enfraquecerem, o status feminino. Enquanto em outros locais a Idade do Bronze promovia a ascenção do masculino, da dominação e das guerras.