Os bondes e a internet – Carlos Heitor Cony – Folha S. Paulo: 03.04.2011


PorJovelino Falqueto- Postado em 23 abril 2011

Parece extravagância comparar os velhos bondes, aquelas carroças puxadas por burros e mais tarde pelos cavalos-de-força da Light, com a internet, que é uma das pontas mais sofisticadas da técnica, o veículo mais rápido da comunicação, do trânsito de ideias e sugestões que podem tornar a vida melhor. Acho que os bondes foram os primeiros espaços coletivos da publicidade: mensagens do governo, conselhos de saúde, beleza e poupança, [...] E o que tem tudo isso a ver com a internet? Assim como os bondes, que além de nos levar de um lugar para outro, nos ensinavam a cuidar da saúde, do bolso, a internet, além de sua importância na comunicação humana, virou um penduricalho de mensagens comerciais. A oferta maior é dirigida sobretudo aos homens, embora as mulheres sejam as beneficiárias: Viagra e aumento de pênis chegam às nossas telinhas, prometendo paraísos a todos nós [...]”. RESUMO As frases acima, extraídas do artigo publicado no jornal citado, contém a idéia principal do texto de Cony, do membro da Academia Brasileira de Letras: Como os bondes antigamente, hoje a internet faz o papel de “outdoors” móveis. *************************** COMENTÁRIOS Cony mostra apenas uma das inúmeras facetas que a internet apresenta: permitir a oferta de produtos com flexibilidade, menores custos, podendo ofertantes e eventuais consumidores serem, indiferentemente, antípodas ou vizinhos de porta. Como bem diz Domênico de Masi, "[...] Globalização é isso: o globo agora é uma aldeia". Aliás De Masi repete o que o filósofo canadense Marshall Macluhan já dissera. Com o avanço da tencologia a possiblidade de intercomunicação entre os humanos fica tão fácil como numa aldeia. Note-se que quando Macluhan, que faleceu em 1980, escreveu isto, a internet e a popularização dos celulares ainda não existiam. Outra ideia implícita no texto de Cony é o desaparecimento de profissões (consequência frisada em "O mundo do trabalho na sociedade da informação e do conhecimento"). Poucos jovens de hoje terão tido contato com a palavra motorneiro - o operador do bonde elétrico - tão conhecido nas cidades até os anos 60 do século XX. Se bem que a profissão continua atual em quase todas as principais cidades da Europa, aqui, por uma infeliz escolha dos governos, os bondes e, lamentavelmente, os trens, se tornaram quase uma curiosidade. Como de costume em seus textos, neste também o acadêmico insere uma ironia, sugerindo que os homens são mais visados pela propaganda eletrônica, embora as mulheres também fiquem mais bem servidas pelas novas tecnologias.

Me esforcei separando parágrafos, pondo os comentários separados com uma linha de ********, pré-visualizei, etc. Quando vi o resultado... decepção: saiu tudo junto, num

bloco compacto de um só parágrafo. Lamento!