Condutas e domínios linguísticos


Porbetitah- Postado em 07 abril 2011

Maturana e Varela colocam que as condutas que ocorrem nos domínios de acoplamentos sociais são comunicativas e podem ser inatas ou adquiridas, que para nós como observadores o estabelecimento ontogênico de um domínio de condutas comunicativas pode ser descrito como o estabelecimento de um domínio de condutas coordenadas associadas a termos semânticos.
Eles apresentam exemplos de formas de interações de diferentes espécies que constituem fenômenos sociais, relativos ao que para nós seria uma estrutura de família e uma estrutura de grupo, para possibilitar o entendimento da dinâmica social humana como fenômeno biológico.
Muitas dessas interações resultam em fenômenos sociais originados do acoplamento estrutural entre indivíduos, que agregam em sua estrutura um caráter proveniente desse acoplamento, sem alterar suas próprias características e individualidade. Eles não são restritos a interação entre unidades, mas sim, de unidade a múltiplas unidades como observa-se no caso dos insetos sociais.
Maturana e Varela entendem como fenômenos sociais aqueles associados a um tipo particular de unidade de terceira ordem. O comum entre elas, uma vez que elas variam, é que as unidades resultantes dos acoplamentos de terceira ordem, mesmo transitórias geram uma fenomenologia particular onde os organismos participantes satisfazem suas ontogenias individuais, fundamentalmente, segundo seus acoplamentos mútuos na rede de interações recíprocas que formam ao constituir as unidades de terceira ordem. Portanto, toda vez que há um fenômeno social, há um acoplamento estrutural entre indivíduos.
Neste contexto, a ideia é que enquanto observadores, designe-se como comunicativas as condutas que ocorrem em um acoplamento social, e como comunicação a coordenação comportamental observada como resultado dela. Para isto, são trabalhadas no texto deste capítulo questões relativas ao domínio linguístico de um organismo de acordo com seu entorno que envolvem a linguagem e a linguística em si. A conduta cultural supostamente derivada de um processo de acoplamento e comunicação, não representa para Maturana e Varela, uma forma essencialmente distinta quanto ao mecanismo que a possibilita. É um fenômeno que existe como caso particular de conduta comunicativa. Basicamente neste capítulo são apresentados os conceitos de linguagem, não só falada, mas também com vários exemplos de outros tipos de linguagem como a de sinais e como outras espécies tais como gorilas ou chimpanzés utilizam este tipo de linguagem na sua comunicação. É discutido amplamente o mecanismo cerebral responsável pela linguagem e sua influencia no convívio humano.
Uma vez que a variedade de termos semânticos utilizada pelo homem é para ele muito maior do que a utilizada por outras espécies, é fundamental que o observador perceba que as descrições podem ser feitas tratando outras observações como se fossem objetos ou elementos do domínio de interações, ou seja, o próprio domínio linguístico passa a ser parte do meio de possíveis interações.Somente quando se produz esta reflexão linguística é que existe linguagem, surge o observador e os organismos participantes de um domínio linguístico passam a funcionar em um domínio semântico.