Mulher X Homem ou Feminino & Masculino?


PorEloi Yamaoka- Postado em 19 abril 2011

Em “O cálice e a espada” Riane Eisler nos incute o paradigma da parceria X paradigma da dominação. Apresenta evidências arqueológicas que o ser humano, na essência é bom, quebrando o paradigma que a bondade é resultado da educação. Outrora a humanidade viveu as sociedades da parceria, substituída pela dominação que persiste até hoje.
A orientação para a parceria ou para a dominação influencia diretamente na “evolução” da humanidade, a exemplo da tecnologia que enquanto na parceria a ênfase é o desenvolvimento da tecnologia para fins pacíficos, na dominação a ênfase é para fins belicosos, isto é, para a destruição e dominação.
Eisler nos mostra que no passado remoto a mulher na direção levou ao paradigma da parceria, enquanto a androcracia conduziu ao paradigma da dominação e desde então a sociedade foi estruturada para a perpetuação masculina no poder em todos os segmentos – na família, na política, na ciência e na religião.
O paradigma da dominação constituiu uma sociedade com poderio bélico capaz de destruir a humanidade dezenas de vezes... Essa consciência leva líderes mundiais a discutir o desarmamento, até o momento infrutífero.
Pesquisas em diferentes disciplinas apresentam as características dominantes na mulher e no homem. Para Vieira, Moreira e Morgadinho(*) o cérebro na mulher e no homem está organizado de forma diferente que resulta em percepções, prioridades e comportamentos distintos. As autoras afirmam: “Pensar que homens e mulheres são iguais quanto a aptidões, habilidades e comportamentos, significa criar uma sociedade baseada numa mentira biológica e científica”.
Por outro lado, sabidamente a metamorfose social tem alterado as características de ambos os sexos. Fala-se a masculinização da mulher e na feminilização do homem.
Simon Baron-Cohen da Universidade de Cambridge afirma que o cérebro feminino é melhor adaptado para o mundo social e mais ligado a sentimentos e emoções, enquanto o masculino é mais ligado com o mundo abstrato como computadores, equações matemáticas e música. Mas Baron-Cohen dissocia essas características do sexo. Afirma que há evidências que nem todos os homens possui um cérebro masculino e nem todas as mulheres um cérebro feminino (**).
A visão apresentada pela Eisler é instigante e nos leva a muitas reflexões. Uma delas é se deveríamos associar os paradigmas de parceria e dominação ao gênero mulher e homem ou ao feminino e masculino.
Nas últimas décadas mulheres têm assumido o comando de importantes países. É importante saber se as decisões dessas líderes direcionou a humanidade para o paradigma da parceria ou da dominação.

(*) Vieira, A. Moreira, J. Morgadinho, R. Inteligência emocional: Cérebro masculino versus cérebro feminino. 2010 – www.psicologia.com.pt
(**) Greco, A. Sexo na cabeça. Superinteressante. Edição 196. Jan. 2004.

 

Fazendo uma breve reflexão sobre o tema acima proposto, uma observação sob uma ótica leiga me faz pensar que na realidade não podemos afirmar que cérebros femininos sejam predominantemente colaborativos. A propósito  do que o Elói menciona no último parágrafo, o fato de termos Hillary Clinton, Condolezza Rice, Angela Merkel ou outras líderes a nível mundial não parece ter alterado o paradigma da dominação vigente no mundo. De fato, parece que para se adaptar ao modelo de poder vigente, é necessário que os cérebros estejam em ressonância com o modelo da dominação, e pelas atitudes das estadistas citadas, parece-nos que Baron-Cohen tem razão em dissociar sexo com características cerebrais.