O MUNDO DO TRABALHO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO


Poraires- Postado em 26 agosto 2015

Leia o texto abaixo e depois responta o questionário (somente para alunos da disciplina informática jurídica)

prof Aires J Rover 

O MUNDO DO TRABALHO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO
 
"Se um avião sofre um atraso na rota Tóquio Moscou, isto gera repercussões e distúrbios em todos os aeroportos do mundo. Se as ações da IBM sofrem algum tipo de inflexão na bolsa de Milão, este fato atingirá Wall Street imediatamente. Globalização é isso: o globo, agora, é uma aldeia" (DE MASI, Domenico).
Nosso objetivo a seguir é apresentar alguns conceitos relevantes para entender as novas relações de trabalho no século XXI, discutir sobre as novas habilidades para o trabalho, bem como levantar o exemplo do teletrabalho e outras perspectivas de surgimento e morte de profissões face ao fenômeno do veloz desenvolvimento das tecnologias.
 
QUAL SOCIEDADE?
 
Surgimento de uma nova sociedade: expressa das mais diferentes formas como sociedade em rede (CASTELLS), sociedade da pós-informação (NEGROPONTE), sociedade de inteligências coletivas (LEVY). 
Novas terminologias expressavam uma das maiores reviravoltas sócio-econômicas da história, sem falar nas conseqüências políticas e relativas à reorganização do Estado. Tudo isso porque há ganho de eficiência e uma mudança de processos que representa o surgimento de novas formas de fazer as coisas.
A nova economia está nas idéias, no conhecimento, na inteligência. Por isso, capital e trabalho ficam menos antagônicos pois o verdadeiro capital passa a ser o capital intelectual.
 
NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NO SÉCULO XXI
 
Discutir as mudanças que estão ocorrendo no mundo e a sua influência nas várias estruturas da sociedade e das organizações é cada vez mais um assunto pertinente. Estamos vivendo uma transição nas relações de trabalho em decorrência da evolução dos processos produtivos. E nisso as tecnologias tiveram papel fundamental buscando responder ao desafio de produzir sempre mais com menos trabalho.
Essa transição se materializa na busca de novas formas de inventar e difundir um novo tipo de organização capaz de elevar a qualidade de vida e de trabalho e ao mesmo tempo promover a felicidade das pessoas.
Ora, a história nos mostra (e o nosso dia-a-dia) que o trabalho foi sempre visto como um problema e a partir daí, criou-se, inovou-se e investiu-se em tecnologia para criar mecanismos que minimizassem esse problema.
Superamos a idéia do trabalho como um castigo? Como diz o professor DE MASI, ainda vivemos o velho paradigma a partir do qual somos criados e educados para o trabalho e esquecemos do tempo livre ou não sabemos como conquistá-lo.
Parece que ainda faltam alguns estágios para que o ser humano consiga alcançar essa meta. Isto porque hoje, o importante ainda é produzir, não importa o que. Já não basta sobreviver, temos de viver na abundância e o pior de tudo é que isso é obtido por meio de uma agressiva competitividade. Como superar essa essência do paradigma capitalista é a questão que se coloca.
Alguns fatores contribuíram para o advento dessa sociedade como o desenvolvimento organizacional, a comunicação de massa e a escolarização. Porém, dois pontos são fundamentais para explicar o alto grau de complexidade e dinamicidade da sociedade da informação:
 
1.Enorme aumento da população (éramos 6 bilhões de pessoas) e da sua expectativa de vida. Se por um lado o número de habitantes é um problema por significar um enorme contingente de pessoas que necessitam se alimentar, também significa o mesmo número de cérebros e um alto grau de demanda em produtos diversificados.
2.As novas tecnologias passam a substituir as atividades físicas ou o trabalho mecânico e, em seguida, a substituir as atividades mentais. O estágio mais avançado desta última substituição são as tecnologias inteligentes de computação, que passam a simular perfeitamente raciocínios que somente os seres humanos seriam capazes.
 
