Reflexão do Livro “O Cálice e a Espada” - uma nova visão do passado e a realidade de pernas para o ar - Capítulos 5 e 6


Poredson- Postado em 17 abril 2011

A parte do livro que envolve esta reflexão é sobre uma nova visão do passado e a realidade de pernas para o ar, na primeira parte a autora trata sobre a quantidade de Informação Perdida sobre nosso passado, nossa história, na segunda descreve o conflito para suplantar a sociedade matriarcal para que se erga e consolide uma patriarcal de dominação.

Para começar menciona que as informações que tínhamos, muitas vezes, não se coadunavam com o que realmente aconteceu. Havia a antiga visão, por exemplo, que os homens do período paleolítico eram essencialmente homens caçadores e guerreiros. Entretanto a nova visão apresenta que tanto os homens quanto as mulheres utilizam as inigualáveis faculdades humanas para sustentar e implementar a vida. Havia, assim, uma parceria na comunidade e os gêneros procuravam se auxiliar nos afazeres. Ao contrário do que se acreditava, pesquisas mostram que o período paleolítico foi um tempo pacífico.

Dentro desta percepção se verifica que um mundo mais pacífico e igualitário é uma possibilidade real para nosso futuro, haja vista que em nosso passado mesmo com menos recursos tecnológicos disponíveis se tinha um ambiente de parceria. Este fato é verificado por estudiosos da antropologia mencionaram em estudos que as sociedades primitivas eram de parceria. Claro que existiam conflitos e violências típicos dos seres humanos para resolver problemas, mas no geral o auxílio mútuo era a prática.

Assim, como somos influenciados pelo meio e este transmuta para nossos sucessores carga de conhecimento, fomos comprometidos por um amadurecimento racional ao longo do tempo. Este fato é apresentado pela autora quando menciona a utilização do lado direito do cérebro – lado que não trabalha a racionalidade plena. Com nossa evolução passamos a utilizar mais o lado esquerdo do cérebro, isto foi proporcionado, boa parte, pelo meio. Passamos a raciocinar e desenvolver meio de formar nossa vida mais fácil. Destaca-se que os experimentos para tornar a vida mais confortável não eram utilizados para dominação. Desta forma, a utilização das tecnologias pelas sociedades pré-históricas, pautadas pela parceria, foi mais para tornar a vida mais agradável do que para dominar e destruir.

Essa necessidade de viver pacificamente seguiu seu curso e ainda hoje reside em nossos ideais, pois nos dias atuais há busca de uma espiritualidade, pela atual sociedade, que procura uma sociedade de parceria e não de dominação. Desta forma há a procura por uma “mãe protetora”.

Contudo a verdade é muitas vezes em parte distorcida. Há supressão de informações para apoiar uma sociedade dominadora. Até mesmo sobre a real evolução das sociedades, inclusive as pré-históricas. Existe um filtro sobre a informação. Seleciona-se o que pode e o que não pode ser divulgado para sociedade. Como forma de manter um controle.

Antigamente a espada foi uma forma de manter a dominação, mas há outro instrumento que se tornou mais poderoso como menciona a autora no livro, ou seja, a escrita.

Este ponto pode ser observado no capítulo 6 do livro que evidencia “a realidade de pernas para o ar”.

Neste capítulo a autora menciona que a sociedade desenvolve forma para procurar mudar o entendimento das pessoas. Com o título da seção “matricídio não é crime”, a autora apresenta como a realidade pode ser gradativamente modificada. Como nas três peças encenadas em Atenas para toda sociedade, incluindo servos, escravos, etc. Estas peças procuram modificar a percepção por meio de uma mensagem. Muitos já ouviram que uma mentira contada várias vezes se torna uma realidade.

Na primeira peça, Agamêmnon, a rainha Clitemnestra atua vingando o sangue vertido de sua filha. Em resumo, ela age dentro das normas de uma sociedade matrilienar, na qual, como rainha, é seu dever promover o cumprimento da justiça.

Na segunda, As Coéforas, seu filho Orestes retorna disfarçado. Adentra o palácio materno como hóspede, mata o novo consorte da mãe, Egisto, e por fim, após alguma hesitação, em vingança à morte do pai, assassina a mãe.

Na terceira peça, Eumnênides, apresenta o julgamento de Orestes no templo de Apolo em Delfos. Neste julgamento ele é inocentado, isto devido ao fato de se sustentar que entre mãe e filho não há parentesco.

Por que, poder-se-ia indagar, alguém tentaria negar a mais poderosa e óbvia de todas as relações humanas?

Bem, o conflito entre as culturas matriarcal e patriarcal pode ser considerado como ponto central. Em uma cultura matriarcal impera a forma de parceria. Do mesmo jeito que nos dias de hoje a mãe prega aos irmãos que devem repartir o que tem entre si. Em nosso modesto entendimento esta forma suplantar a cultura matriarcal em apologia a cultura patriarcal, reconstitui — e justifica — a mudança de normas de parceria para as normas de dominação.