Alexandre Golin Krammes
A tônica dos discursos sobre o governo eletrônico atualmente é baseada nos resultados dos projetos implantados. Claro que esta minha impressão pode estar errada. Mas percebo que o tema quase nunca é abordado com foco no tortuoso caminho que é implantar sistemas em órgãos públicos. O foco é quase sempre apenas o instrumento utilizado e o produto final.
Mudar tecnologias seculares é lidar com os hábitos das pessoas. Anos marcados pelo uso intensivo do papel, e da adoção de procedimentos que só fazem sentido nesse meio, não são fáceis de se superar. Acredito que a resistência é mesmo uma tendência natural do ser humano, mas não é este fator pscicológico o único envolvido. Confrontar diariamente as máquinas é complicado, pelo menos até que ela mostre os benefícios que pode proporcionar.
Antes de tudo, é preciso mapear processos de trabalho. Entender muito bem o que é feito e "quem faz o que" é requisito fundamental. Depois, oferecer uma estrutura de hardware adequada e um software ergonômico com as funcionalidades necessárias. Pois não adianta um bom programa em uma rede oscilante, tampouco uma janela do DOS em um poderoso mainframe.
E, por fim, uma boa comunicação. Esse último fator, necessário para os gestores de projetos, equipes de implantação e acompanhamento. Somente com comprometimento institucional e objetivos claros se alcança um governo eletrônico eficaz para cidadãos e membros de órgãos públicos.
Quebrar rotinas estabelecidas por décadas é fazer história nas instituições. E a história é feita de vitórias e derrotas. Que as experiências brasileiras relacionadas ao e-gov sejam mais marcadas pelas batalhas ganhas, frutos de seriedade e dedicação, do que pelo desperdício de investimentos, decorrente da falta de planejamento e estratégia.