A tecnologia e suas consequências para o empregado


Porwilliammoura- Postado em 26 setembro 2012

Autores: 
MATOS, Margareth Carvalho de Andrade

 

RESUMO: Este artigo tem como base analisar o impacto da modernização das empresas e as suas consequências. A modernização das máquinas afeta diretamente a força do trabalho gerando altos índices de desemprego levando as empresas a procurar mão-de-obra especializada e assim provocando uma procura pelos desempregados a cursos de especialização ou levando-os a miséria. A tecnologia será no futuro a maior causadora de desemprego.

PALAVRAS-CHAVE: modernização, empresa, trabalhador, tecnologia, desemprego.


 

1 INTRODUÇÃO

Vemos que a  modernização das empresas trouxe o desenvolvimento aos países, o aumento dos lucros, aumento da produção em larga escala, facilidade na criação de  novos produtos,  criação de novas fábricas, enfim, uma melhora muito grande em torno do desenvolvimento industrial. Mas apesar de surgir a cada dia novas tecnologias,  junto com tudo isso notamos o crescimento do desemprego, já que para operar uma máquina moderna é necessário ao menos o ensino fundamental ou até mesmo o médio, coisa que no passado não era necessário e era normal a migração de nordestino e de outras pessoas de diversas regiões do país, que por muitas vezes analfabetos, para as grandes cidades em busca de emprego

Mesmo hoje em dia o nível superior não significa garantia de emprego, de uma vida segura, tranquila, estável, porque existem pessoas de nível superior disputando uma vaga de emprego com pessoas que só tem o ensino médio.  A tecnologia é surpreendente e a cada dia fica mais difícil a vida sem tudo isso, mas o que será das pessoas que não dispõem de condições financeiras nem mesmo para concluir o ensino fundamental? Será que veremos a cada dia aumentar o número de pessoas vagando nas ruas sem moradia, sem emprego, sem comida, sem perspectiva de vida? O presente é de desempregados desqualificados e o futuro o que nos proporcionará? A tecnologia tende a cada dia tomar espaço,  espaço que era de um humano.

2 A MODERNIZAÇÃO DAS EMPRESAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A modernização das empresas, o desenvolvimento tecnológico e um país moderno, atual, dependem em grande parte, da formação de recursos humanos capacitados, como de investimentos consistentes, contínuos e de longo prazo. A modernização e recuperação  da atividade industrial não é acompanhada de criação de empregos na mesma velocidade e proporção. É cada vez mais divulgado nos meios de comunicação as filas intermináveis de desempregados que na maioria das vezes não têm qualificação para as vagas disponíveis.

Antes da revolução industrial o modo de vida era em sua maior parte feita através de serviços artesanais, mas com o surgimento das máquinas começou uma substituição do homem por estes novos mecanismos de produção. A Revolução Industrial fez ocorrer o aumento da produtividade e esse aumento da produtividade aliado ao excesso de mão-de-obra, gera, inevitavelmente, desemprego, mas essa situação só não foi mais grave porque ao lado da Revolução Industrial ocorreu a Revolução Agrícola. Mesmo com a expansão agrícola, o excesso de mão-de-obra nas cidades onde se concentravam as indústrias fez baixar escandalosamente os salários dos trabalhadores, apesar de os trabalhadores especializados terem melhorados seu padrão de vida, a grande maioria ganhava apenas o suficiente para sobreviver. E a partir de então tudo veio a mudar, épocas em que o país desenvolvia em um ritmo desenfreado, épocas de crise, de altas inflações, até chegarmos aos dias de hoje.

Apesar de o avanço tecnológico ter trazido um desenvolvimento ao país, junto veio o desemprego de milhares de seres humanos que não têm qualificação para manusear as máquinas, computadores e todo aparato moderno que estão sendo introduzidos diariamente nas empresas de grande e pequeno porte. O desemprego gera um grande sofrimento físico e moral às pessoas, ver-se sem condições de manter sua família, de alimentar seus filhos, de ter um teto para morar,  sentir sua dignidade sendo esmagada,  a exclusão social, a humanidade torna-se cada vez mais competitiva e fria. A modernização afeta a pessoa não só como trabalhador, mas também como ser humano, já que as emoções e os sentimentos estão seriamente comprometidos.

Não é o desemprego em si que é nefasto, mas o sofrimento que ele gera e que para muitos provém de sua inadequação àquilo que o define, àquilo que o termo “desemprego” projeta (...) A descida é vertiginosa. Os tormentos do trabalho perdido são vividos em todos os níveis da escala social. Em cada nível, ele são sentidos como uma prova opressiva que parece profanar a identidade de quem a sofre. Imediatamente vem o desequilíbrio e – injustamente – a humilhação; logo depois, o perigo. Viviane Forrester  p 47

É com grande preocupação que vemos pessoas sendo substituídas friamente por máquinas, mesmo sabendo que nos dias de hoje existe a necessidade de se criar cada vez mais tecnologias para acelerar a produção, melhorar a qualidade dos produtos, reduzir custos e facilitar a vida das pessoas. Mas para que o número de desempregados não cresça e para diminuir o número de pessoas na miséria, seria necessário um investimento maior de nossas autoridades políticas na educação, no ensino profissionalizante, é notório que sobram vagas no mercado de trabalho, mas isso apenas acontece em áreas onde se exige mão-de-obra qualificada, ou seja, a falta de especialização das pessoas, isso é que torna-se hoje em dia a principal causa do desemprego já que as empresas necessitam de profissionais capacitados com cursos técnicos profissionalizantes.

