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A Universidade Aberta de Brasília


Carlos Alberto Torres, Professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília, ex-deputado distrital (PPS/DF), autor de lei instituindo a Universidade Aberta de Brasilia
 

Não haverá meio de democratizarmos realmente o Brasil nem tampouco de colocá-lo em destaque no conserto das nações desenvolvidas sem investirmos na democratização da educação. Uma educação de qualidade e para todos é condição necessária para o desenvolvimento e para a conquista da justiça social.

Foi pensando nisso que em 1992 apresentamos um projeto de lei criando a Universidade Aberta de Brasília, como meio de proporcionar acesso ao ensino para milhares de jovens e adultos que não conseguiram estudar por motivos variados, notadamente porque a escola tradicional os excluiu.

Debati este projeto com dezenas de qualificados professores e estudiosos e com vários segmentos da sociedade. O projeto foi aprovado e sancionado pelo Governador, tomando a Lei o número 403/92.

Em que pese a autorização legislativa e, agora, a existência de orçamento, ainda falta vontade política do atual governo para implantar a Universidade Aberta de Brasília. A Universidade de Brasília já se prontificou a ser parceira do Governo do Distrito Federal nessa iniciativa, em meu entender, uma parceria indispensável, não somente do ponto de vista de custos, já que a UnB poderá colocar parte de seus docentes e técnicos, todos da mais elevada qualificação e grande experiência, à disposição deste projeto, que certamente beneficiará um número expressivo de jovens e adultos do Distrito Federal e de toda a região vizinha.

Depois de sancionada a Lei o Governador nomeou uma comissão e realizou, por intermédio da Secretaria de Educação, um seminário que contou com a presença de estudiosos ilustres da Venezuela, Espanha, Cuba e também do Brasil. A conclusão é uma só: é viável e necessário criar-se rapidamente as condições de funcionamento da Universidade Aberta de Brasília.

Seu projeto pedagógico e forma de funcionamento, não cabem ao legislativo decidir, mas o projeto é um direcionador claro, principalmente no sentido de optar-se por meios que democratizem o conhecimento, ampliem o acesso do aluno aos cursos e dê oportunidades novas à juventude.

Por isso, creio fundamental esclarecer-se alguns pontos que considero importantes:

Mas o que é a chamada Universidade Aberta?

Atualmente, o sistema universitário, totalmente baseado em estruturas rígidas e articuladas em torno do campus e do ensino que exige a presença do aluno, não consegue expandir-se e muito menos abranger a grande massa de alunos egressa do curso secundário. Este sistema de ensino tradicional não e mais o único modelo para agregar e fazer avançar o conhecimento humano. Com certeza, o desenvolvimento de redes de telecomunicações, e sua interação com a informática, criou uma nova base tecnológica que permite a adoção de outras modalidades mais ágeis de ensino, com capacidade para atender milhões de pessoas e uma relação custo/benefício bem mais favorável.

Como funciona?

No Distrito Federal planeja-se que a Universidade Aberta conte com um corpo de técnicos, professores e pedagogos reduzido, capacitado para acompanhar e aferir os resultados dos mais diversos cursos, por intermédio de sistema tecnológicos como a televisão, vídeo, informática e recursos de multimídia. A Universidade Aberta pode funcionar perfeitamente em espaços relativamente pequenos, não exigindo, portanto, o gasto de grande parte de suas receitas em instalações físicas, como é normal nas universidades tradicionais. A Universidade Aberta nasce comprometida com o ensino, a cultura, a ciência e a tecnologia e não com gastos supérfluos.

Universidade Aberta não é cursinho por correspondência

Não se deve confundir a Universidade Aberta com os milhares de cursinhos por correspondência existentes no país, que se transformaram em verdadeiras armadilhas para aqueles que procuram novas formas de conhecimento. A Universidade Aberta tem a máxima preocupação em ofertar educação de elevado padrão e de excelência acadêmica, podendo atingir três campos distintos de demanda: o de ampliação do conhecimento cultural, com a organização de cursos específicos de acesso a todos, indistintamente do nível de escolaridade; o da educação continuada, que proporcionará a reciclagem profissional às diversas categorias de trabalhadores e àqueles que já passaram pela universidade; e o ensino superior, englobando tanto a graduação como a pós-graduação.

Acessível a todos

A Universidade Aberta funciona por meio de convênios com empresas, instituições, prefeituras e no uso de tecnologia de ponta. E, ainda, permite o acesso de qualquer pessoa individualmente. Com sua estrutura ágil, ela possibilita o atendimento mais rapidamente de profissões emergentes, exigidas pela vertiginosa revolução técnico-científica do mundo atual. Já admite-se em vários países do mundo que as universidades tradicionais, em que pese também sua importância, não conseguem ter a mesma agilidade da modalidade de ensino a distância.

Sem dúvida, a Universidade Aberta é a alternativa da virada do século, que atenderá milhares de jovens e adultos, homens e mulheres que trabalham, que hoje não podem freqüentar ou simplesmente voltar, pelas mais variadas razões e impedimentos, a uma sala de aula o ensino superior. E hoje uma realidade, e nela devemos apostar.

Recentemente foi criado o Fórum de Educação a Distância do Distrito Federal, para cujo lançamento tive a honra de ser convidado e a satisfação de ouvir o reitor da Universidade de Brasília afirmar que a educação a distância é agora uma prioridade institucional da UnB. A conjunção de forças dos membros do Fórum e o apoio da UnB certamente darão impulso ao Governo do Distrito Federal para que inicie imediatamente este projeto de significância não somente local mas nacional.
 

Retirado de http://www.intelecto.net/ead/carlos1.html