A dinâmica ordenada do ocorrer dos processos que constituem nosso viver como sistemas autopoiéticos é espontânea e provém da dinâmica da arquitetura variável que constitui e realiza nosso ser como entes moleculares. Um organismo realiza seu viver no fluxo de suas interações e trocas entre os seus e no meio relacional onde desenvolve o seu viver. Ao falar de arquitetura orgânica e ecológica, referimo-nos ao encaixe recíproco ou coerência operacional do acoplamento estrutural dos processos moleculares que realizam as distintas entidades relacionais que constituem esses distintos domínios, tudo isto ocorre no entorno do cosmos que surge nas interações e formas cambiantes entre os indivíduos.
Nesse contexto pode-se dizer que o ser humano vive de coerências operacionais recursivas da conservação do viver como um suceder sem propósito nem intenções. O fato de que chamamos de natureza ou mundo natural não é outra coisa senão o que distinguimos emergindo na espontaneidade de nosso viver das coerências operacionais-relacionais da realização desse viver.
Ao falar de leis sistêmicas e meta-sistêmica ou leis de conservação e distinguir os processos do nosso viver, como processos sistêmicos e que não percebemos ou distinguimos situações entre ilusão e percepção. Propomos estas leis conscientes ao nosso viver e embasamo-nos em nosso cotidiano e dizemos que estas referidas leis se aplicam a todo o cosmos que surge com as operações de distinções que fazemos como seres humanos em nosso operar como observadores que explicam seu viver com o seu viver.
MATURANA, H. R.; YÁÑEZ, X. D. Leis Sistêmicas e Meta-sistêmicas. In: Habitar Humano: Em seis ensaios de Biologia-Cultural.Cap. III., p. 105 a 112