Sob o ponto de vista biológico a noção de herança genética é relativamente clara e consensual.
O termo herança é utilizado em outros contextos, como no direito que disciplina a transmissão do patrimônio, estabelecendo direitos e responsabilidades dos herdeiros.
A informática adotou o termo na metodologia de desenvolvimento de sistemas orientada a objetos, onde uma subclasse herda atributos e métodos da superclasse, com objetivo de reaproveitamento de códigos.
Os profissionais da informação ao construir uma taxonomia, um tesauro ou uma ontologia, ao estabelecer uma relação do tipo (é-um), o termo filho herda o conceito do termo pai. Assim, uma mesa de reunião e uma mesa da sala de jantar, têm algumas características herdadas do termo-pai “mesa”, como ter uma superfície que serve de apoio e uma estrutura que serve de base.
A sociedade atual vive com uma “bagagem genética” herdada do passado – a conhecida herança cultural. Stephen Kanitz em sua coluna argumenta a herança cultural que ainda temos da inquisição são passíveis de serem percebidas nas atitudes cotidiana das pessoas. Kanitz levanta então a hipótese que, o espaço de mais de um século do fim da inquisição não foi suficiente para apagar todas as marcas - uma parte do nosso comportamento foi moldada pelos quase 300 anos de inquisição (*).
A inquietude que surge nessa reflexão acerca da herança é justamente o fato dela ser imutável.
Não temos como mudar o passado, resta-nos a reflexão e construção da herança que queremos deixar para os nossos sucessores.
(*) - Revista Veja, edição 1890, ano 38, nº 5, 2 de fevereiro de 2005, página 23. Disponível em http://www.kanitz.com.br/veja/inquisicao.asp [2]