Notícia - Google Translate e o Futuro da Inteligência Artificial


PorEduardo Franco- Postado em 22 novembro 2011

 

O Google publicou um vídeo para explicar o funcionamento da sua famosa engenhoca de tradução. Como muitos já sabiam, o sistema não é apenas um simples dicionário gigante, contendo quase todas as línguas do mundo, mas um mecanismo de comparação entre traduções humanas e páginas originais. É uma máquina que aprende.

Curiosamente, esse avanço é similar ao que ocorreu com mais profundidade no universo da inteligência artificial. No começo, os pesquisadores tentavam entender a mente humana e reproduzi-la com uma série de leis e programações específicas nos robôs, do tipo: “Se ouvir isso, fale isso”. Depois eles se deram conta de que não é assim que nossa mente funciona.

Rodney Brooks, do MIT, foi um dos primeiros a abandonar o representacionismo, a ideia de que o mundo existe “lá fora” e deveria ser representado de alguma forma para o robô, assim como aconteceria na mente humana. Ao contrário do que se pensa, o mundo que vemos ao nosso redor só existe porque temos o corpo que temos e a história que temos. Ele não é assim objetivamente, por si só, independente de nossa percepção.

O que isso muda na robótica e nas pesquisas de inteligência artificial? Em vez de tentar reproduzir a mente humana e se preocupar com que o robô mapeie seu ambiente corretamente, a programação é feita sem comportamentos pré-definidos, com foco na aprendizagem. Ou seja, o robô é programado para aprender, para improvisar.

O principal é que a programação seja plástica e que ele seja jogado em algum ambiente – igual aconteceu com cada um de nós, aliás. Assim ele consegue desviar de obstáculos e mapear seu ambiente com muito mais sucesso do que se tudo isso tivesse sido pré-programado. Ele será inteligente na medida em que conseguir construir um mundo – repito, igual acontece conosco.

Por Gustavo Gitti. Disponível, na íntegra, em: http://papodehomem.com.br/google-translate-e-o-futuro-da-inteligencia-ar...

 

 

Comentário

 

A Inteligência Artificial (IA) é o ramo da computação que se propõe a elaborar dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, resolver problemas, enfim, a capacidade de ser inteligente. Inventada nos anos 40, a pesquisa em torno desta área procuravam funcionalidades para o computador, ainda em projeto. Hoje, podemos definir tal ciência, conforme Minsky, como:

“Ciência de construção de máquinas que fazem coisas que requereriam inteligência, caso fossem feitas por homens. De outro, é o estudo que busca simular processos inteligentes ou processos de aprendizagem em máquinas ou que tenta fazer com que os computadores realizem tarefas em que, no momento, as pessoas são melhores. Isso inclui tarefas como se comportar como especialista, entender e falar linguagem natural, reconhecer padrões como a escrita”.

O sistema de tradução do Google, comentado na notícia acima, é um exemplo do atual estágio da IA.  Utilizando um mecanismo de comparação entre traduções humanas e páginas originais, o Tradutor é uma ferramenta que aprende e evolui. E é disso que se trata as novas pesquisas nessa área, em aprender. Sim, os cientistas tomaram consciência que programar um amontoado de circuitos para agir de forma a imitar os gestos humanos, ou declamar frases pré-programadas, não leva a nada.  

O grande desafio da IA é entender como a inteligência natural funciona, já que os pesquisadores não têm um modelo simples e concreto para começar a trabalhar. Hoje, se sabe que o cérebro contém bilhões de neurônios e o aprendizado se dá por meio de conexões elétricas estabelecidas nestes neurônios. Mas não se sabe exatamente como essas conexões estão relacionadas com o pensamento profundo e com as operações mais simples. O sistema nervoso humano é um circuito muito complexo e incompreensível.

Diferentemente do que os filmes hollywoodianos pregam, o futuro da inteligência artificial será diferente de robôs com sentimentos próprios se virando contra a humanidade. O pensamento humano é complexo demais para ser recriado de forma artificial. Isso não impede, porém, que tenhamos nossas vidas ainda mais facilitadas com o avanço dessa área da tecnologia. A IA está presente em diversos locais atualmente, do Google Tradutor e vírus “conscientes”, capazes de apreender informações pessoais em redes sociais e gadgets e replicar o comportamento do usuário em momento oportuno; àsistemas automotivos inteligentes, que ajudam o motorista a freiar em descidas íngremes, por exemplo.

O ramo da Inteligência Artificial irá evoluir e muito no futuro, de forma que fazer projeções acerca disso chega a ser impossível, pois, como qualquer meio relacionado a tecnologia, o avanço acorre rapidamente e os resultados surpreendem. Quem dirá, por exemplo, que a minha opinião retratada acima sobre o pensamento humano ser complexo demais para ser recriado não se mostre falsa em poucos anos?

 

Referência:

CIRIACO, Douglas. O que é Inteligência Artificial?. Acessado em 20 de novembro de 2011. Disponível em Tecmundo: http://www.tecmundo.com.br/1039-o-que-e-inteligencia-artificial-.htm

 

HARRIS, Tom. Como funcionam os robôs. Acessado em 20 de novembro de 2011. Disponível em HowStuffWorks Brasil: http://informatica.hsw.uol.com.br/robos4.htm

 

ROVER, Aires José. Limites e perspectivas do uso de técnicas computacionais inteligentes no domínio do direito. Acessado em 20 de novembro de 2011. Disponível em: http:\infojur.ufsc.br\aires