Em um mundo digital, Alemanha reinventa serviços de correios


PorMarcosena- Postado em 08 novembro 2011

O escritório da Deutsche Post em frente à estação de trem aqui oferece DVDs, guarda-chuvas, cartões telefônicos e brinquedos – com o processamento de cartas quase como uma reflexão tardia. E a instalação não é sequer uma agência dos correios. A Deutsche Post ocupa um espaço no canto de um banco.
Com volumes de correio diminuindo de 1% a 2% ao ano em muitos países, os serviços postais europeus da Alemanha à Suécia e Suíça se reinventaram na última década passando a oferecer serviços multifacetados e de informação sob medida para a era virtual.

Alexandra Kinkel atende uma cliente em sua loja, que também abriga um posto de correios, em Schmitten, na Alemanha

Apesar da Deutsche Post por lei ainda entregar correspondência em todos os endereços do país seis dias por semana, o órgão abandonou dezenas de milhares de edifícios, 100 mil postos de trabalho e seu foco tradicional em cartas de papel.

"Percebemos que ser um fornecedor nacional de correspondência é um negócio em extinção, então tivemos de redefinir o papel dos provedores de serviços de correio para um mundo digital", disse Clemens Beckmann, vice-presidente executivo de inovação da divisão dos correios.

Com o Serviço Postal dos Estados Unidos diante da possibilidade de falência, pode ser que a Europa tenha a solução com novos modelos operacionais, embora a legislação americana atualmente impeça a adoção de algumas dessas inovações.

A aposentada Renate Weitz foi contratada para oferecer serviços postais em sua casa, na aldeia de Dorn-Assenheim, na Alemanha

Depois de vender a maioria dos 29 mil edifícios dos correios nos últimos 15 anos, com exceção de 24, o serviço postal alemão está agora alojado dentro de outros negócios "parceiros", incluindo bancos, lojas de conveniência e até mesmo casas particulares. Nas áreas rurais, um lojista ou mesmo um proprietário doméstico localizado centralmente pode trabalhar para os correios em meio período.

Ao mesmo tempo, muitos serviços postais europeus, incluindo o alemão, têm desenvolvido uma série de serviços eletrônicos que cada vez mais tornam as antigas agências tradicionais obsoletas. Contas e catálogos podem ir primeiro para caixas de correio digitais coordenadas pelos correios em computadores clientes e os clientes podem dizer aos correios o que querem impresso e entregue em sua residência.

E enquanto os americanos são convidados a enviar sugestões para qual celebridade deve agraciar o próximo selo comemorativo, os alemães podem comprar postais virtuais de seus celulares.

A Deutsche Post também expandiu as redes de entrega de pacotes para lucrar com o aumento nas compras on-line, assim como suas ofertas em áreas completamente novas, como mercados on-line para escritores freelance com funcionamento semelhante ao do eBay.

Em vez de ver seu negócio ser corroído por um mercado concorrente mais agressivo, como aconteceu nos Estados Unidos, a Deutsche Post completou a aquisição da empresa de logística DHL em 2002, ou seja, muitos americanos são clientes do serviço postal da Alemanha.

Serviços postais europeus variam amplamente em seu grau de adaptação à era digital. "Mas o USPS é provavelmente o melhor exemplo de um monopólio que viu menos mudança", disse John Payne, presidente-executivo da Zumbox, uma empresa novata de Los Angeles que oferece caixas de correio virtuais para computadores pessoais nos Estados Unidos em um base privada e que vendeu o programa para serviços postais estrangeiros.

Serviços postais europeus começaram a pensar em novos modelos de negócios nos anos 1990, quando a Comissão Europeia abriu os monopólios postais à concorrência e liberou a regulação. Mas as mudanças subsequentes vieram em resposta ao volume de correio em declínio e, em menor medida, a pressão para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa.

Fonte: The New York Times, de Dusseldorf | 04/11/2011 06:00