Tramando concepções e sentidos para redizer o direito à educação de jovens e adultos


PoreGov- Postado em 16 março 2011

Autores: 
PAIVA, Jane

Texto retirado da Internet, no endereço http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n33/a12v1133.pdf,e m 27/05/2009

A pesquisa empreendida pretendeu desvelar a
face atual da área de educação de jovens e adultos,
nos movimentos que experiências e práticas vêm realizando
e na relação com as proposições políticas que
as instâncias oficiais têm assumido. Para esse desvelamento,
analisei as concepções dessas experiências
e práticas, propondo um entendimento não de supressão
de outros entendimentos, mas uma incorporação
de perspectivas que pudessem permitir compreender
mais amplamente o fenômeno. Procurei ver essas experiências
e práticas na complexidade das relações
em que ocorrem, levando em conta que sempre estiveram
presentes sem serem consideradas, ou tenderam
a aparecer diante das transformações que afetam
as sociedades e as culturas na economia globalizada.
Riobaldo1 anima-me no esforço de sistematizar
as concepções da educação de jovens e adultos que
se explicitaram em seis projetos investigados com a
finalidade de representarem o atual momento em que
a educação de jovens e adultos se realiza na sociedade
brasileira, buscando seus sentidos, nexos, possibilidades,
relações, visando a expressar a complexidade
das concepções contemporâneas da área.
Com vista à constituição de meu objeto, lidei
com ? novos paradigmas [que] questionam um conjunto
de premissas e noções que orientaram até hoje
a atividade científica, dando lugar a reflexões filosóficas
sobre a ação social e sobre a subjetividade?,
no dizer de Schnitman (1996, p. 16), para quem a
base dessas perspectivas se assenta na ? exploração
que inclui em seu desenvolvimento a consideração
do próprio processo de conhecer, do sujeito cognitivo,
da rede social na qual este conhecimento está
distribuído?, ou de outras produções teóricas que, sem comportarem o arcabouço paradigmático, vêm
buscando contribuir para o repensar do que está posto.
Entre elas, as noções de pensamento complexo,
como proposto por Morin (2001) e de rede, como
metáfora para o processo de conhecimento, de que
Schnitman (1996), Najmanovich e Dabas (1995) e
Alves (1998) se valem.
Para isso, exigi-me o esforço de uma construção
metodológica coerente com esse novo paradigma, que
me permitisse ? e aos meus interlocutores ? trabalhar
em um tempo de criatividade, de restauração de elementos
singulares e da abertura de novas potencialidades.
Entendendo que a questão da educação de jovens
e adultos assume a perspectiva de inclusão em sociedades
democráticas, e que esta inclusão passa a se
dar pela conquista de direitos, tomei como matrizes
conceituais direito e democracia, admitindo que são
estes os conceitos fundantes da ampliação da compreensão
do que é a educação de jovens e adultos, na
contemporaneidade.
Meu objeto de pesquisa, assim, à procura de novos
? achados? entre as concepções de educação de
jovens e adultos, compôs um corpus em que os movimentos
da sociedade se revelaram pelas práticas dos
últimos anos, alterando os sentidos que lhes são atribuídos
originalmente, quando formulados e retratados
em documentos e em aparatos jurídicos. Contrapondo
formulações do cotidiano a textos legais,
experimentei compreender a educação de jovens e
adultos a partir de carecimento e necessidade social,
essencialmente produzidos na história, que vêm constituir
o que se reconhece como direito em resposta a
esses carecimento e necessidade, fundamentais ao
entendimento teórico, por ser o direito freqüentemente
negado e em poucos momentos respeitado, em relação
a todos os cidadãos.
O que apresento neste artigo, portanto, mais do
que um trabalho acabado, traduz um conjunto de reflexões
de quem percorre um caminho de estudo teórico
que ultrapassa os conhecimentos já disponíveis
para, crítica e criativamente, ampliá-los.

AnexoTamanho
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