Empresa que aderiu a monitoramento dos EUA atua no Brasil


Porvictorhrorato- Postado em 10 julho 2013

Global Crossing tem foco em 13 cidades, incluindo o Rio

http://glo.bo/18MFLvV

Flávia Barbosa

WASHINGTON - Uma das empresas pioneiras na adesão aos programas de monitoramento de tráfego de informações conduzidos pelas agências americanas de inteligência, a Global Crossing - operadora de cabos de fibra ótica terrestres e submarinos e provedora internacional de serviços de rede e telecomunicações de larga escala - tem ampla atuação no mercado brasileiro. Vendida à companhia americana Level 3 Communications em 2011, com cuja marca agora opera, a empresa interliga o Brasil aos EUA a partir de três cabos submarinos e utiliza ampla rede terrestre em território brasileiro.
Os cabos submarinos utilizados pela Level 3 partem dos EUA (com ou sem escala na América Central) e se conectam no Brasil em três pontos de entrada: em Fortaleza, no Rio e em Santos. A partir daí, são utilizadas redes físicas, algumas das quais o site da companhia informam ser alugadas. Uma das fornecedoras da Level 3 é a Telefônica.
É por este emaranhado de cabos de fibra ótica que trafegam milhares de gigabits em dados e voz, possibilitando à empresa oferecer aos clientes corporativos serviços privados de rede, chamadas internacionais no sistema 0-800, tráfego volumoso de internet, soluções de transmissão de vídeo, gerenciamento de segurança, unidades de data center, entre outros.
Negócios em mais de 60 países
Com a interligação dos três cabos a outras redes operadas pela Level 3 a partir dos EUA, a empresa consegue atender e interligar 690 cidades, em mais de 60 países. Os focos de negócio no Brasil são São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Santos, Campinas, Sorocaba e Londrina.
Em setembro de 2003, a Global Crossing, negociada a um grupo de Cingapura, foi a primeira empresa americana que controla cabos de fibra ótica submarinos a assinar o “Acordo de Segurança de Rede” com o governo dos EUA, segundo o “Washington Post”. O documento surgiu da necessidade de o aparato de espionagem ter acesso ao então crescente tráfego de internet. O objetivo do acordo era proteger o país da espionagem. Não concede, diretamente, monitoramento do fluxo de informações que passa pelos cabos. Mas garante que as operadoras mantenham estruturas que permitam acesso rápido da Agência de Segurança Nacional (NSA) aos dados - o grau de acesso é confidencial. O jornal relata que as requisições de vigilância deveriam ser processadas por cidadãos americanos, previamente autorizados pelo governo e submetidos a juramento de sigilo. Em alguns casos, os pedidos não poderiam ser compartilhados com executivos da empresa.
O material divulgado pelo ex-analista da CIA Edward Snowden contém um mapa de operação da NSA chamada Upstream, apresentada sobre um mapa das redes de cabos ópticos submarinos pelo mundo, cuja atividade seria a coleta de “comunicações em cabos de fibra e infraestrutura durante o fluxo de dados”.
Cabos monitorados
Como revelaram as reportagens publicadas pelo “GLOBO”, uma das ferramentas da espionagem americana no Brasil foi o monitoramento do fluxo de informações por cabos submarinos de fibra ótica. Segundo uma fonte no mercado de tecnologia, acordos de compra e venda de tráfego de dados são comuns. No caso da Telefônica, a empresa possui duas saídas internacionais próprias, uma pelo Atlântico e outra pelo Pacífico. O contrato com a Level 3 é utilizado em casos de contingência e responde por menos de 1% do volume total transportado pela companhia. O jornal contatou as assessorias de imprensa da Level 3 nos EUA e em São Paulo, mas até as 20h de ontem, não havia obtido retorno.
(Colaborou Sergio Matsuura)

Notícia publicada em 10/07/13