Elaboração de trajetórias evolucionárias e tendência natural


Porbetitah- Postado em 16 maio 2011

Segundo os autores, a noção de representação é o elemento central de grande parte da ciência cognitiva contemporânea. De modo análogo a noção de adaptação é colocada como elemento central de grande parte da biologia evolucionário.
Para eles, o neodarwinismo, uma herança de Darwin, está para a teoria evolucionária moderna como o cognitivismo para a ciência cognitiva.
Parte de seu aporte teórico pode ser resumido em três pontos:
1. A evolução ocorre como uma modificação gradual dos organismos numa escala descendente, ou seja, existe reprodução com hereditariedade;
2. Este material hereditário sofre constantemente uma diversificação(mutação, recombinação);
3. Existe um mecanismo central para explicar como estas modificações ocorrem:o mecanismo da evolução natural.Este mecanismo opera na base da recolha dos projetos(fenótipos)que se suportam no ambiente presente.
O darwinismo clássico tornou-se neodarwinismo durante os anos 30, como resultado da chamada síntese moderna entre as ideias darwinianas baseadas na zoologia, botânica e sistemática, por um lado, e por outro lado no conhecimento crescente da genética celular e de população. Esta síntese estabeleceu a visão básica de que as modificações ocorrem através de pequenas transformações nos traços de organismos especificados pelas unidades hereditárias:os genes. A evolução, neste caso, seria simplesmente a totalidade das alterações genéticas em populações que se cruzam.
Quanto a adaptação, o conceito mais intuitivo é o que trata de uma certa espécie de projeto ou construção que se adapta a um modo ótimo a uma determinada situação física.
Embora o conceito de adaptação relativo a características adaptadas ao meio seja popular, muitos teóricos evolucionistas ao referir-se a adaptação o fazem especificamente sobre o processo ligado a reprodução e a sobrevivência.
Este processo é o que explica o aparente grau adaptativo observado na natureza.
Para que este conceito de adaptação realize um trabalho teórico, é importante analisar a adaptabilidade dos organismos. É aqui que surge a ideia de adequação que é muitas vezes formulada como medida de abundância que pode ser individual (como medida do excedente de descendência alcançado)ou de população (como o efeito dos genes na taxa de crescimento de uma população).
A adequação também pode ser considerada como uma medida de persistência. Neste caso ela mede a probabilidade de uma permanência reprodutiva ao longo do tempo.
O que é otimizado não é a quantidade de descendência mas sim a probabilidade de extinção.
A ortodoxia dominante durante décadas viu a evolução como um campo de forças.
Pressões seletivas atuam sobre a variedade genética de uma população produzindo ao longo do tempo alterações de acordo com uma otimização do potencial de adequação.
A postura adaptacionista ou neodarwinista surgiu do fato de este processo de seleção natural, ser visto como fator principal na evolução orgânica.
A evolução como tendência natural é a contrapartida biológica da cognição como ação corporalizada, e portanto fornece um contexto teórico mais abrangente para o estudo da cognição como um fenômeno biológico.
Os autores consideram este programa de investigação, assim como o cognitivismo, tão plausível como qualquer outro investimento científico.
Em um horizonte de mecanismos múltiplos, os genes são claramente ligados entre si, por isso é impossível considerar um organismo como mero conjunto de características ou traços.
A interdependência gênica exprime o fato de que o genoma não constitui um conjunto linear de genes independentes, mas sim uma rede extremamente interligada de efeitos recíprocos mútuos, que envolve praticamente todos os circuitos metabólicos e operações dos orgãos do corpo.
O ponto principal aqui é a importância das propriedades emergentes numa rede complexa(quer seja neural, genética ou celular). Neste contexto outro elemento importante é a aleatoriedade. É reconhecido que existe uma tendência genética aleatória entre as composições genéticas das populações animais.
A primeira fonte de aleatoriedade é o efeito nítido de proximidade: se um gene é selecionado trará consigo, em um efeito boleia, outros que se encontrem suficientemente perto.
A segunda, refere-se a se uma população biológica é mantida em uma determinada dimensão finita, as suas frequências de genes e genótipos “desviarão” de geração em geração.