QUESTIONÁRIO SOBRE E-GOV - livro VIDA LÍQUIDA, de Zygmunt Bauman - EQUIPE 1


Porrogerio- Postado em 23 agosto 2012

 

 

QUESTIONÁRIO – GOVERNO ELETRÔNICO

VIDA LÍQUIDA” - ZYGMUNT BAUMAN

 

1) A vida líquida é ambivalente. Como se constata essa ambivalência e como ela pode ser aproveitada nas práticas de governo eletrônico?

Num ambiente líquido, imprevisível e de fluxo rápido, precisamos, mais do que nunca, de laços firmes e seguros de amizade e confiança mútua. ... Por outro lado, porém, esse mesmo ambiente líquido e de fluxo rápido privilegia os que podem viajar com velocidade; se as novas circunstâncias exigem movimento rápido e um recomeço a partir do zero, os compromissos de longo prazo e quaisquer laços difíceis de desatar podem revelar-se um fardo incômodo – um peso a ser jogado ao mar.” (p. 141).

A ambivalência é natural a todo processo complexo, de forma que o processo só se constrói satisfatoriamente se observada a condição natural também se der a devida importância ao que parece ser um paradoxo. Assim, se o governo eletrônico se alinha a práticas informatizadas, rápidas, instantâneas, impessoais, por outro lado não pode menosprezar a importância de fomentar os sentimentos de pertença e solidariedade, a fim de humanizar o “eletrônico”.

 

2) Levando em consideração as características que permeiam a vida líquida, ou seja, sua fluidez e constante renovação, como a educação deve se portar a fim de formar pessoas engajadas no governo eletrônico e “digitalmente incluídas”?

No ambiente líquido-moderno a educação e a aprendizagem, para terem alguma utilidade, devem ser contínuas e realmente para toda a vida. Nenhum outro tipo de educação ou aprendizagem é concebível; a ‘formação’ do eus ou personalidades é impensável de qualquer outra maneira que não seja uma reformação permanente e eternamente inconclusa. (p.154)

 

3) Ainda no que tange à educação, em que medida esta contribui para a e-democracia?

Além da educação e aprendizagem precisarem ser permanentes no mundo líquido-moderno, precisam “tornar esse mundo em rápida mudança mais hospitaleiro para a humanidade” (p. 163). “Não são apenas as habilidades técnicas que precisam ser continuamente renovadas, nem é somente a educação voltada para o mercado de trabalho que precisa ocorrer ao longo da vida. O mesmo é exigido, e com mais urgência ainda, pela educação para a cidadania” (p. 164), de forma a possibilitar a participação nas decisões coletivas de interesse da coletividade.

 

4) Numa sociedade de indivíduos a apatia social mina a democracia, seja pela ignorância seja pela indiferença, como conceber uma e-democracia efetivamente participativa e colaborativa?

A ignorância produz a paralisia da vontade. A pessoa não sabe o que lhe está reservado nem tem como avaliar os riscos. Para autoridades impacientes com as restrições impostas aos detentores do poder por uma democracia viva e animada, esse tipo de impotência do eleitorado, produzido pela ignorância, e a descrença generalizada na eficácia do dissenso, e a falta de disposição para se envolver politicamente são fontes de capital político necessárias e bem-vindas: a dominação por meio da ignorância e da incerteza deliberadamente cultivadas é mais confiável e barata do que um governo com base num profundo debate dos fatos e num longo esforço de atingir a concordância quanto à verdade e às formas menos arriscadas de proceder” (p. 165). “Precisamos da educação ao longo da vida para termos escolha. Mas precisamos dela ainda mais para reservar as condições que tornam essa escolha possível e a colocam ao nosso alcance” (p. 166). Mesmo diante de um novo paradigma social, a educação continua sendo uma poderosa ferramenta de transformação e emancipação, tornando possível a construção de um mundo “melhor”.

 

5.Segundo o autor a cultura na sociedade líquida é baseada no “desengajamento, da descontinuidade e do esquecimento” (BAUMAN, 2007, p.84). Com base nessa afirmação, o que o governo eletrônico tem feito para incentivar a cultura?

O Programa de Governo Eletrônico brasileiro pretende transformar as relações do Governo com os cidadãos bem como com as empresas e entre os órgãos do próprio governo de forma a aprimorar a qualidade dos serviços prestados. No portal http://www.brasil.gov.br há um link que remete à uma página que objetiva a falar sobre a cultura em diversos aspectos tais como: Cultura nacional; Patrimônio brasileiro; Centros de cultura; Regulamentação e incentivo; música; Cinema; Literatura; Teatro; Fotografia; Arquitetura; Iniciativas; Linha do Tempo Cinema Brasileiro; TV Faz Bem à Memória; Galeria de Arte. Percebe-se que o governo eletrônico disponibiliza informações e para que a sociedade possa ter conhecimento sobre projetos, leis e novidades no que diz respeito a nossa cultura.

