Símbolos: a hipótese cognitivista


PorQuirino Hawerroth- Postado em 16 maio 2011

SIMBOLOS: A HIPÓTESE COGNITIVISTA

 A ciência cognitiva e a experiência humana são temas abordados de acordo com suas origens históricas. Afirmam os autores que a formação da ciência da cognição se deu entre 1943 e 1953, sendo o tema considerado profundo e difícil. Os seus precursores também entenderam que se tratava de uma ciência inédita e, assim conferiram-lhe o nome de cibernética. O objetivo do movimento cibernético foi o de desenvolver uma ciência da mente.

Cibernética é um termo em desuso e os cientistas da cognição não reconhecem qualquer relação entre as duas áreas. Isto deu em função da ciência se voltar a uma tendência mais cognitivista, ampliando desta forma as suas possibilidades de desenvolvimento.

A cibernética possibilitou extraordinários resultados que ainda repercutem atualmente, tais como:

  1. O uso da lógica matemática para compreensão do sistema nervoso;
  2. A invenção de máquinas de processamento de informação (ex: computadores digitais) que estabeleceram a base para a inteligência artificial;
  3. O estabelecimento da metadisciplina da teoria de sistemas que teve e tem uma influência nítida em muitos ramos da ciência;
  4. A teoria da informação como uma teoria estatística de sinais e canais de comunicação;
  5. Os primeiros sistemas auto-organizáveis.

Os integrantes do movimento cibernético entendiam que o desenvolvimento dos fenômenos mentais era um monopólio que era trabalhado a muito tempo apenas psicólogos e filósofos, alem do que eles se sentiam aptos a exprimir os processos subjacentes aos fenômenos mentais em mecanismos explícitos e formalismos matemáticos.

Esta forma de pensar foi referenciada por um artigo que por sua vez desencadeou dois fatos primordiais:

  1. Inicialmente,a proposta de que a lógica é a disciplina adequada para compreender o cérebro e a atividade mental;
  2. E, em seguida, a afirmação de que o cérebro é um aparelho que incorpora princípios lógicos nos seus elementos componentes ou neurônios.

Situação que considera cada neurônio como sendo um mecanismo de limiar podendo estar ativo ou não, que pode, ainda, estar ou ser ligado a outros, executando através dessas interligações o papel de operações lógicas, de contexto no qual o cérebro podia ser considerado uma máquina dedutiva.

Tais idéias foram essenciais para o desenvolvimento dos computadores digitais, e isto por sua vez embasou o estudo cientifico da mente que se cristalizaria nos anos seguintes como o paradigma cognitivista.

Ainda é discutido se a lógica ser ou não suficiente para a compreensão das ações do cérebro. Varias teorias e modelos foram desenvolvidos, todavia a maioria ficou estagnada até a década de 70, quando foram reapresentadas como alternativa viável a ciência cognitiva.

Do mesmo modo que a cibernética surgiu em 1943, o cognitivismo nasceu em 1956, através da formulação de novas idéias, que se tornariam as diretrizes da ciência cognitiva moderna.

A percepção que traz o cognitivismo é que a inteligência assemelha-se de tal sorte a computação, que a cognição poderia ser entendida como processos computacionais baseados em representações simbólicas. Os cognitivistas argumentam que o comportamento inteligente subentende a capacidade de representação do mundo de maneira exata.

Todavia, reside o problema de como correlacionar a atribuição de estados intencionais ou representacionais (crenças, desejos, intenções, etc.) com as transformações físicas sofridas por um agente no decorrer de sua ação.

Verifica-se que a hipótese cognitivista implica num forte argumento entre a sintaxe e a semântica. Para o computador a sintaxe reflete ou codifica a sua semântica, já para a linguagem humana, não existe a certeza de que as distinções semânticas relevantes no comportamento possam ser refletidas sintaticamente.

Vários argumentos filosóficos se opõem a está idéia, entretanto, não é este o foco pretendido pelos autores. Eles resumem o programa de investigação cognitivista da seguinte forma:

  1. Cognição é um processamento de informação como computação simbólica (manipulação de símbolos com base em regras);
  2. A cognição funciona por meio de qualquer instrumento que possa suportar e manipular elementos funcionais discretos (os símbolos);
  3. Um sistema cognitivo funciona adequadamente quando os símbolos representam de modo apropriado algum aspecto do mundo real e o processamento da informação conduz a uma solução bem sucedida ao problema apresentado ao sistema.

A expressão do cognitivismo é verificada na inteligência artificial que é a interpretação exata da hipótese cognitivista. O cognitivismo modelou muito do entendimento atual do cérebro. O pensamento básico é que o cérebro é uma ferramenta de processamento de informação que responde de maneira seletiva às características do meio.