À medida que as empresas se modernizam e aumenta a complexidade da tecnologia utilizada, é requisitada maior aptidão técnica e pessoal, ou seja, a cada dia pessoas são consideradas desqualificadas para os cargos abertos nas empresas, a tecnologia nos traz conforto junto com insegurança. Essa tecnologia que vem sendo desenvolvida desde a Revolução de 1750 na Inglaterra trouxe e continua a trazer problemas e é uma das principais causas do desemprego mundial, já que uma máquina substitui o trabalho de dez, vinte ou mais trabalhadores, esses funcionários perdem  emprego e portanto ficam sem oportunidade pois todos os setores estão se modernizando. Junto com essa modernização estão desaparecendo profissões e atividades profissionais, não só o governo como também a sociedade tem que contribuir para juntos encontrar uma solução.

Ao mesmo tempo em que a tecnologia é tida como um dos grandes fatores de transformação, essa mesma tecnologia não existe para todos, o que significa que em um mesmo ambiente (espaço físico e social) podem existir competições desiguais entre empresas, gerando exclusões sociais, desequilíbrios regionais, perda da gestão local e sustentável e redução do poder do Estado, resultando em uma nova dinâmica para a geração e sustentação do emprego, com exclusões de trabalhadores da própria possibilidade de vir a ter um emprego, porque se acham destituídos do potencial e da própria importância econômica. Lourival José de Oliveira, Capítulo 6

A tecnologia não trouxe apenas o aumento de pessoas desempregadas, veio consigo o mercado informal que é cada vez maior, a dificuldade de estar inserido ao mercado de trabalho obriga a escolha de qualquer ocupação ou atividade fora do mercado de trabalho regular para assim poder se manter e manter sua família com um pouco de dignidade. Voltar ao  mercado de trabalho torna-se cada dia mais difícil devido ao surgimento de sub-setores, onde se contrata sem respeitar os direitos trabalhistas, com salários muito baixos e uma cargorária excessiva de trabalho.

Mas o desenvolvimento não trouxe apenas o desemprego, trouxe também conforto e um mercado de trabalho diferenciado fazendo com que as pessoas busquem por melhoras na sua educação levando-os aos cursos profissionalizantes ao ensino superior, de volta às salas de aulas, a uma visão holística. Incentivou aos trabalhadores participam mais da gestão do processo de produção, exigindo-lhes mais aptidão para trabalhar em equipe, para exercer lideranças e para se adaptarem as mudanças que são diárias.

Está consagrado na Constituição Federal o principio da isonomia (art. 5º , caput), a isonomia deve ser efetiva com a igualdade da lei e o da igualdade perante a lei, também está disperso em outros dispositivos constitucionais. Com o passar dos anos a sociedade sente falta de um tratamento mais igualitário, onde os valores de liberdade até então pugnados perdem espaço para cada vez mais crescente tendência de busca da igualdade como instrumentos de justiça social, a partir daí a conscientização da tutela dos interesses sociais fazem parte do cotidiano empresarial. A hermenêutica como ciência filosófica voltada para o meio de interpretação de um objeto e no direito é uma técnica especifica para a interpretação das legislações de todas a áreas inclusive na área empresarial. O contrato é um ato jurídico em que duas ou mais pessoas se obrigam, ou convencionam, por consentimento recíproco, a dar, fazer, ou não fazer alguma coisa, verifica-se assim, a constituição, modificação, ou extinção das obrigações, verificando-se a preponderância da autonomia da vontade no direito obrigacional, como ponto principal de um negócio jurídico.

A linguagem é a base das relações sociais, em razão disso, o direito sofre influência de como está organizada a sociedade, o seu ordenamento jurídico, na contemporaneidade ver-se o aumento significativo de tecnologias, em contrapartida as promessas de acesso rápido aos bens e benefícios disponíveis na contemporaneidade, individuais ou coletivas. O contrato é um fenômeno econômico, sendo assim sua função natural do contrato é econômica, apresentando-se não como objetivo do contrato, mas como limite da liberdade do contratante em incentivar a circulação de riqueza, a intervenção judicial no domínio do contrato garante o respeito a função social na busca de uma solução tipificada em lei e através destes institutos é que será permitida a invalidação ou revisão do contrato.  Na atualidade vive a cultura do individualismo e consequentemente, passa a haver uma mudança de entendimento do que venha a ser condição humana e de direitos.

3 CONCLUSÃO

É de grande importância a visão e a análise do Estado, do empresário e do trabalhador para ampliar o conhecimento e assim melhorar a tomada de decisões, é bastante complexo e problemático o futuro das relações de trabalho sob o aspecto da modernização e globalização dos mercados. As políticas públicas terão grande importância para os trabalhadores desempregados ou subempregados, pois o emprego será um dos maiores problemas sociais do futuro. As profundas mudanças provocadas pelos paradigmas de emprego fixo, das relações de trabalho e da proteção social, foram provocadas pelas novas tecnologias e pelos novos métodos de produzir e vender.

Onde não há condições para o trabalhador estudar e se aprimorar, como no Brasil, toda essa transformação mesmo afetando o trabalhador, poderá ser vista não só como um problema, mas também como vantagem obrigando-o a sair em busca de formação e especialização. Deverão assumir posições interativas para uma saudável construção da relação de trabalho o governo, os trabalhadores e os empresários. A demanda por profissionais mais preparados é inevitável e a reciclagem do profissional será frequente em nossa sociedade.

REFERÊNCIAS

FORRESTER,  Viviane. O HORROR ECONÔMICO.  São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista. 1997.

THEODORO JUNIOR, Humberto. O Contrato e sua Função Social.  3.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

OLIVEIRA, Lourival José de. Direito Empresarial, Globalização e o Desafio das Novas Relações de Trabalho.  In: Direito Empresarial Contemporâneo. Ferreira, Jussara S.A. Borges Nasser, Ribeiro, Maria de Fátima, (orgs) Marília: UNIMAR, São Paulo: Arte & Ciência, 2007.