Um exemplo disso é que as mensagens via internet superam as convencionais cartas e o número de computadores também é maior que o de televisores.
Na sociedade do conhecimento a pior pobreza é o analfabetismo. É evidente que o principal objetivo hoje das nações deve ser superar qualquer tipo de pobreza, fruto de diversos paradoxos do modelo capitalista (ou não) hoje hegemônico. Algumas nações sabem produzir, mas não sabem distribuir a produção. Outros países não sabem produzir ou não produzem o suficiente, mas sabem distribuir.
Voltando a maior das mazelas, o analfabetismo. Devemos passar a considerar também uma nova realidade, não apenas o analfabetismo comumente conhecido, mas aquele decorrente da ignorância frente ao uso das novas tecnologias.
Você sabia que, na Inglaterra, ampliou-se formalmente o conceito de analfabeto, considerando também aquele que não sabe usar terminais de computação e outros dispositivos eletrônicos? E você, considera-se alfabetizado nesse novo sentido?
O fato essencial é que a nova sociedade é em si muito dinâmica, marcada por processos complexos e, por isso mesmo, sujeita a muitos riscos. Mas estes são a garantia de que no próximo século teremos novas oportunidades, desde que tenhamos disposição para acabar com qualquer tipo de pobreza, de bens ou de conhecimento, o maior de todos os riscos.
Por isso, educação é fundamental, é a única via de preparar os indivíduos para o trabalho, para a vida e como diria DE MASI, para olhar uma obra de arte, admirar o pôr-do-sol e outras atividades dissociadas do trabalho e não menos importantes.
 
EDUCAÇÃO E HABILIDADES PARA O TRABALHO
 
É sabido que, quando se atira uma pedra em um lago, obtém-se uma série de ondas concêntricas que se propagam , de forma contínua, por toda a superfície aquática. Esta analogia mostra de maneira mais holística o funcionamento do velho princípio da ação reação que também atinge a vida da sociedade e seus agentes e processos.
É por isso que a nova sociedade, e sua busca de eficiência e mudança de processos, trouxe alto ganho de produtividade e com ele o aumento do desemprego. Aparentemente, não haveria nova indústria para substituir os empregos perdidos. Deve surgir e está surgindo um novo perfil de atividades que podem absorver a função dos velhos processos.
O fato é que os postos de trabalho nos dias atuais estão escassos. O crescimento econômico tem sido anêmico e, sem crescimento, não há trabalho. Por outro lado, as necessidades humanas são infinitas (não esqueça o enorme aumento da população) e, por isso, a demanda sempre existirá.
O que parece cada vez mais óbvio é o descompasso entre a oferta de novos empregos e a capacidade das pessoas para eles. As oportunidades estão aí. Mesmo assim, muitas vagas estão vazias pelo mundo afora. Isso mostra que, mesmo havendo postos de trabalho, a sociedade necessita de pessoas preparadas para preenchê-los. Resta, portanto, implementar-se uma educação arrojada, ininterrupta e abrangente. É preciso uma qualificação para a era da informação.
Quem vai conseguir trabalhar daqui para frente? O que vai acontecer nos próximos anos com as empresas? 
Essas novas formas de trabalhar exigem novas habilidades e, sobretudo, novas atitudes. Todos devem estar aptos para apreender novos conhecimentos, capacidade esta fundamental para encontrar um mínimo de segurança em um mundo que será, por natureza, bastante inseguro.
Isso vale tanto para os indivíduos que participam do processo produtivo, ou deveriam participar, como para as empresas ou órgãos que produzem empregos (os órgãos do Estado aqui também se incluem). Estas, para serem competitivas e não apenas produtivas, precisam estar atentas à qualificação de seus recursos humanos.
Para tanto devem patrocinar as seguintes habilidades:
Capacidade de gerenciamento do saber fazer (usar a tecnologia)
Capacidade de gerenciamento de pessoal
Capacidade de gerenciamento de dinheiro
Capacidade de gerenciamento de informação
 
Estas habilidades permitem às empresas e às pessoas a consciência de seu ser e estar no trabalho, permitindo uma maior iniciativa, responsabilidade, comunicabilidade. Isto tudo redunda em flexibilidade para trabalhar em equipe, fundamental no mundo atual de aumento constante da complexidade dos processos.
Em relação especial às pessoas, este mundo complexo e inseguro também está sendo marcado por uma profunda revolução no campo da empregabilidade. Ser empregável, hoje em dia, depende de uma série de requisitos que não eram exigidos no passado.
Nos dias atuais os empresários estão à busca de uma pessoa que tenham:
Lógica de raciocínio
Bom senso
Capacidade de apreender novos conhecimentos
Condições para ler e entender um manual de instruções em inglês
Habilidade para trabalhar em grupo
Bom entendimento do que lhe é comunicado
Capacidade de se comunicar
Saibam o ofício para o qual se está contratando
 
Há alguns anos as exigências eram menores.
Para as pessoas era um tempo em que bastava ser adestrado. Hoje em dia, é preciso ser educado. Contudo, não existe um profissional pronto e acabado. Por isso, as empresas estão de olho nos profissionais que têm capacidade de apreender de forma contínua.
Ter uma boa educação geral é fundamental para absorver novos conhecimentos e acompanhar a velocidade meteórica da mudança das novas tecnologias e modos de trabalhar.
A educação não cria emprego, é claro. Mas ela é essencial para manter as pessoas empregadas e para se conquistar novos empregos. Hoje, porém, já não basta ter o diploma. O importante é saber e ter competência para resolver problemas. O essencial é ser capaz e possuir conhecimentos raros. Quem possui tudo isso tem também uma alta empregabilidade.
E como chegar lá? Basta ler o que o professor recomenda? Não. É preciso ir muito além. É preciso se informar constantemente. É preciso ter dentro de si o vírus da curiosidade.
 
