Em “La democracia electrónica”, Jordi Sànchez i Picanyol fala sobre a falta de adequação da ação política com relação às mudanças sociais. Nesse sentido a progressiva utilização das novas tecnologias, com destaque para a internet, pode contribuir, mesmo que parcialmente, para gerar reformas profundas na vida política. (p. 113). O autor também destaca que nos últimos anos o espaço do mundo local vem ganhando força por meio da ação política de suas instituições, neste ponto a participação cidadã torna-se uma contribuição imprescindível (p. 21). Uma das reflexões sobre a utilização da rede nesse contexto de mudança social é a previsão, segundo o autor, de que a internet terá um melhor ajuste nos espaços de ação política não formalizados institucionalmente, exemplo disso são os movimentos sociais que defendem uma “outra” globalização (p. 30).
Interessante a partir dessa perspectiva é o desenvolvimento do conceito de Estado como novíssimo movimento social, noção trabalhada por Boaventura de Sousa Santos em “A gramática do tempo [1]”. Diante da crise do Estado moderno, uma das concepções que surge é aquela que propõe uma articulação privilegiada entre o princípio do Estado e da comunidade. Para Santos sob a mesma designação de Estado, emerge uma “nova forma de organização política mais vasta que o Estado, de que o Estado é o articulador e que integra um conjunto híbrido de fluxos, redes e organizações em que combinam e interpenetram elementos estatais e não estatais, nacionais, locais e globais.”(p. 364).
Nesse caso é evidente o papel da democracia eletrônica, representa uma possibilidade de aumento do poder e da participação da sociedade na política, colaborando para o que Santos chama, de uma “reinvenção solidária e participativa do Estado”. Mais informações: A reinvenção solidária e participativa do Estado. [2]