organização autopoiética


Porbetitah- Postado em 07 abril 2011

Partindo, sobretudo, da percepção adquirida de que todo conhecer é uma ação da parte daquele que conhece e que todo o conhecer depende da estrutura daquele que conhece, Maturana e Varela apresentam um resumo da organização do universo e dos seres vivos e discorrem sobre o que é um ser vivo, objetivando fornecer informações para que se entenda por que as bases biológicas do conhecer não podem ser compreendidas por meio apenas do exame do sistema nervoso. Para eles, para alcançar esta compreensão é necessário que o ser vivo seja observado em sua totalidade e eles usam sua materialidade como guia para compreensão da organização do seu princípio básico. Ao expor uma breve história da Terra, discorrer sobre o aparecimento dos seres vivos e sobre a origem das moléculas orgânicas, trabalham conceitos de distinção, de unidade, de organização e de estrutura para então chegar ao cerne do capítulo que são os conceitos de autonomia e de autopoiese. Quanto ao conceito de distinção, nesta obra, o ato de designar qualquer ser, objeto, coisa ou unidade, está vinculado a um ato de distinção. Uma unidade (entidade ou objeto) é suscitada por um ato de distinção. Segundo os referidos autores, os seres vivos se caracterizam por sua organização autopoiética. Diferenciam-se entre si, por terem estruturas diferentes mas são iguais em sua organização. Uma das características mais evidente deles é sua autonomia, são autônomos, por que podem especificar suas próprias leis, aquilo que lhes é próprio. O que os distingue é que sua organização é tal que seu único produto são eles mesmos. Não existe separação entre produtor e produto. O ser e o fazer de uma unidade autopoiética são inseparáveis, e esse constitui seu modo específico de organização. Maturana e Varela defendem que a organização autopoiética, como toda a organização, pode ser obtida por muitas classes diferentes de componentes, no entanto é preciso compreender que no âmbito molecular da origem dos seres vivos terrestres, somente algumas espécies moleculares devem ter possuído as características que permitiram constituir unidades autopoiéticas, iniciando a história estrutural a que o homem pertence. Eles afirmam que o aparecimento de unidades autopoiéticas sobre a face da Terra é um marco na história do nosso sistema solar. A formação de uma unidade determina uma série de fenômenos associados às características que os definem. E a partir disto é possível dizer que cada classe de unidades especifica uma fenomenologia particular.