Matriz Biologico-Cultural da Existência Humana


PorAnônimo- Postado em 31 maio 2010

HABITAR HUMANO
- MATURANA ROMESÍN, Humberto. YÁÑEZ DÁVILA, Ximena. Habitar humano em seis ensaios de biologia-cultural. São Paulo: Palas Athena, 2009.

Capítulo 5 – Matriz Biológico-Cultural da Existência Humana e Conversar Liberador

1. Introdução
No ensaio ora resenhado a autora principia trazendo uma reflexão sobre a sua própria história, registrando agradecimentos a todos que dela participaram.
Relata sua infância vivida em um ambiente de amor incondicional e refere seu envolvimento com Maturana e as profundas reflexões que juntos desenvolveram. Acrescenta que desenvolveu uma consciência sistêmica-sistêmica a partir da Biologia do Conhecimento e da Biologia do Amar. Menciona que seu trabalho terapêutico junto a pessoas e empresas vem a ser um entrelaçamento das duas biologias.
El doc, como é carinhosamente chamado o notável cientista chileno, teria comentado que a autora estaria pondo em movimento a dinâmica daquilo que ele criara e não sabia como ensinar as pessoas a praticar.
Desse encontro – e reflexões – surgiu a Biologia Cultural. A autora apresenta, então, o que descobriu a partir do olhar de seu próprio viver e conviver.
Afirma, ainda, que a Biologia do Conhecer e a Biologia do Amar se “encarnaram” nela, transformando sua configuração de sentires, sua corporalidade, passando a surgir reflexões e perguntas ao infinito, tornando seu viver um redemoinho.
Questiona-se se não se trata de uma religião ou uma filosofia, para em seguida responder que não, na medida em que “reflexiono sobre o viver a partir de seus próprios fundamentos biológicos”.
Conclui asseverando que toda a dor e sofrimento são de origem cultural, dando a entender que biologia e cultura são os “fundamentos culturais do humano”.

2. A Dor e o Sofrimento
“Toda a dor e todo o sofrimento pelos quais se pede ajuda são de origem cultural na cultura patriarcal-matriarcal que vive a maior parte da humanidade atualmente.” (p. 209), consciência que a autora formou em sua prática “terapêutica”, como Orientadora Familiar e Organizacional, a partir das conversações liberadoras que desenvolvia com pacientes que lhe eram indicados.
Tomando contato com a obra de Maturana a autora deparou-se com o “multiverso”, ou seja, afirmação segundo a qual não existe um universo, mas tantos quantas forem as pessoas.
Depõem que percebia um mundo transcendente antes de conhecer Maturana e que aprofundou o estudo sobre a sua obra na tese de doutorado que escreveu, vindo a conhece-lo mais intimamente, inclusive à sua mãe, Olga Romesín.
Em seus atendimentos profissionais a autora tomou consciência de que o que os pacientes faziam era mostrar “a matriz-relacional” em que se movia e desde onde realizava, gerava e conservava sua dor e seu sofrimento. Denominou inicialmente sua prática como “Conversações de Orientação Matriztíca”, para em seguida, a partir de feed backs dos pacientes, passar a chama-la de “Conversações Liberadoras”.
Assim como a dor e o sofrimento são de origem cultural, o caminho de saída dessa dor e sofrimento é também de origem cultural, isto é, um “ato reflexivo-relacional-operacional”.
Essencial nessa senda, é recuperar o amar e o respeito por si mesmo !
“Um ato reflexivo como este só é possível quando a pessoa está aberta a escutar, a escutar-se e a se dar conta de sua dor existencial mostrando, sem se dar conta, a matriz biológico-cultural que gera, realiza e conserva no nicho psíquico que habita, aceitando o convite reflexivo de quem a escuta, vê e sente na geração por si mesma do caminhar liberador que deseja.” (p. 211).
Em seguida a autora relaciona uma série de perguntas e reflexões para adiante tentar responde-las, a saber:

A ciência e a arte do conversar liberador.
I. Orientação da atenção.
II. Escutar, escutar-se, escutar-nos.
III. Ver é amar, amar é ver.
IV. Encontro com o outro ou a outra.
V. Soltar as certezas.
VII. Ato de humildade
VIII. Tudo ocorre somente como pode ocorrer.

Distintos modos de viver, distintas linhagens.
Homo sapiens-amans amans
Homo sapiens-amans agressans
Homo sapiens-amans arrogans
Homo sapiens-amans ethicus