O Pensamento Sistêmico


PorAnônimo- Postado em 16 abril 2010


O PENSAMENTO SISTÊMICO

- VASCONCELLOS, Maria José Esteves de. O Pensamento Sistêmico. São Paulo: Papirus, 2002.

Capítulo 5 – Pensando o Pensamento Sistêmico como o Novo Paradigma da Ciência: O Cientista Novo-Paradigmático

No capítulo anterior a autora traçou um paralelo entre as três dimensões epistemológicas do paradigma científico tradicional e do paradigma emergente da ciência contemporânea.

Trata-se da simplicidade, estabilidade e objetividade, colocados em confronto com a complexidade, instabilidade e intersubjetividade, respectivamente.

No Capítulo 5, a autora sustenta que “pensar sistemicamente é pensar a complexidade, a instabilidade e a intersubjetividade” (p. 147), ou seja, quando se fala em pensamento sistêmico, está-se falando de uma visão de mundo que contempla essas três dimensões.

Afirma ainda que “um cientista ou um profissional é sistêmico ou é novo-paradigmático, quando vive – vê o mundo e atua nele – as implicações de ter assumido para si esses novos pressupostos”.

Salienta que existe uma relação de recursividade entre as três dimensões que distingue, aduzindo ser “impossível um cientista adotar qualquer um desses pressupostos epistemológicos sem assumir também os outros” (p. 153).

A autora faz críticas a autores que se dizem sistêmicos mas mantém uma objetividade sem parêntesis, isto é, insistem a existência de uma realidade externa pronta e na forma de como conhece-la, o que, entre outras coisas, alimenta a prepotência científica.

Menciona como exemplo Frijof Capra, asseverando que este autor, no livro a Teia da Vida, se refere ao pensamento sistêmico como “contextual” e “processual”, que corresponderiam ao que a autora distingue como complexidade e instabilidade, mas que omite um terceiro elemento fundamental ao não assumir que a objetividade é impossível e que “não existe a realidade independente de um observador” (p. 157).

O pensamento sistêmico foca as relações !! Logo, pensará as articulações. “Feita a ultrapassagem, ou seja, a mudança de paradigma, o cientista sistêmico amplia o foco, resgata e integra a ciência tradicional” (p. 163).

Segundo a autora é necessário que o “questionamento da objetividade” venha de dentro da própria ciência, e não apenas da filosofia, da psicologia, das ciências humanas: “A objetividade entre parêntesis é então a dimensão do novo paradigma que traz o sujeito do conhecimento para o âmbito da ciência, superando-se a ruptura que nos foi legada por Descartes. A ciência agora pode tratar cientificamente tanto do objeto quanto do sujeito do conhecimento” (p. 167).

Invoca Maturana ao citar “como seres humanos, dotados de linguagem e emoção, nos movemos em espaço de conversação e constituímos diferentes domínios lingüísticos, com diferentes critérios de validação da verdade”.

“Na perspectiva do novo paradigma, a postura ética do cientista é uma implicação necessária e inevitável dos seus novos pressupostos epistemológicos, especialmente do pressuposto da co-construção da realidade, exatamente o pressuposto que trouxe o sujeito do conhecimento para o âmbito da ciência.” (p.177)

Seremos sempre éticos, arremata a autora, quando aceitarmos o outro como legítimo outro na convivência, isso porque “cada sujeito, em sua relação com o mundo, faz emergir uma realidade e que, não havendo um critério de verdade, a única alternativa é a convivência na conversação e no respeito pela verdade do outro”.