Fica aqui a pergunta: isto é uma realidade no seu caso?
 
Esta pergunta leva à outra variável. Além das habilidades no trabalho, há que se levar em conta uma condição importante, que de certa forma sustenta as demais: o projeto pessoal e vital, que exprime crenças e preferências de cada um para realizar-se plenamente como pessoa.
Como você deve ter notado, voltamos ao ponto de que nem tudo é trabalho. Ele faz parte da vida ou será que a idéia de trabalho isolado, compartimentalizado entre horas predefinidas torna-se uma idéia superada, envelhecida?
Em termos práticos e imediatos, deve haver compatibilidade entre o projeto pessoal e os projetos das empresas.
É evidente que, para que tudo isso ocorra, a empresa, a administração precisa também mudar práticas superadas, para dar às pessoas condições de trabalho produtivo e de futuro esperançoso na empresa. O uso inteligente da tecnologia permitiria tornar compatíveis estes dois interesses aparentemente antagônicos (capital x trabalho), e dentre várias hipóteses possíveis está o teletrabalho mediado pelas redes de telecomunicação.
Uma das características mais marcantes dos mercados de trabalho do mundo atual é a substituição gradual do emprego fixo, de longa duração e em tempo integral, por outras formas de trabalhar. Dentre elas, citam-se o trabalho em tempo parcial, a subcontratação, a terceirização, o trabalho por projeto (que tem começo, meio e fim) e o realizado à distância como, por exemplo, o teletrabalho.
 
TELETRABALHO
 
O teletrabalho é uma forma versátil e flexível de produzir na nova ordem econômica, a qual o teletrabalhador tem parte de sua produção técnica realizada à distância, remotamente, sem depender de instalações e recursos diretos daquele que o contrata. É todo trabalho realizado fora do escritório, sede da empresa, usando-se geralmente a estrutura doméstica.
O teletrabalho vem se afirmando nos dias atuais, conforme dados da American Telecommuting Association, sediada nos EUA.
O aumento de implementação dessa modalidade de trabalho deve-se principalmente ao insuportável declínio de infra-estrutura das cidades e do atual nível de difusão da tecnologia. Em relação a este último item cabe ressaltar o incremento do uso comercial da Internet que tornou possível a oferta distante de produtos e de serviços. Entre estes estão cursos e consultorias, a pontos remotos, com custos toleráveis e maior grau de receptividade por seus clientes. Outros exemplos são os bancos, o comércio, a própria indústria, empresas de consultoria e de pesquisas em geral, editoras.
Não esqueçamos este curso. Você tem consciência de que uma revolução está ocorrendo na área da educação e você está fazendo parte dela?
A idéia do teletrabalho é simples, porém requer preparo de ambas as partes, envolvendo diversos aspectos delicados de relacionamento entre patrão e empregado, ou entre cliente e fornecedor de serviços. Veja alguns tópicos:
 
1. Como gerenciar parte dos trabalhadores que exercem suas funções em casa (enquanto a outra parte persiste no ambiente da empresa)?
2. Como dar o reconhecimento devido àquele que não aparece para trabalhar, que não chega em um horário determinado e não mantém uma mesa arrumada?
3. Como se prevenir de problemas legais advindos dessa opção, em situações nas quais o ordenamento jurídico não foi adaptado ou mesmo, é autoritariamente fechado?
4. Da parte do trabalhador, por outro lado, como garantir uma identidade com o quadro de funcionários da empresa?
5. Como garantir um produto final de qualidade em face de um ambiente altamente desburocratizado e aberto?
 
O teletrabalho modifica os valores inseridos na relação de emprego. Em vez de uma jornada de trabalho definida e facilmente controlada, a produtividade, de difícil medição, passa a ser o parâmetro central. A mediação pela tecnologia é fundamental para que novas formas de verificação, de intercâmbio e de relacionamento passem a existir.
A conseqüência disso seria uma empresa mais ágil, menos hierarquia e com mais flexibilidade. Os trabalhadores, se assim podemos chamá-los, teriam uma liberdade antes impraticável e a possibilidade de se superar. Evidentemente, o grau de confiança entre as partes aumenta, da mesma forma que aumenta a complexidade do gerenciamento, por parte do empregador, e diminui a diferença entre espaço privado e espaço laboral, por parte do empregado.
Estariam as empresas e os empregados preparados para a reinvenção do trabalho? E o direito que rege a todas essas relações, em que medida precisa de uma radical transformação?
 
