Freedback e o Bom Senso


PorEloi Yamaoka- Postado em 24 abril 2011

A aniquilação da humanidade é uma possibilidade real frente à profunda crise que vivemos.
Em O cálice e a espada, Riane Eisler argumenta que a situação é resultante dos milhares de anos de comando do homem que estabeleceu o paradigma da dominação.
A busca do desenvolvimento e o crescimento econômico a qualquer custo, independente do regime político adotado, criou e aumenta continuamente a profundidade dessa crise. São indícios que no balanço dos modelos sociais, econômicos e culturais criados na androcracia os resultados serão negativos.
O ambiente nos envia sinais – feedback – evidentes da crise: chuva ácida, desertificação, fome, falta de água, níveis crescentes de radiotividade, redução das calotas polares, destruição da camada de ozônio, acúmulo de lixos, poluição do ar, da água e da terra, superpopulação etc.
Eisler alerta que esses sinais devem ser captados, interpretados e usados para buscar solução do problema. A dificuldade certamente não está na captação, mas na interpretação e uso. Num mundo com predominância do paradigma da dominação e onde ganhar dinheiro é prioridade principal, as interpretações não são imparciais e o bom senso não direciona as decisões. Assim, embora Chernobyl e Fukushima já tenham demonstrado a incapacidade dos humanos controlar a fúria da reação nuclear, novas usinas estão em construção em adição aos 439 reatores já em operação no mundo. Além dos riscos de acidentes incontroláveis, ainda tem a questão dos resíduos radioativos. A destinação do lixo atômico é um problema “empurrado” para a posteridade.
No Discurso do Método, Descartes já disse que o bom senso era a coisa mais bem distribuída do mundo, pois as pessoas não costumam desejar mais do que já possuem. Quase 400 anos depois, a situação continua a mesma. As pessoas até admitem dificuldade em matemática, desenhar, discursar ou carecer de paciência, mas nunca ouvi ninguém dizer que possui pouco bom senso - tão abundante, tão pouco usado.