 

6.Qual a relação entre o conceito de “espaços públicos” proposto Bauman e o governo eletrônico?

Segundo Bauman os espaços públicos são: locais em que os estranhos se encontram e portanto constituem condensações e encapsulações dos traços definidores da vida urbana. É nos espaços públicos que a vida urbana, com tudo que a separa de outras formas de convívio humano, alcança sua expressão mais plena, em conjunto com suas alegrias e tristezas, premonições e esperanças mais características (2007, p. 103). O Governo Eletrônico tem como objetivo ser um canal de comunicação eficaz entre cidadão-governo, que possibilita o exercício da cidadania, bem como a democratização do espaço público além de ser um canal de transparência das ações e dos atos de gestão pública. Fazendo um paralelo entre os dois é perceber-se que ambos permitem a interação e colaboração e a outra de informação entre indivíduos.

 

7.O governo eletrônico contribui para a sociedade do consumo?

O processo de globalização trouxe a “popularização” das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e a possibilidade de disponibilizar informações e serviços governamentais através da internet. Sabe-se que para acessar e utilizar os serviços e informações e-gov é necessário ter uma série de aparatos tecnológicas, tais como computadores, internet, televisão, radio, telefone dentre outros. Diante de tal situação pode afirmar que indiretamente a utilização dos serviços e-gov induz ao consumo. Muitos serviços poderiam ser oferecidos presencial nas repartições públicas possibilitando a interação entre as pessoas, fato que confirma a posição do autor sobre a Sociedade do Consumo: “[...] atalhos tecnológicos vendidos em lojas para todos os tipos de objetivos que antes podiam ser atingidos principalmente pelo uso de habilidades pessoais ” (BAUMAN, 2007, p.117).

 

8.A intensa utilização das Tecnologia de Informação e da Comunicação (TICs) pelo governo como forma de interação com o cidadão é tida como um dos reflexos da Sociedade Líquida Moderna?

Sim. Para Bauman (2007, p. 07) “Líquido-moderna é uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir.” Ou seja o importante é a velocidade das coisa, os indivíduos querem satisfazer todos os seus desejos no menor tempo possível e a internet somado as TICs possibilita a rapidez em determinados procedimentos. A utilização dos websites de e-gov proporciona (quando se tem as ferramentas necessárias) o acesso direto a informação em qualquer hora ou local e de forma independente, caracteriza uma ação do indivíduo na Sociedade Líquida Moderna.

 

9.O governo eletrônico pode corroborar a promessa de “felicidade fácil” da sociedade líquido-moderna de consumidores?

A sociedade líquido-moderna de consumidores, dividida em categorias de “vítima” e de “celebridade”, promete uma “felicidade fácil”, que pode ser obtida por meios inteiramente não heróicos, que devem estar ao alcance de todos os consumidores (p. 65). O governo eletrônico, caso não utilize corretamente os mecanismos e os instrumentos de inclusão digital, pode corroborar, por meio do uso inadequado das tecnologias da informação, na expansão do conceito de “felicidade fácil”, ampliando o culto às celebridades e, por colorário, a padronização imposta por esta sociedade.

 

10.Segundo Bauman, a insegurança tem corrroborado para o tédio nos espaços públicos. De que forma o governo eletrônico pode minimizar o risco nos espaço públicos?

Segundo Bauman, os espaços públicos são locais em que os estranhos se encontram e é neles que a vida urbana alcança sua expressão mais plena, em conjunto com suas alegrias e tristeza, premonições e esperanças mais características (p. 101). O risco nos espaços públicos poderá ser minimizado mediante o acesso do cidadão às informações e às formas de controle desses espaços por meio de tecnologias da informação que permitam identificar os indivíduos sem discriminá-los, de modo que ninguém possa ser considerado estranho e hipoteticamente perigoso ao outro.

 

11. Explique, em Bauman, como as políticas governamentais de inclusão digital atuam na sociedade líquido-moderna.

O governo eletrônico, por meio do processo de democratização do acesso às tecnologias da informação, pretende expandir o acesso às informações na internet, produzindo e disseminando o conhecimento, de forma que os excluídos do “jogo do consumo” da sociedade líquido-moderna possam tecer suas “vestes sociais” numa imposta sociedade de consumidores.

 

12.De que forma o governo eletrônico vai de encontro à sociedade líquido-moderna?

Na sociedade líquido-moderna, os indivíduos são pontenciais consumidores com conhecimento defasado ou inútil sobre as mercadorias ofertadas, o que facilita a venda e também impede a denúncia da farsa pelos enganados. O governo eletrônico, com suas políticas de inclusão digital, vai de encontro à referida sociedade na medida em que oferece o acesso à informação e ao conhecimento, diminuindo as barreiras econômicas e e sociais, e possibilitando que os referidos consumidores saiam da ignorância e sejam capazes de resistir às promessas enganosas dessa sociedade consumista.