QUAIS PROFISSÕES?
 
Falando em reinvenção do trabalho, calcula-se que mais de 90% das ocupações executivas hoje conhecidas desaparecerão ou serão totalmente modificadas nos próximos 15 anos. Para apoiar a afirmação podemos citar vários comportamentos e ferramentas adotados nos últimos anos pelas empresas, como a terceirização, a pressão do tempo (velocidade) e da natureza destruidora da competição, além da Internet e as facilidades proporcionadas pela informática.
Novamente a questão tecnológica é relevante. 
Nessa direção da discussão, Julie RAWE faz um prognóstico dos empregos mais promissores do futuro e dos empregos que deverão desaparecer. Evidentemente, a análise é uma previsão bem-humorada, mas tem base em evidências que já se manifestam atualmente.
 
ALGUMAS PROFISSÕES MAIS "QUENTES" DO FUTURO
Engenheiro de tecidos - Com a pele sintética já no mercado e a cartilagem artificial em desenvolvimento, logo mais os cientistas serão capazes de produzir órgãos humanos. Os pesquisadores estão concentrados em criar tecidos para intestinos, fígados, corações e rins a partir de clones.
Programador de genes - O mapeamento digital do genoma permitirá aos médicos criar receitas personalizadas, e até alterar genes individuais apenas modificando linhas de código no computador. Depois de pesquisar eventuais falhas de DNA, o médico utilizará terapia de genes e moléculas "inteligentes" para prevenir uma variedade de doenças.
Ciber-fazendeiro - Os agricultores e fazendeiros do futuro vão plantar produtos e criar animais que tenham sido geneticamente desenvolvidos para produzir proteínas terapêuticas. É o caso de tomates com vacinas e leite medicinal obtido diretamente de vacas, ovelhas e cabras.
Garimpeiro de dados - Quando o volume dos bancos de dados ficar tão grande que não exista mais como gerenciá-los, especialistas extrairão informações que apontem para padrões de comportamento que poderão ser utilizados estrategicamente.
Especialista de manutenção online -Imagine você diante das dificuldades em fazer funcionar a sua TV holográfica em três dimensões que estará disponível em breve. Diagnósticos e manutenção remotos deverão ser oferecidos para suprir esses pequenos desconhecimentos.
Ator de realidade virtual - Os programas de televisão serão feitos a partir da interação dos telespectadores, e os atores de cibernovelas desempenharão papéis de acordo com a vontade dos mesmos.
Publicitários para segmentos - A publicidade fará anúncios dirigidos para grupos específicos, capturando a atenção do telespectador com o uso de aromas e sabores, remetendo a mensagem diretamente para o cérebro do cliente.
Engenheiros do conhecimento - Pesquisadores de inteligência artificial transformarão as especialidades e talentos de uma pessoa em programas.
 
PROFISSÕES QUE DEVEM DESAPARECER
Corretor, vendedor de automóveis, despachante, carteiro, agente de seguros - A Internet vai erradicar intermediários aos milhões.
Impressores - Quando as revistas e jornais se tornarem digitais, não haverá mais espaço para quem trabalha com impressão em papel. Possivelmente os jornais terão apenas uma página flexível que funcionará como tela de computador, atualizada em intervalos regulares.
Estenógrafo - Os profissionais remanescentes da estenografia funcionam em tribunais, e ainda em muitos escritórios. Softwares sofisticados de reconhecimento de voz devem tomar o lugar deles em breve.
Ortodontista - Chega de metal na boca, graças aos programas de simulação em três dimensões que desenharão artefatos plásticos descartáveis para alinhar os dentes dos clientes.
Motorista de caminhão - Haverá trilhos inteligentes nos quais veículos especialmente desenhados viajarão a altas velocidades. Tudo programado por computador.
Faxineiro - As casas passarão a ser limpas por robôs.
Pai - Entre a fertilização in vitro e clonagem, os pais se tornarão dinossauros. Mães também, com a invenção do útero artificial. Alguém pensou em 1984 ou Admirável mundo novo?
Professor - O aprendizado a distância está cada dia mais popular, barato, eficiente e aceito.
Será mesmo, até os professores?
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
DE MASI, Domenico. O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra. 1999, vol. I.
NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: ed. 34, 1999.