Sociedade de controle, sociedade de consumo e governo eletrônico


PorAnônimo- Postado em 07 julho 2009

Em “Biopoder, Biopolítica e o Tempo Presente”(O homem máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo: Cia. das Letras, 2003) Maia descreve o biopoder (conforme o pensamento de Foucault) em duas dimensões: “por um lado, a administração parcelarizada dos corpos, revelada por uma anatomia política em que o corpo humano é tratado como máquina; por outro, a gestão global da vida, posta em funcionamento mediante uma biopolítica da população, na qual o corpo humano é considerado elemento de uma espécie.” (p. 78)
Deleuze, a partir das interpretações foucaultianas, caracteriza nosso tempo presente com a idéia de sociedade de controle, isso devido ao crescimento das tecnologias no campo da informática, e o correlato desenvolvimento dos mecanismos de vigilância e controle (p. 98).
O consumismo torna-se uma das bases de sustentação dessa sociedade. Segundo Bauman na modernidade líquida, a lógica da vida é orientada pelo consumo e para o consumo, o papel político dos indivíduos na sociedade é o de ser consumidor.
Neste sentido é importante refletir sobre o uso das tecnologias de informação pelo governo e o impacto na política. Uma das questões que pode ser levantada é o uso de sites públicos que estabelecem uma relação muitas vezes de consumo com o cidadão, onde geralmente é oferecido serviços e notícias, tal como sites comerciais, e não há um espaço de participação e debate. Um exemplo é o site da prefeitura de Florianópolis.
Entretanto o uso das tecnologias da informação também pode se dar de forma positiva. Hardt e Negri (Império e Multidão) consideram que o biopoder também é potência de vida, biopotência da multidão. Assim as tecnologias de informação aparecem como um caminho para democracia. “A criação da multidão, sua inovação em redes e sua capacidade de tomada de decisão em comum tornam hoje a democracia possível pela primeira vez. A soberania política e o governo do uno, que sempre solaparam qualquer verdadeira noção de democracia, tendem a parecer não só desnecessários como absolutamente impossíveis”(Multidão)